Eternit cai 9% após pedido de recuperação judicial; Petrobras e Vale sobem 1%, enquanto siderúrgicas avançam até 4%

Confira os destaques da B3 na sessão desta terça-feira (20)

Lara Rizério

Eternit (ETER3)

As ações da Eternit desabaram até 12% e fecharam em baixa de 9,09% após o pedido de recuperação judicial da companhia. Os papéis da empresa ficaram suspensos até às 11h08, até a companhia enviar os documentos relativos ao pedido de recuperação judicial.

A Eternit protocolou na noite de desta segunda-feira petição inicial de pedido de recuperação judicial no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). O Grupo Eternit, representado por advogados do escritório Galdino Coelho Mendes, informa que apresentará no prazo de 60 dias úteis plano de recuperação judicial único a partir da data da intimação da decisão que deferir o processo.

Veja mais em – Eternit: um triste fim de uma história que poderia ter final feliz

O valor total da dívida é de R$ 228,9 milhões, conforme o documento disponível no site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). “O Grupo Eternit está confiante de que a situação de crise ora enfrentada é passageira e não deve afetar de forma definitiva suas atividades.”

No item 43 da petição consta que as discussões sobre o uso do amianto e a decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal, além de questões de preço e demanda, abalaram de maneira direta o grupo.

No ano passado, as atividades da mineradora Sama e da fabricante de telhas de fibrocimento Precon Goiás, suas controladas, foram suspensas temporariamente após a decisão proferida em 29 de novembro pelo STF sobre uso do amianto.

A companhia também atua em louças sanitárias, com capacidade para 110 mil peças por mês, mas que no momento atinge 50 mil. Mais adiante, os advogados dizem que o descasamento de fluxo de caixa não poderá ser resolvido sem o auxílio da recuperação judicial, visto que “a escassez de crédito decorrente da atual crise econômica asfixia a empresa, inviabilizando uma solução de mercado”.

 

Petrobras (PETR4)

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Após a forte queda da véspera e seguindo a alta do petróleo nesta sessão, o dia foi de ganhos para a Petrobras, que segue os ganhos de mais de 1% do petróleo,  impulsionados pela avaliação de maior risco geopolítico à oferta global da commodity.  O petróleo é sustentado por crescentes tensões políticas entre a Arábia Saudita e o Irã, dois dos principais integrantes da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), e novos sinais de que o presidente dos EUA, Donald Trump, poderá agir para restaurar sanções econômicas contra Teerã.

No radar da estatal, a Petrobras decidiu hibernar fábricas de fertilizantes no Sergipe e na Bahia, decisão em linha com estratégia da estatal de sair integralmente das atividades de produção de fertilizantes, disse a estatal em comunicado ao mercado.

Em 2017, as duas unidades apresentaram resultados negativos de R$ 600 milhões e R$ 200 milhões, respectivamente, o que resultou em provisão para perda no montante de R$ 1,3 bilhão no quarto trimestre de 2017. O início da hibernação das unidades está previsto para ocorrer até o fim do 1º semestre de 2018.

Por fim, a Petrobras anunciou que, com o reajuste que entrará em vigor na quarta-feira, 21, o preço médio do litro da gasolina A sem tributos nas refinarias será de R$ 1,5960, queda de 0,54% sobre R$ 1,6048 vigente. O valor médio nacional do litro do diesel A terá redução de 0,62%, passando de R$ 1,7862 para R$ 1,7751.

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Vale (VALE3) e siderúrgicas

Após um começo de sessão negativo em meio à baixa do minério de ferro, as ações da Vale conseguiram se recuperar e fechar com ganhos. No radar da mineradora, a venda da Vale Cubatão Fertilizantes à Yara teve aval do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). O Cade concluiu pela ausência de preocupações concorrenciais decorrentes das integrações verticais verificadas na venda da Vale Cubatão Fertilizantes para a Yara e a operação foi aprovada sem restrições, segundo despacho publicado no Diário Oficial e website do conselho.

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As siderúrgicas, por sua vez, tiveram recuperação mais forte após seguidas sessões de queda, com Gerdau (GGBR4), Usiminas (USIM5) e CSN (CSNA3) subindo até 4%. Além dos dados positivos do setor, como os números do IABr (veja mais clicando aqui), as notícias sobre a reação do Brasil à a decisão dos EUA de sobretaxar em 25% as importações de aço e em 10% as de alumínio seguem no radar. 

O Brasil está reforçando sua articulação com as empresas privadas norte-americanas consumidoras de aço para que elas ingressem com pedidos de exclusão dos produtos brasileiros da sobretaxa de 25% imposta pelos Estados Unidos em suas importações. “A articulação junto aos privados é fundamental para o êxito”, disse ao jornal O Estado de S. Paulo o secretário de Comércio Exterior, Abrão Árabe Neto.

