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SÃO PAULO – O tão esperado ano de 2018 começa e, com ele, vem ainda mais à tona todas as dúvidas sobre o que se prenuncia a eleição mais incerta desde a redemocratização, com várias candidaturas no radar. Enquanto isso, o cenário para uma candidatura ou não do líder das pesquisas Lula ainda deve permear as discussões sobre o quadro político.
Afinal, há uma leitura recorrente de que tudo pode acontecer, inclusive o tão temido pelo mercado segundo turno entre Lula e Bolsonaro. Porém, para o analista político da MCM Consultores, Ricardo Ribeiro, o cenário político tende a se normalizar, com grandes chances inclusive de se desenhar um segundo turno entre PT e PSDB. Mas ele reforça o cenário de incerteza e não se arrisca em apontar quem sairia vencedor dessa disputa.
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Ok, as eleições serão só em outubro. Até lá, como serão os passos do governo Temer? A reforma da previdência é difícil de ser aprovada, mas é importante que o governo mantenha o discurso – e também fique mais atento para que as outras medidas do ajuste fiscal não caduquem com o foco na previdência. Confira os destaques da entrevista do analista político ao InfoMoney:
InfoMoney – Com a votação da previdência ficando para fevereiro de 2018, como ficam as chances de aprovação da reforma?
Ricardo Ribeiro – A probabilidade de aprovação da reforma da previdência é baixa, não dá para apostar que o governo será bem sucedido até fevereiro. E o bate-cabeça da articulação política do governo no final do ano sobre a votação não afeta o cenário de probabilidade de votar, mas ilustra bem um problema que o governo teve nesse último esforço para viabilizar a reforma da previdência, que é a coordenação política entre as lideranças do governo e a base como um todo. Acabou prevalecendo o cálculo individual de pelo menos uma parte dos deputados (entre 40 e 50 deputados que pertencem a partidos governistas e estão resistindo a votar a reforma da previdência) de que eles teriam a perder na eleição, ao invés da avaliação de que seria bom para todo mundo e que haveria um ganho coletivo se a reforma da previdência passasse.
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IM – Há um estudo elaborado pelo consultor legislativo do Senado Pedro Nery apontando que os votos a favor da reforma da previdência em 1998 não resultaram em uma não-reeleição dos deputados. Então, por que os parlamentares dessa legislatura têm tanto temor com o impacto eleitoral de votarem pela reforma?
RR – Em 1998, o governo de Fernando Henrique Cardoso era relativamente popular, tinha uma avaliação positiva suficiente para tentar a reeleição e inclusive ganhou. Havia uma perspectiva de poder mais clara para frente, um candidato já colocado e, quando existe esse acoplamento da base governista com uma candidatura, com uma perspectiva de poder para frente, essa articulação e essa coordenação ela fica mais fácil.
Agora, no caso atual, em primeiro lugar, não há um candidato só para representar toda a base que se formou a favor do Temer desde o impeachment e os candidatos que estão colocados para representá-los, que são o Geraldo Alckmin e o Henrique Meirelles, não estão lá muito bem nas pesquisas. Esse estudo que mostra que os deputados que votaram a favor da previdência, a maioria se reelegeu, é bom, interessante e bem-feito. Agora, no próprio estudo, não se encontrou evidência que a previdência atrapalhe, mas encontrou evidência que os deputados têm que ter maior perspectiva de poder, o que faltou agora.
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IM – A reforma também foi muito diluída. Para você, teria que ter outra reforma em 2019 mesmo se essa for aprovada?
RR – Tenho as minhas dúvidas. Em algum momento terá que haver um novo ajuste, mas poderia ficar não para o próximo governo, mas para o governo posterior. Num primeiro momento, o que poderia ser aprovado agora seria suficiente para tirar esse assunto do horizonte do próximo governo.
De uma certa forma, seria melhor para todo mundo aprovar agora, até para quem se diz contrário. A Marina até não falou nada, Bolsonaro é ambíguo, mas para todo mundo seria melhor que o Temer fizesse o “trabalho sujo”, digamos assim.
