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Como IA vai mudar as certificações para assessor de investimentos? Anbima tem pistas

Marcelo Billi, líder de inovação da Anbima, compartilha iniciativas que a associação prevê para o futuro dos exames de habitação sob a vigência da IA

Giovanna Sutto

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A inteligência artificial pode ajudar a reduzir os custos das principais provas que os profissionais do mercado financeiro precisam fazer para atuar, além de auxiliar para que mais pessoas tenham acesso às certificações e até produzir conteúdo dos testes, afirma Marcelo Billi, líder de Sustentabilidade, Inovação e Educação da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), em entrevista exclusiva ao InfoMoney.

A Anbima vem ouvindo o mercado há cerca de quatro anos sobre algumas demandas e desafios que o setor enfrenta, sobretudo, na formação de assessores de investimentos: a falta de educação continuada na área, como aprimorar a ética e a transparência na profissão e como cobrar isso em uma certificação, além de incluir mais grupos minorizados da sociedade nesse segmento de atuação.

“Começamos a rever tudo o que fazemos pensando nesses desafios. Estamos pensando em novas arquiteturas de certificações e já iniciamos parte do processo com os novos formatos e o código de conduta para o mercado“, afirma Billi.

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Mas como a IA pode ajudar a resolver esses desafios? “Estamos em busca das seguintes respostas: como a IA pode nos ajudar a ampliar o acesso a mais públicos, gerar produtividade e, por consequência, reduzir custos? E como podemos utilizar a IA para testar os candidatos?”, afirma Billi.

A primeira solução que está mais adiantada nos testes da Anbima, apesar de ainda não ter data de estreia, é uso da inteligência artificial na produção de questões das certificações da Anbima, como o CPA, C-Pro R e C-Pro I (novas provas, que começam a valer em janeiro de 2026).

“Aplicamos cerca de 15 mil provas por mês. Precisamos renovar conteúdos, revisar perguntas, atualizar informações. É um esforço enorme que hoje ainda é artesanal. Temos um time de especialistas dedicado a garantir o que a gente chama de discricionaridade das questões. Ou seja, avaliar se aquela questão faz sentido ou não, porque todo mundo acerta ou erra, entre outros pontos. É um trabalho caro”, afirma Billi.

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A partir da implementação de uma solução capaz de produzir o conteúdo das provas, o custo de administrar esse time deve cair, movimento que será refletido também no custo das provas. “A gente não aumentou o preço das provas nos últimos 5 anos. E podemos democratizar o acesso aos exames, se conseguirmos deixá-los mais baratos. Acreditamos que essa solução vai reduzir custos e aumentar a produtividade”, explica.

Outra ferramenta que está sendo estruturada é a de fiscalização de provas. “Queremos automatizar um sistema para que ele seja o “fiscal da prova”. A meta é que ele mostre evidências de ‘cola’, comprovação de que o candidato que está no computador realmente esteja fazendo o teste, por exemplo. A IA pode nos ajudar a automatizar esse tipo de tarefa também”, diz Billi.

Para além dessas soluções, Billi aponta outro desafio que virou uma demanda de mercado: como avaliar a ética e a conduta, incluindo a transparência, do profissional do mercado financeiro na hora do exame? “Seria impossível entrevistar 15 mil pessoas todo mês”, diz. Por isso, a ideia é testar uma plataforma embarcada com IA que seja capaz de interagir com o profissional como se fosse um cliente. Ela pode avaliar se o candidato fez as perguntas certas durante a conversa para conhecer o perfil do cliente, por exemplo, como idade, objetivos, se ofereceu os produtos adequados, entre outros fatores que podem ajudar na formação do profissional. “Esse é um desafio que já vem há muito tempo, e a IA pode ser aliada para testarmos isso de forma estruturada e em escala”, avalia o executivo.

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Billi adianta que ainda não há data para lançamento das soluções, mas todas as novidades vão estar disponíveis nas plataformas de educação da Anbima para qualquer pessoa testar, estudar e eventualmente se preparar para as provas.

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Como se adaptar à nova Era?

Com tantas mudanças, cada vez mais os profissionais do mercado financeiro precisarão se integrar com a inteligência artificial porque é inevitável a participação dela no dia a dia, na análise de Billi.

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“É verdade que novas tecnologias podem causar euforia. Aconteceu com o metaverso, blockchain e agora com a inteligência artificial. Porém, a IA está se disseminando mais rapidamente e já traz casos de uso mais concretos. Vimos algo assim com a internet e nossa vida mudou. A IA já apresenta viabilidade em seus projetos. Nenhum profissional pode ignorar isso”, argumenta o executivo.

Por isso, na visão dele, qualquer profissional precisa ter a curiosidade de começar a compreender a IA e abraçá-la. “Por que alguém não iria querer abandonar a máquina de escrever para começar a usar o computador? Precisamos nos integrar à nova realidade”, avalia.

Apesar disso, Billi entende que a IA não vai trabalhar sozinha: precisará de orientações, curadoria e o ser humano como tomador de decisão. “Vejo a IA cada vez mais como uma facilitadora da jornada de investimentos, podendo ser utilizada para ampliar o atendimento na base de clientes, por exemplo, respondendo às principais dúvidas em canal. Mas será uma aliada do assessor de investimento na medida em que poderá ser uma espécie de educadora do cliente até ele chegar no assessor”, diz o líder da Anbima.

E por causa disso, o assessor também terá de se preparar para atender clientes cada vez mais engajados e cientes de suas necessidades. “A concorrência será na experiência. Quem tiver a capacidade de ouvir, interpretar e fazer o cliente se sentir acolhido e ofertar um produto que o atenda vai sair na frente”, destaca Billi.

É nesse contexto que as certificações precisam evoluir. “O que vai ser relevante para o mundo? Como faremos a certificação do futuro? E a IA facilita muita coisa, como vou medir performance? São algumas das perguntas que ainda estão no ar e sem respostas. Mas já começamos a embarcar a tecnologia e vamos evoluir ao longo do tempo”, finaliza.

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Giovanna Sutto

Jornalista com mais de 6 anos de experiência na cobertura de finanças pessoais, meios de pagamentos, economia e carreira. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.