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SÃO PAULO – O anúncio do ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa de que não disputará as eleições presidenciais em outubro retirou do páreo um candidato competitivo e ampliou o nível de incertezas que ronda o processo político brasileiro. As dúvidas também são grandes no PSB, agora sem o nome que poderia colocar a legenda em uma posição de protagonismo na corrida ao Palácio do Planalto.
Muitos nomes do partido dizem ter sido pegos de surpresa com a decisão de Barbosa, comunicada oficialmente em sua conta no Twitter na manhã da última segunda-feira (9). Agora, o partido analisa as opções para se reposicionar na disputa presidencial. No momento, fala-se em três caminhos possíveis: 1) o lançamento de uma nova candidatura própria; 2) o apoio formal a um dos nomes postos; 3) a liberação de diretórios estaduais para construírem suas próprias alianças.
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Um dos principais porta-vozes da primeira opção é o ex-deputado Beto Albuquerque, vice-presidente de Relações Governamentais do partido e candidato à vice-presidente na campanha com Marina Silva, nas eleições de 2014. Para sustentar tal posição, ele chama atenção para o risco de um racha profundo na legenda caso o partido abra mão de um nome próprio.
“Seja Ciro Gomes, Geraldo Alckmin, Marina Silva ou qualquer nome hoje colocado, o PSB ganharia de um lado e perderia de outro. Precisamos de uma solução que não atrapalhe nossos 10 candidatos nos Estados”, afirmou ao Broadcast Político. “Infelizmente, não temos outro Joaquim Barbosa na manga, não temos outro Eduardo Campos. Mas é essencial que encontremos uma maneira de manter uma candidatura própria”. A posição, contudo, enfrenta resistência de importantes dirigentes do partido.
O secretário-geral do partido, Renato Casagrande, por sua vez, diz que vai defender que o PSB tenha uma aliança nacional, alinhada à história da legenda e às estratégias nas eleições estaduais. Segundo ele, conversas serão iniciadas com os possíveis candidatos, apontando Ciro Gomes, Marina Silva, Álvaro Dias e Geraldo Alckmin como possíveis aliados.
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Na avaliação de um deputado socialista que não quis ter seu nome revelado, se a eleição fosse hoje, o provável nome apoiado pelo partido seria de Ciro Gomes. O ex-governador do Ceará agrada a lideranças do Nordeste, além de o que o PDT pode oferecer em termos de aliança. Este parlamentar ouvido pela reportagem ainda lembra que o congresso do partido, realizado em março, definiu que, se fosse firmada uma aliança para a eleição presidencial, ela teria que ocorrer com um nome da centro-esquerda.
Segundo o deputado, a despeito da vontade e pressão de Márcio França, governador de São Paulo que tentará a reeleição, não há espaço para o PSB firmar aliança formal com Geraldo Alckmin. “Isso explodiria vários PSBs”, observou. O parlamentar diz que o partido buscaria aliança com um candidato contrário à agenda econômica implementada pelo governo de Michel Temer, sobretudo no que diz respeito às reformas previdenciária e trabalhista e a privatização da Eletrobras.
Uma última alternativa ventilada é a liberação dos diretórios estaduais para costurarem suas próprias alianças, o que poderia melhor atender aos interesses diversos de governadores, mas poderia ampliar a divisão interna que a legenda enfrenta desde a morte de Eduardo Campos em 2014. Essa hipótese não agrada o presidente da legenda, Carlos Siqueira. Por outro lado, a iniciativa atenderia aos interesses de Márcio França, que já anunciou que apoiará Alckmin, seu antecessor.
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Caso o partido formalize apoio a um candidato à presidência de outra legenda, França teria limitações em propagandas no rádio e televisão. Conforme pontua a advogada Karina Kufa, professora e coordenadora do curso de especialização em direito eleitoral do IDP-SP (Instituto de Direito Público de São Paulo), jurisprudência do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) indica impedimento do uso de tempo de propaganda para a apresentação de candidato de partido diverso. Tal atuação, no caso de França, teria que se restringir a uma menção de atuação conjunta com Alckmin, como vice-governador. Segundo a especialista, no caso de apoio informal, declarado nos comícios, por outro lado, não há sanção.
Ainda assim, as restrições possíveis à campanha desejada pelo governador de São Paulo pode levar o PSB a uma acomodação intermediária: o apoio a uma candidatura de centro-esquerda (hoje, possivelmente a de Ciro Gomes), mas liberando os diretórios estaduais para adotarem suas próprias estratégias. É o que acredita o analista político Carlos Eduardo Borenstein, da consultoria Arko Advice. “O diretório nacional pode aprovar apoio a Ciro, dando liberdade aos estados para fecharem os acordos que quiserem. Acho que é pouco provável que eles obriguem os diretórios do país todo a seguirem orientação do partido nacionalmente”, observou.
As expectativas são de que as discussões se arrastem até a realização de nova reunião da Executiva Nacional.
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