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IM – E como aprovar ou não a reforma pode influenciar no cenário eleitoral?
RR – É difícil falar o quanto, mas piora um pouco a candidatura do campo governista porque, para ela, a questão da recuperação da economia é muito importante. Sem reforma da previdência, não é que não haverá recuperação econômica. Haverá, uma boa parte já está contratada, mas o ambiente fica um pouco mais turbulento, haverá estresse por parte do mercado. As agências estão com o dedo no gatilho para rebaixar a nota do Brasil e a questão da reforma da previdência era fundamental para definir essa decisão. Se houver um outro rebaixamento, pode estressar o mercado, juros, câmbio, risco-Brasil. Então esse ambiente econômico ficou um pouco mais negativo sem a reforma da previdência para as candidaturas governistas.
IM – Adiar o debate da reforma acabou deixando em segundo plano outras medidas de ajuste fiscal, como a tributação dos fundos exclusivos. Insistir na reforma pode gerar o “pior dos mundos”, com o governo voltando a focar os seus esforços na reforma sem muitas chances de sucesso e deixando de lado as outras medidas?
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RR – Sim, a atenção do governo voltada toda para a previdência atrapalhou a coordenação para as outras medidas fiscais e há um receio de que novamente em fevereiro o esforço do governo para viabilizar a reforma possa interferir na aprovação de medidas provisórias. Além disso, o governo tem que abrir um pouco mais os cofres para estados, prefeituras, emendas parlamentares. Então nesse momento ficou no pior dos mundos: não aprovou previdência e vai ter que gastar uns trocados a mais em busca da reforma.
IM – Nesse cenário, seria melhor o governo dizer que não dá para aprovar previdência ou é importante que ele insista no discurso?
RR – É importante manter o discurso e parece que o governo corretamente avalia, até em termos da disputa eleitoral, que passar alguma coisa da previdência seria muito importante. É melhor o governo pelo menos manter a fala e buscar um resultado positivo em fevereiro ou março, mas não pode deixar de lado as outras medidas fiscais, tem que ser um pouco mais cuidadoso agora. Já que viu que está difícil mesmo aprovar a reforma, não pode comprometer as outras medidas pela insistência com a previdência.
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IM – Falando um pouco sobre as eleições de 2018 agora, como você avalia o cenário eleitoral com Lula dentro ou fora da disputa eleitoral? Qual o cenário que você aponta como o mais provável?
RR – É difícil atribuir probabilidades, mas avalio que Lula ser candidato até determinado ponto da campanha e depois ser incompatibilizado aponta agora como o mais provável, justamente levando em conta a sinalização do PT e do ex-presidente e a brecha da legislação que proporciona essa estratégia para o partido ainda poder registrar a candidatura do Lula. Nesse cenário, ele entra na campanha e ficaria até meados de setembro. O TSE deve ser rápido e não vai deixar essa questão se prolongar, mas pode ser o suficiente para o Lula fazer campanha e estar em propaganda de TV e rádio por algum tempo.
IM – Caso ele deixe a disputa, o PT o substituiria por alguém? Qual seria o potencial de transferência de votos?
RR – A expectativa é de que ele saindo passe a candidatura para um desses dois nomes: o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad ou o ex-governador da Bahia Jacques Wagner. É difícil o PT apoiar o Ciro Gomes ou simplesmente desistir de disputar.
Acho que Lula tem condições de, participando até um certo momento da campanha, repassar a candidatura para outro nome do PT. Nessa condição ele tem mais chance de transferir uma boa quantidade de apoio eleitoral para esse candidato do que no caso de desistir antes e outro assumir o seu lugar. Mas é difícil de ter certeza pela dinâmica da campanha. A minha percepção é de que não tem uma transferência integral dos votos que seriam dados para o Lula, mas essa taxa de transferência tenderia a ser maior nesse caso do Lula participar até um determinado momento e depois outro assumir.
