Ambev tem resultado fraco enquanto Heineken cresce mais 2 dígitos no Brasil

Analistas acreditam que Ambev possa perder 5 pontos percentuais em market share para a marca "gringa"; JP rebaixa empresa de neutra para ‘underweight’

Paula Zogbi

(shutterstock)
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SÃO PAULO – A Ambev (ABEV3) divulgou na manhã desta quinta-feira (25), antes da abertura do pregão, seu balanço de resultados referentes ao terceiro trimestre de 2018. Como esperado, o crescimento foi fraco, resultado de um clima pouco propenso ao consumo de cervejas no Brasil e um pouco ao fator sazonal: no 3T, há remarcação de preços dos produtos.

Conforme os dados do balanço, o lucro líquido ajustado foi de R$ 2,907 bilhões, queda de 10,2% sobre o mesmo período do ano passado. Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado ficou em R$ 4,4 bilhões, 13,8% abaixo do esperado. A média das estimativas apontava para R$ 5,162 bilhões.

A empresa fala em alguns motivos para a queda deste indicador. Entre eles, o aumento do preço do alumínio e maiores gastos com “vendas e marketing no período, bem como por maiores custos de distribuição relacionados à normalização de estoques em todo país” – vale lembrar que o trimestre anterior foi gravemente afetado pela greve dos caminhoneiros.

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Ainda dentro do balanço, a receita liquida consolidada caiu 2,6% ante o ano passado, para R$ 11,063 bilhões. Excluindo efeitos de câmbio, a receita cresceu 5,8% no critério orgânico. A receita líquida da Ambev foi 11,9% menor do que previam os analistas, de R$ 12,570 bilhões.

E a Heineken chegando

Ao mesmo tempo, a Heineken, que vem se esforçando para ocupar um espaço maior no mercado brasileiro, anunciou crescimento de 2 dígitos nacionalmente. O volume de cervejas vendidas pela companhia mundialmente teve crescimento orgânico de 4,6% ano a ano – para a marca Heineken em si, o aumento foi de 9,2%.

Há alguns meses o mercado vislumbra uma perda de market share da Ambev para a concorrente “gringa”. Leandro Fontanesi e Rafael Sommer, do Bradesco BBI, estimam que a perda de fatia deve ser de 5 pontos percentuais nos próximos 5 anos caso a Heineken consiga superar um gap de distribuição que tem frente à concorrente. Vale lembrar que o market share da Ambev e, cervejas ainda transita entre 60% e 70%.

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Nossa

Em setembro, a Ambev ameaçou contra-ataque ao abraçar um segmento onde até então não atuava. O lançamento da Nossa, cerveja com mandioca, trouxe ao mercado pernambucano um rótulo mais barato para a empresa – mercado onde a concorrência nada de braçada com as marcas Itaipava, Schin, Kaiser e Glacial (as três últimas parte do portfólio da Heineken).

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Por enquanto, a Nossa permanece uma estratégia local, usando disso inclusive como estratégia de marketing. Mas analistas acreditam que a Ambev pode buscar outras iniciativas no mesmo sentido no médio ou longo prazo.

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Para alguns analistas, também é necessário ponderar que o câmbio argentino impactou gravemente os resultados gerais, mas os volumes no Brasil também cresceram por volta de dois dígitos. “Nossa leitura é de que o portfólio mix (premium e value vs. premium e mainstream) está fazendo toda a diferença”, escreve o Credit Suisse. 

Ações na bolsa

No acumulado de 2018, a ABEV3 vê queda de 24,5%. No fechamento pré-divulgação de resultados, o papel chegou a R$ 15,98, o menor nível intradiário desde 23 de dezembro de 2016.

De acordo com tracking de mercado da Bloomberg, a ação da empresa tem 5 recomendações de compra, 11 de manutenção e 1 de venda entre analistas, com preço-alvo médio de R$ 21,11.

Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney