Haverá uma nova bolha nos EUA? Buffet e mais 9 “gurus” do mercado respondem

Shiller, Roubini e a futura presidente do Federal Reserve dão suas opiniões sobre o que poderá acontecer com o mercado norte-americano

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Com o Dow Jones fechando acima dos 16.000 pontos pela primeira vez, na semana passada, não surpreende que os mercados estejam apontando para a possibilidade de que uma bolha de ativos esteja cada vez mais perto. A bolha da internet em 2000 e o colapso da bolha imobiliária e da crise financeira permanecem memórias dolorosas na mente dos investidores. 

Com base nisso, o portal norte-americano de notícias Market Watch questiona: será que estão vendo as bolhas onde eles não existem?

Recentemente, o gerente de portfólio da Pharo disse em entrevista à CNBC que a preocupação com as bolhas atingiram o seu pico em cinco anos. Com base nisto, o Market Watch destacou o nome de 10 nomes bastante notáveis e o que eles disseram sobre este tema:

1 – Warren Buffett
O Oráculo de Omaha não parece estar preocupado com uma bolha no mercado de ações, destacando que está dentro de uma zona de razoabilidade. Assim, ressaltou que as ações estão sendo negociadas a múltiplos dentro da racionalidade, mas que “não estão baratas”. 

Warren Buffet 6

2 – Janet Yellen
Janet Yellen, que está prestes a ser a nova presidente do Federal Reserve, também fala sobre bolhas.”Os preços das ações subiram de forma muito robusta “, disse Yellen em sua audiência de confirmação para o Senado, mas acrescentou que, em meio a diversos fatores”, não se vê os preços das ações no território que sugerem condições semelhantes a bolhas”. 

Quando perguntada sobre possíveis bolhas em outros setores, como o imobiliário, Yellen ressaltou que os preços das casas são uma resposta lógica do mercado. 

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Janet Yellen

3 – Marc Faber
Enquanto isso, Marc Faber, o autor do “Boom Gloom & Doom”, vê bolhas em todos os lugares e Janet Yellen como presidente do Fed é uma das causas para ainda mais alarme.

“Eu vejo uma bolha em tudo o que se relaciona com o setor financeiro “, disse Faber para a CNBC. “Temos uma enorme bolha de dívida e só está ficando maior, não menor”, ressaltou.

Marc Faber

4 – Nouriel Roubini
Os EUA não estão em um território de bolha para as ações, de acordo com o economista Nouriel Roubini, mas isso não significa que não há bolhas se formando em todo o mundo.

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Em entrevista à Bloomberg , Roubini disse que a liquidez do Federal Reserve não está indo para a recuperação econômica , mas em transações financeiras. 

“Talvez não estamos em um território bolha do mercado de ações nos EUA, mas se você olhar para moradia no mundo – Suíça, Suécia, Noruega, França, Alemanha, Israel, Brasil , Hong Kong, Singapura e China – já há alguns sinais”, disse ele . Além disso, o setor de tecnologia parece vulnerável com start-ups se sobrevalorizando. Por fim, os bancos centrais enfrentam uma escolha difícil entre matar a recuperação ou alimentar o crescimento com o risco de inflar a próxima crise financeira. 

Roubini 2

5 – Robert Shiller
Já o economista Robert Shiller, que ganhou o Nobel de Economia este ano, ressaltou que as bolhas são uma forma de doença  social. Enquanto ele disse que as ações ainda não chegaram ao ponto de uma bolha e podem ter espaço para crescer, um recente aumento na relação entre preço e lucro é uma preocupação, preocupação esta que vem aumentando. Shiller também ressaltou que não espera outra bolha imobiliária tão cedo, mas, em seminário em setembro da BM&FBovespa, viu indícios de que uma bolha poderia sim estar se formando no Brasil

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Robert Shiller

6 – Laurence Fink
A redução do ritmo de compras de ativos pelo Fed não virá tão breve o suficiente para evitar a probabilidade de uma bolha nos mercados, de acordo com o executivo-chefe da BlackRock, Laurence Fink. 

“É imperativo que o Fed comece a diminuir o ritmo de compras”, ele disse a um painel em Chicago no mês passado. “Nós tivemos uma alta enorme das bolsas e a dívida corporativa se amliar dramaticamente, ressaltou, defendendo o início do taper para este ano.
Laurence Fink CEO BlackRock

7 – Bill Gross
Por outro lado, o co-fundador da Pimco, Bill Gross, ressaltou que o mercado de títulos está “borbulhante”, mas esta situação não deve se estender por muito tempo. De acordo com ele, a atual situação decorre da indicação de Janet Yellen para comandar o Fed em meio às indicações de que ela deverá manter a taxa de juros historicamente baixa, mas destaca que a situação tende a se normalizar.

Bill Gross - fundador da Pimco

8 – Paul Krugman
O economista Paul Krugman destaca que a questão das bolhas está no normal, ressaltando que há muitas ideias semelhantes com Larry Summers, ao concordar que se pode ser uma economia que precisa de bolhas para conseguir algo próximo do pleno emprego. 

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Krugman destaca que a principal lição desta era de bolhas – lição que a Índia, Brasil e outros estão aprendendo de novo – é que, quando o setor financeiro é deixado livre para agir como quiser, fica cambaleando de crise a crise.

Paul Krugman

9 -Andy Xie
E não são apenas as ações norte-americanas que estão deixando os investidores nervosos. O economista Andy Xie ressalta que a queda da liquidez com a diminuição do ritmo de compras pelo Federal Reserve deve pressionar o sistema bancário paralelo na China, além de pressionar o setor imobiliário. “A retórica da China no crescimento e do Fed no desemprego reforçaram mutuamente a expansão de uma bolha gigante, maior do que o anterior de 2007”, de acordo com Xie. 

Quando a bolha estoura, o impacto sobre a China e os Estados Unidos será muito diferente, ressaltando que a bolha nos EUA deve se concentrar no mercado de ações enquanto, na China, o impacto destrutivo pode ser maior, por ser sustentada por dívida, destacou.

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10 – Adam Parker
Já o estrategista-chefe de ações Adam Parker, do Goldman Sachs, fica no meio do caminho quando se trata de bolhas. Ele vê riscos no caminho das ações norte-americanas mas, o momento não é de preocupação.

Ele destacou que o Federal Reserve deverá ser capaz de comunicar quando deve ocorrer a redução de estímulos, mas não ficaria surpreso se ela for muito maior do que o consenso atual. “De qualquer maneira, o consenso é de que a política monetária terá um enorme impacto sobre a tomada de riscos em 2014”, ressaltou.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.