O quanto é difícil dizer, mas não será integral. No cenário atual, os votos iriam mais entre Ciro Gomes e Marina Silva. Mas o Haddad e e o Jacques Wagner não ficariam com 2% ou 3%, teriam um apoio bem maior do que esse.
IM – Com a situação de Lula sendo resolvida de forma mais rápida e ele não sendo candidato, teria maiores chances de pulverização de candidaturas na centro-direita?
RR – A ausência do Lula é um incentivo maior à fragmentação da disputa à direita, mas também à esquerda, porque justamente abre uma perspectiva melhor para todo mundo. Há um eleitorado enorme que vai ficar sem candidato e vai ser disputável pelos demais candidatos. Sem o Lula a tendência é que haja mais fragmentação. Mas não só a direita, à esquerda também.
IM – O PcdoB tendo a candidatura de Manuela D’ávila, PSOL com o Boulos?
RR – Exatamente. E o Ciro Gomes também, não acho que ele desistiria se o Lula fosse candidato, mas teria um pouco mais de chances ao ver que com o Lula candidato ele não teria mais muito como crescer, poderia até acabar desistindo.
IM – Ultimamente vem surgindo alguns nomes para tentar se contrapor ao Lula, o último foi o Luciano Huck, falam do Joaquim Barbosa também e até há rumores de que Huck pode voltar para o radar caso ele veja que ninguém consegue polarizar contra o Lula ou o Bolsonaro. Como você vê essa dificuldade da centro-direita, o Alckmin ainda não empolgou e não conseguiu criar uma unidade no centro, o Meirelles também não empolga nas últimas pesquisas. Com o Lula seguindo na campanha, há um risco de um segundo turno ser Lula X Bolsonaro?
RR – Existe sim essa possibilidade de um candidato da centro-direita ficar de fora do segundo turno. A situação neste momento é muito favorável a candidaturas de oposição, com dificuldades na centro-direita decorrendo ainda da falta da percepção da população que a economia de fato está melhorando. O desemprego é alto e vai continuar assim até o ano que vem. O governo Temer é muito impopular e há uma convicção de que o presidente e o seu entorno político é muito corrupto e isso atrapalha candidaturas muito vinculadas ao governo.
Então pode acontecer de Lula X Bolsonaro no segundo turno. A questão é que a candidatura de Bolsonaro tem algumas fragilidades importantes: ele não terá estrutura de campanha, vai ter muito pouco tempo de propaganda de rádio e televisão e não vai ter uma tropa partidária para fazer a sua campanha no primeiro momento. Por outro lado, se ele se mantiver forte, pode haver uma convergência partidária para apoiá-lo, como aconteceu com o Collor em 1989. Também há a questão das redes sociais, que aumentou sua importância frente 2014 e o Bolsonaro é o candidato que melhor as explora. Ele também tem um apoio de grupos que podem ser importantes e compensar essa falta de apoio partidário, que é a comunidade da segurança, militares, policiais e familiares que neste momento estão apoiando bastante o Bolsonaro. E os evangélicos também: os evangélicos se dividem, mas uma parte deve aderir ao Bolsonaro.
Mesmo assim, a questão que fica é: será que é suficiente para compensar a fragilidade da estrutura partidária tradicional do Bolsonaro? É uma dúvida para 2018. A minha avaliação é que Bolsonaro tende a cair quando começar a campanha, porque ele será atacado, vai ter pouco tempo para se defender e há algumas questões que estão começando a aparecer agora e que podem trincar a imagem dele daqui até a eleição.
Então, resumindo: sim, o Bolsonaro pode ir para o segundo turno com alguém do PT ou com o Lula, mas não está dado ainda, e também vai depender da coordenação por parte da centro-direita. Se esse pessoal conseguir se unir, vai ter uma estrutura de campanha enorme, mais da metade do tempo de rádio e TV, com cabos eleitorais no Brasil inteiro. A tendência é de que qualquer que seja esse candidato, ele cresça durante a campanha.
