“Marta pode esperar e sair como presidenciável do PSB em 2018”,opina especialista

Murilo Aragão destaca que senadora sinalizava insatisfação com o PT desde quando pediu para deixar comando do Ministério da Cultura em novembro

Marcello Ribeiro Silva

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SÃO PAULO – Após a polêmica entrevista de Marta Suplicy, do PT, à colunista Eliane Cantanhêde, do jornal O Estado de S. Paulo, os rumores de que a senadora está prestes a dar adeus à legenda da presidente Dilma Rousseff ganharam força nos últimos dias. A principal pergunta é: para qual partido a ex-ministra migraria?

O cientista político Murilo Aragão, sócio da consultoria Arko Advice, não descarta que Marta possa postergar sua saída do PT, mas acredita que todos os movimentos da senadora indicam que ela vá sair em breve. “Desde quando saiu do ministério da Cultura, ela fez um gesto mais agressivo, de irritação com o governo”.

Entre as possíveis opções da ex-prefeita de São Paulo, o especialista sinaliza que o ingresso de Marta no PSB parece o mais viável na atual conjuntura.

“O PSB talvez seja a opção mais satisfatória. No PDT, ela teria dificuldades. Ela não iria para o partido sem ter o controle da direção nacional da sigla”, explicou Aragão.

“Se Marta quiser se candidatar à prefeitura, o projeto dela é imediato. Mas ela não tem nada a perder. Pode esperar e sair como presidenciável do PSB em 2018”,completou, acrescentando que, para isso, a senadora teria que manter um protagonismo no cenário político para fortalecer seu prestígio diante do eleitorado.

Vale lembrar que Marina Silva deve deixar o PSB assim que conseguir estabelecer a criação da Rede Sustentabilidade e que o partido ficaria sem uma liderança nacional expressiva, posição que era ocupada por Eduardo Campos antes de sua morte e que poderia ser destinada à ex-ministra da Cultura.

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Diante da possibilidade de o PT reclamar o mandato de Marta no Senado, o cientista político acredita que a petista precisa estabelecer qual será a estratégia jurídica de sua saída da legenda.

“Acho que não é uma decisão fácil e não deve ocorrer de uma forma tranquila dentro do partido. Desde que foi implantada a lei da fidelidade partidária, sempre prevaleceu o acordo. Ela tem que decidir se vai deixar o PT fazendo um acordo, batendo a porta ou criando uma nova sigla”, ponderou Aragão.

Questionado sobre os motivos que fariam de uma possível saída de Marta do partido muito mais barulhenta do que a mesma decisão de outras políticas no passado, como Marina e Luciana Genro (PSOL), o especialista avalia que Marta é um dos grandes nomes eleitorais da legenda, tanto nas casas majoritárias, como no senado, quanto na Prefeitura. Para ele, Marina e Luciana ganharam muito mais espaço no cenário político após terem saído do PT.

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Além disso, Aragão acredita que a saída de Marta seria mais sentida em função da liderança expressiva e especifica da ex-prefeita. “O imenso desgaste do partido, a perda de narrativa que o partido tinha podem ter determinado a postura de Marta nos últimos dias. A saída dela repercutiria muito mais do que a de outros políticos anteriormente porque o governo está muito desgastado”, concluiu.

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