ViaVarejo, do Pão de Açúcar, contrata KPMG para analisar números

Grupo informou que a KPMG está realizando trabalho de "escopo específico" nas empresas que formam a ViaVarejo

Reuters

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SÃO PAULO – O Grupo Pão de Açúcar (PCAR4)  informou nesta terça-feira (16) que a auditoria KPMG está realizando trabalhos de “escopo específico” nas empresas que formam a ViaVarejo (VVAR3), unidade de eletroeletrônicos e vendas online do maior varejista do País.

Na véspera, a família Klein – dona de quase metade da ViaVarejo – disse que pode abrir um processo de arbitragem contra a Pão de Açúcar, por inconsistências nos balanços da Globex usados para definição do valor atribuído à empresa no processo de fusão com a Casas Bahia, dos Klein, em 2010.

Em comunicado ao mercado, o Pão de Açúcar não deu detalhes sobre o teor nem os objetivos das análises em andamento pela KPMG envolvendo os números de Globex, Nova Casas Bahia, Nova Pontocom e Indústria de Móveis Bartira – que integram a ViaVarejo.

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O Pão de Açúcar disse que as demonstrações financeiras da ViaVarejo são auditadas pela Ernst&Young e que os balanços de junho de 2010, data-base da associação de Globex e Casas Bahia, foram auditadas e tiveram laudo contábil emitido.

O advogado Ivo Waisberg, que representa os Klein, disse à Reuters na segunda-feira que o Pão de Açúcar foi notificado da controvérsia nos balanços por meio de carta que ainda não tinha sido respondida pelo grupo. Segundo o Pão de Açúcar, a carta dos Klein não menciona inconsistências ou erros nas demonstrações financeiras da Globex. 

O Pão de Açúcar – controlado pelo francês Casino – disse ainda ter contranotificado a família Klein e que adotará “as medidas cabíveis e tomará as decisões pertinentes com base em informações consolidadas no foro e no momento adequado”, sem dar mais detalhes.

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“O uso de informações preliminares, descontextualizadas, assim como qualquer conclusão ou especulação a seu respeito é inconsequente, precipitada, distorcida e danosa”, disse o Pão de Açúcar no comunicado assinado por seu diretor de Relações com Investidores, Vitor Fagá. 

Ainda conforme o Pão de Açúcar, a associação que criou a ViaVarejo é “irretratável do ponto de vista legal”, inclusive suas características de controle.

Em dezembro de 2009, o então controlador do Pão de Açúcar Abilio Diniz e a família Klein anunciaram acordo para uma associação envolvendo a Globex (dona do Ponto Frio) e Casas Bahia. Pouco tempo depois, o negócio foi paralisado com os Klein tentando obter condições mais favoráveis. A fusão foi retomada no meio de 2010, mas a relação entre os sócios ficou estremecida.

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Em maio deste ano, um importante executivo do Pão de Açúcar disse à Reuters que a ViaVarejo era um negócio casado à operação de alimentos, e que era difícil dizer se poderia ser mantido sozinho. 

Na ocasião, os Klein enviaram carta à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) mostrando preocupação com as declarações do executivo do Pão de Açúcar. Segundo os Klein, as afirmações “colocaram em dúvida a capacidade da ViaVarejo de sobreviver de forma isolada no mercado, sem o apoio de sua controladora”.