IM – O Alckmin e o Meirelles não estão empolgando por enquanto, o próprio Meirelles mal pontua nas pesquisas. Vão continuar surgindo novos nomes que ainda não foram testados ou o cenário eleitoral ficará restrito a essas candidaturas?
RR – Não me parece o mais provável que apareça alguém além desses nomes que a gente está discutindo. Acho que o Luciano Huck não volta, não me parece que tenha sido uma desistência estratégica, que ele tenha optado em se esconder agora para voltar em abril. Joaquim Barbosa é o único nome realmente outsider que ainda tem chances de entrar… mas acho que barreiras de outsiders à eleição presidencial vão acabar prevalecendo, então a minha aposta é que Barbosa não será candidato. Outro nome? Não consigo imaginar em outro nome que apareça do dia para noite.
IM – Quais são as probabilidades para o segundo turno? Sem Lula, tudo pode acontecer, como um segundo turno Bolsonaro X Alckmin ou Ciro Gomes, Alckmin versus Marina, etc?
RR – No meio de tantas dúvidas e incertezas, o meu cenário-base é que as coisas tendam a se normalizar. Não é uma aposta firme, que realmente eu possa dar segurança em termos de solidez de cenário, mas o meu cenário-base é de polarização entre PT-PSDB, independentemente do nome do PT (com Lula ou sem Lula).
É difícil ter uma resposta firme, porque está bem confuso, o Bolsonaro ainda é uma novidade, a influência das redes sociais é outra incerteza, até onde a economia irá melhorar e quanto vai favorecer as candidaturas do campo governista são outras questões. O caminho é de certa normalização na política e, no caso de eleição presidencial, é a polarização PT-PSDB, mas também não vou brigar muito para defender esse cenário, não dá para apostar todas as fichas nisso.
IM – Você acha que o PT pode suavizar o discurso para buscar uma relação mais tranquilo com o mercado ou vai radicalizar mesmo e provocar muita turbulência em 2018?
RR – Que haverá muito volatilidade num cenário que mostre Lula X Bolsonaro, ou outro nome do PT ou Ciro contra Bolsonaro, isso sem dúvida. Mas creio que qualquer nome do PT, inclusive o Lula, se assumir uma condição de favorito e as coisas estiverem caminhando para que vença a eleição, a tendência é ir moderando o discurso.
IM – Em um segundo turno entre PT X PSDB, em quem você apostaria, que você vê que tem mais chances de vencer?
RR – Eu não aposto nada, nem um centavo.
IM – Com a economia melhorando, o Alckmin pode subir um pouco nas pesquisas?
RR – O Alckmin vai subir nas pesquisas, mas não vai subir agora, será mais para frente. Ele vai depender muito da estrutura de campanha e também tem um pouco o que mostrar do que foi feito nos governos de São Paulo. A tendência do Alckmin é subir, mas não vai ser fevereiro ou março…
As coisas estão convergindo ao redor do Alckmin… pensar por exemplo em Temer candidato é algo absurdo. Rodrigo Maia também é bem difícil…
IM – Além da economia, quais estratégias podem ser usadas pelo Alckmin e em que ele poderia se contrapor ao Bolsonaro e conseguir captar mais votos dos que antes votavam no PSDB e agora parecem estar mais inclinados a votar no deputado? Usar a segurança seria um bom argumento, com as realizações dele durante o governo paulista?
RR – Ele vai precisar fazer isso, mostrar as realizações dele como governador e a segurança vai ser um dos pontos importantes para desidratar o Bolsonaro, ao tentar mostrar que o Bolsonaro fala coisas que não fazem tanto sentido. Ele vai querer mostrar que tem uma abordagem séria e medidas que fazem efeito mesmo na questão da segurança pública. Certamente vai investir esse discurso, mas se vai colar é outra história. Tem alguns números que ele pode utilizar, como assassinatos por mil habitantes que é menor do que outros estados.