Pela regulamentação, somente pessoas e empresas americanas usuárias dos produtos poderão ingressar com pedidos de exclusão. Após apresentado o pedido, ele será tornado público e será possível contestar a necessidade de isentar aquele bem da sobretaxa em até 30 dias. O governo americano espera dar respostas em 90 dias. As exclusões serão decididas por produto e por empresa. Mas a administração pode, se achar necessário, fazer liberações mais amplas. A exceção vale pelo prazo de um ano.

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Qualicorp (QUAL3)

Após seguidas sessões de queda na esteira de um resultado considerado negativo, a Qualicorp registra a sua segunda sessão seguida de recuperação, acumulando ganhos superiores a 8% na semana, mas com queda de 17% no mês de março. Segundo o Bradesco BBI, a base de clientes da empresa apresentou erosão mas, em meio a forte queda dos papéis, a avaliação é de que o valuation está atrativo. 

 

Banco do Brasil (BBAS3)

O Banco do Brasil anunciou a recompra de até US$ 700 milhões em bônus perpétuos, segundo fontes do mercado ouvidas pela Reuters. O banco quer retirar do mercado até US$ 600 milhões dos bônus com cupom de 8,5% e US$ 100 milhões dos perpétuos com cupom de 9,250%. A recompra é coordenada pelo BB Securities, Citigroup, HSBC e JPMorgan.

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Metal Leve (LEVE3)

A Mahle Metal Leve teve queda na bolsa após o balanço do quarto trimestre. A companhia reverteu o prejuízo de R$ 142,7 milhões no quarto trimestre de 2016 e lucrou R$ 43,5 milhões no quarto trimestre de 2017. No mesmo período, a receita subiu 14,4%, indo de R$ 503,9 milhões para R$ 576,6 milhões. 

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 82,7 milhões no trimestre, revertendo o número negativo de R$ 164,5 milhões no mesmo período do ano anterior. Vale ressaltar que, no ano anterior, o Ebitda foi impactado por um impairment de R$ 188,6 milhões do negócio de anéis de pistões. Sem isso, o dado dos últimos três meses de 2016 seria de R$ 24,1 milhões.

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Após o balanço, a Metal Leve teve a recomendação reduzida para ‘market perform’ pelo Itaú BBA.  Segundo os analistas, a falta de upside potencial e resultados menores do que estimativas levaram banco a recomendar geração de receitas a
curto prazo, escreveram os analistas. 

Biotoscana (GBIO33)

A ação da Biotoscana subiu forte nesta sessão. O lucro líquido ajustado da companhia foi de R$ 36,9 milhões no quarto trimestre de 2017, uma alta de 7% na comparação com o mesmo período de 2016. Já a receita líquida subiu 17,8% , totalizando R$ 244,4 milhões. 

O Ebitda ajustado cresceu 5,5% no mesmo período, a R$ 73,2 milhões, com crescimento de 19,2% excluindo da base a recuperação do seguro desvinculada do seu sinistro base (no segundo trimestre de 2017).

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O Itaú BBA apontou que a empresa registrou resultados melhores do que o esperado, não sendo melhores devido a um aumento significativo nas despesas gerais e administrativas. “O desempenho da receita foi a principal surpresa, e o crescimento de dois dígitos no Brasil deve ajudar a aliviar as preocupações do mercado com relação aos erros de execução na Ambisome no terceiro trimestre de 2017”, apontam os analistas do banco, que mantêm recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) para os papéis. 

Suzano (SUZB3) e Fibria (FIBR3)

Após duas sessões de disparada, acumulando ganhos de 27% em meio ao anúncio de aquisição da Fibria por termos bastante favoráveis, as ações da Suzano chegaram a cair na bolsa, mas fecharam estáveis, mesmo movimento da Fibria.

Vale relembrar quais foram os termos do acordo anunciado sexta-feira: para cada 1 ação FIBR3 que o investidor deter, ele receberá 0,4611 ação SUZB3 + R$ 52,50 (valor corrigido pelo CDI até o dia do fechamento do negócio). Tomando como base o preço de fechamento da sexta, havia uma “vantagem” de 2,17% em comprar FIBR3 ao invés de SUZB3; já nas cotações da segunda, a vantagem subiu para mais de 4%. Assim, os investidores ficaram de olho nesses ganhos de arbitragem após a disparada da Suzano e queda da Fibria, mas a relação voltou ao mesmo patamar da sessão anterior. 

Nesta terça, o Bradesco BBI elevou o preço-alvo da Suzano de  R$ 28 para R$ 45, vendo um upside expressivo de 47%. A fusão Suzano/Fibria “está longe de ter sido precificada”, diz o analista do banco, que aponta a Suzano como a única escolha no setor de celulose e papel da América Latina.

