Publicidade
SÃO PAULO – Apesar do alto patamar dos juros, a influência de um câmbio mais valorizado e o crescimento da concorrência, o primeiro trimestre de 2006 foi positivo para a maioria das empresas brasileiras que negociam suas ações na Bolsa de Valores de São Paulo. Pelo menos, este foi a fotografia em termos de geração operacional de caixa.
Levantamento realizado pela InfoMoney revelou que de um universo de 77 companhias não-financeiras de capital aberto, 46, ou 60% do total, apresentaram crescimento do Ebitda, indicador que mede basicamente quanto cada real investido na produção retornou sob a forma de caixa operacional líquido.
Por outro lado, 31 empresas registraram retração deste indicador, sendo que apenas três corporações computaram relativa estabilidade desta conta, com variação inferior à 1,0% na comparação com primeiro trimestre de 2005.
Bons ganhos no trimestre
Um ponto bastante relevante apontado pelo estudo é que 25 companhias, ou 32% do total, apuraram crescimento superior a 20% do seu Ebitda, sendo que 11 empresas anotaram um expressivo aumento superior a 50% desta conta.
Na outra ponta, 18 corporações amargaram redução superior a 20% em sua geração operacional de caixa. No entanto, é importante citar que apenas cinco empresas, número relativamente pequeno tendo em vista um universo de 77 companhias, computaram quedas superiores a 50% em seu Ebitda no primeiro trimestre do ano.
É importante mencionar ainda que, das 44 empresas que registraram crescimento acima de 1,0% da sua geração operacional de caixa, apenas quatro mostraram evolução inferior à 5,32%, cifra que representa a inflação acumulada pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor – Amplo) nos doze meses encerrados em março.
Continua depois da publicidade
Maiores ganhos operacionais de caixa
Dentre os destaques do primeiro trimestre em termos crescimento da geração operacional de caixa podemos citar a Light, cujo Ebitda mostrou evolução de expressivos 150%. Além de refletir a contenção das despesas e custos operacionais, esse desempenho foi favorecido pelo aumento no consumo de energia elétrica e pelo reajuste médio de 10,8% aplicado em novembro do ano passado.
Outra empresa que apurou boa evolução de seu Ebitda foi a Company, companhia ligada ao mercado de construção civil, cujas ações estrearam na Bovespa no dia 2 de março deste ano. O cenário mais favorável ao setor, que desfruta de maior acesso ao crédito e alto déficit habitacional, inflou essa conta.
Destaques negativos
Do lado oposto, as companhias mais prejudicadas nos três primeiros meses do ano em termos de geração operacional de caixa foram as que obtêm grande parte de suas receitas atreladas ao dólar, como a Embraer (-52,8%) e empresas do setor siderúrgico.
Continua depois da publicidade
Perdigão (-56,3%) e Sadia (-48,4%) também acumularam fortes quedas em seus Ebtidas no período devido ao impacto de doenças como gripe aviária e febre aftosa nos preços dos produtos vendidos. Outro setor bastante penalizado foi o petroquímico, onde o cenário de insumos mais caros e dificuldade em repassar custos influenciou negativamente.
A empresa que apurou a maior perda em seu Ebitda neste primeiro trimestre foi a Coteminas (-97,9%). No entanto, dada a consolidação da Springs Global Participações, é preciso cautela na comparação dos números com os mesmos três meses de 2005.