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SÃO PAULO – Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o ex-presidente do Banco Central, Arminio Fraga, mostrou alguma preocupação em relação à possibilidade do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, concorrer ao Planalto. Isso porque, de acordo com ele, a candidatura de Meirelles pode retirar o “espaço de manobra” para que haja diálogo entre governo e outros atores políticos e econômicos. “Eu tenho um pouco de medo da candidatura. O conjunto da obra é muito bom. [Mas] Me assusta isso, o que não é pouco”, afirmou.
Segundo ele, o ano de 2018 é um período de transição, como o o ocorrido durante a passagem do governo Fernando Henrique Cardoso para o de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002. “Pode ser necessário alguém ali com espaço para dialogar com todo mundo, para procurar construir pontes, equilibrar um pouco uma discussão que hoje está difícil de ser a respeito das reais necessidades do país. É questão de um espaço de manobra que o líder da equipe econômica talvez fizesse por bem preservar […] Corremos o risco de ter candidatos oferecendo o seguinte cardápio: vamos fazer o ajuste ou vamos ser felizes? Esse cardápio não existe. [O que existe é] vamos fazer o ajuste e ser felizes, ou vamos, provavelmente, viver uma crise ainda maior do que a que vivemos recentemente”, afirmou ao jornal.
Arminio se disse mais preocupado com a candidatura Meirelles pelo lado da “governabilidade econômica” do país do que pelo potencial de tirar votos do pré-candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, e pela cisão do atual bloco governista. Com Meirelles no ministério, ele “teria mais facilidade para pilotar uma crise que por ventura venha a ocorrer”. Para o economista, pode não ser tão grave Meirelles “fazer esse balão de ensaio”, mas ele “tem um papel de coordenador-geral que bem ou mal está dando sustentação a essa transição difícil”.
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Vale destacar que, ontem, Meirelles reiterou novamente se só vai decidir sobre uma eventual candidatura somente em março, no prazo legal.