Eletrobras (ELET6)

O Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) decidiu nesta segunda-feira, 19, que o BNDES contratará os estudos com vistas à privatização da Eletrobras e a estatal ficará responsável pela emissão de ações e outras atividades relacionadas ao processo. A informação, publicada mais cedo pelo Estadão, foi confirmada pelo secretário do PPI, Adalberto Vasconcellos.

A resolução também inclui os aposentados da Eletrobras entre os possíveis compradores das ações. Com a resolução, fica aberto o caminho para o presidente Michel Temer editar um decreto incluindo a estatal no Programa Nacional de Desestatização (PND). Não há, porém, previsão de data.

Vale destacar ainda que o cronograma de atividades preparado pelo relator do PL da privatização da Eletrobras, José Carlos Aleluia (DEM-BA), prevê sete audiências públicas entre 26 de março e 13 de abril, segundo documento mostrado à Bloomberg pelo relator. A data para apresentar parecer seria entre 16 e 20 de abril. A previsão é da votação do parecer entre 23 e 27 de abril. 

Embraer (EMBR3)

O primeiro-ministro do Marrocos, Saad Eddine El Othmani, disse em encontro com o presidente Michel Temer no Palácio do Planalto, que as companhias aéreas marroquinas têm interesse em comprar mais aviões da Embraer. De acordo com o o Palácio do Planalto, El Othmani relatou “grande número de passageiros nos voos entre São Paulo e Rio de Janeiro e Casablanca” e que “espera os últimos acertos para uma nova rota entre Fortaleza e Casablanca”.

O premiê marroquino e Temer também debateram sobre um “necessidade de
fechar acordo Mercosul-Marrocos”, depois que a negociação foi retomada em novembro do ano passado. 

Minerva (BEEF3)

A Minerva Luxembourg, garantida pela Minerva, contratou os bancos BofAML, Bradesco BBI, BTG Pactual, HSBC e Itaú BBA para juntos organizarem uma série de reuniões com investidores de renda fixa nos EUA, Europa e Ásia a partir de 21 de março.

Uma emissão de títulos perpétuos pode se seguir às reuniões, sujeita às condições do mercado. O rating da S&P e da Fitch é de BB-. Paralelamente ao anúncio do roadshow, o HSBC, com o consentimento da empresa, está lançando uma oferta para recomprar em dinheiro todas notas perpétuas de 8.750% em circulação da Minerva.

Randon (RAPT4)

A Randon divulgou seus números de receita referentes a fevereiro, como segue. A receita líquida consolidada atingiu R$ 281,1 milhões ou 59,4% maior que a registrada em fevereiro de 2017. Já a receita Bruta total (sem eliminação e com impostos) no mês de fevereiro de 2018 atingiu R$ 403,2 milhões ou 56,5% maior que aquela de fevereiro de 2017.

Segundo a XP Investimentos, tanto o ritmo apresentado neste começo de ano como o guidance publicado pela companhia sinalizam que deveremos ter um ano bastante forte operacionalmente. “Reforçamos que o consenso de mercado continua atrasado, portanto deveremos ver em breve revisões para cima das expectativas. Após a queda recente dos papéis em bolsa, acreditamos que tenha aberto oportunidade de compra (e/ou para aumentar exposição) para investidores com perfil de longo prazo”, destacam os analistas.

Triunfo (TPIS3)

A Triunfo confirmou que irá realizar leilão reverso em 20 de março. O leilão será realizado conforme o programado, uma vez que pedido para permitir sua realização foi parcialmente deferido em 19/março, segundo comunicado ao mercado.

Por ora, a companhia não pode realizar pagamentos em favor dos credores contemplados no leilão. A Triunfo diz que adotará medidas judiciais para reverter esta decisão. O leilão faz parte do plano de recuperação da Triunfo homologado em fevereiro. 

São Martinho (SMTO3)

A São Martinho aprovou a captação em moeda estrangeira até US$ 150 milhões em duas operações de até US$ 75 milhões cada, com vencimento em até 7 anos, segundo comunicado ao mercado.

O Conselho também aprovou contratação de financiamentos de créditos rurais de até R$ 400 milhões, com vencimento em até dois anos. A Usina Boa Vista é possível garantidora. 

EcoRodovias (ECOR3)

A EcoRodovias propôs R$ 242,9 milhões em dividendos a serem pagos até 31 de dezembro de 2018. 

BTG Pactual (BPAC11)

No BTG Pactual, Eduardo Loyo será indicado para membro do Conselho de Administração. 

(Com Agência Estado e Bloomberg)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.