Mas segurança também é uma questão de percepção, depende de assunto quente. De repente aparece alguma coisa que aumente a percepção que a segurança em São Paulo é ruim e isso pode derrubar totalmente este discurso do Alckmin. É um terreno meio escorregadio.
De qualquer forma, pode ser um caminho, até porque segurança, assim como saúde, são uma preocupação para os eleitores.
IM – Sobre a formação do novo Congresso, você acredita que será muito diferente? Em 2016, o PT teve um grande baque nas eleições municipais, mas agora parece ter tido uma recuperação…
RR – Vai ser uma composição bem parecida com a atual, a tendência é aumentar a fragmentação, bancadas de partidos maiores devem encolher um pouco mais. Então pode ser que tenha um grupo de partidos próximo de 40 a 50 deputados. Acho que a bancada do PT vai cair, mas talvez não tanto quanto 2016 sinalizou. Existe sim uma relação entre o resultado da eleição municipal e a eleição da bancada da Câmara no ano seguinte, mas 2016 foi o pior momento para o PT e de lá para cá o partido se fortaleceu. A preferência partidária que chegou a 11% foi para 21%. A rejeição ao Lula que chegou a bater os 56% está em 39% agora. Não acho que a bancada do PT vai se reduzir tanto quando indicaria o fato de que o PT perdeu 60% das prefeituras em 2016 na comparação com 2012. Acho que o PT vai continuar entre os partidos maiores da Câmara junto com PMDB, PSDB e PSD e DEM, estes devem ser os principais partidos da Câmara.
IM – E para o PSDB? 2016 ele foi o partido que mais cresceu, mas o ano de 2017 foi muito ruim, com grande divisão na legenda e o baque com a gravação do Aécio Neves com o Joesley…
RR – Vale o que eu disse para o PT, mas com o sinal inverso. De fato, como o PSDB teve um bom desempenho na eleição municipal, a tendência seria conseguir eleger uma quantidade um pouco maior de deputados. Porém, desde 2016, o PSDB entrou num processo de desgaste que não dá para não ser levado em conta também. A questão do Aécio foi muito ruim para o partido, enquanto a proximidade com o governo Temer é algo que atrapalha o PSDB. Pode ser que cresça um pouco, mas não acho que vá subir muito.
IM – Falam que a Gleisi Hoffmann, Aécio, muitos nomes com mais expressividade podem ser candidatos para escapar da Lava Jato, manter foro. Isso altera muito o perfil do congresso em 2018? Outra questão é sobre esses movimentos que estão surgindo, Agora!, Acredito, o Novo que é um partido que quer ampliar a sua base no Congresso. Terão uma base expressiva ou não vai ser significativo para mudar o perfil?
RR – No Senado, acho que pode ter mais mudanças do que na Câmara, porque é eleição majoritária, pode ter mais espaço para surpresas e esse efeito de nomes importantes poderem desistir de disputar o Senado porque foram afetados pela Lava Jato. No Senado, sim, poderemos ter mais novidades. A bancada do PT na Casa tem uma taxa de renovação alta agora em 2018. Então pode ser que o tropeço do PT ocorra no Senado e não na Câmara. Com relação a esses novos movimentos, eles ainda têm que ganhar musculatura, nenhum deles terá um desempenho importante a ponto de formar bancadas expressivas na Câmara e no Senado.
IM – Você falou em maior fragmentação do Congresso. Isso poderia levar a um maior fisiologismo, independentemente de qual seja o presidente, e será mais desafiador para o novo líder tocar reformas/fazer o que prometeu na campanha?
RR – O novo presidente terá tanta dificuldade quanto o atual, não vai piorar necessariamente. E com relação com o Congresso, é difícil não ser o “toma lá, dá cá”. Ele terá que atender pedidos dos partidos por espaços dentro do governo para obter apoio do Congresso. Esse vai continuar sendo o jogo para a próxima legislatura.