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SÃO PAULO – Na reunião de política monetária que irá ocorrer na manhã da próxima quinta-feira (2), o BCE (Banco Central Europeu) deve anunciar novas medidas de estímulo econômico ao bloco, como já havia sido antecipado pelo presidente da instituição, Mario Draghi. Entretanto, a situação econômica atual da região e os impasses políticos limitarão a ação do BCE, o que pode decepcionar os mercados, afirma o Société Générale e o Danske.
O economista do Société, Annatoli Annenkov, e o analista-chefe do Danske, Allan Von Mehren, ressaltam que o cenário-base era de uma volta para o SMP (Programa de Mercados de Títulos, na sigla em inglês) pela autoridade monetária, impactando de forma bastante consistente o mercado, após o presidente do BCE ter indicado claramente que “faria de tudo para salvar a Zona do Euro”.
Para Annenkov, isso faria com que os mercados ganhassem tempo até que ações mais concretas ocorressem, como as primeiras propostas para a criação de um mecanismo único de supervisão bancária. “No entanto, dada a relutância anterior do BCE para prosseguir este programa, sobre os motivos de eventuais violações do do Tratado, a gente só vê o potencial de compras limitadas”, afirma o economista.
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O analista-chefe do Danske Bank afirma ainda que o BCE não será capaz de entregar nada específico já na quinta-feira, uma vez que precisará de mais tempo para coordenar as suas políticas. Von Mehren avalia que os comentários de Draghi surpreenderam seus colegas do banco central, sinalizando que ele não conseguiu apoio para as novas iniciativas. “Vemos, portanto, um risco de os mercados ficarem desapontados na quinta-feira”, aponta o analista.
Alternativas à mesa
Dentre as opções apontadas pelo economista do Société Générale para o BCE estão o corte na taxa de juros e compras a coberto de títulos, mas ressalta que nenhuma delas é melhor do que reativar o SMP. Entretanto, Annenkov vê a necessidade de reformas estruturais mais a longo prazo. O economista espera que a autoridade monetária realize medidas de flexibilização monetária em setembro, com base no cenário de menor inflação e perspectivas de investimento.
Em meio às dúvidas com relação à uma implementação rápida de programas de estímulo pelo BCE, Von Mehren acredita que a autoridade monetária irá esperar um pedido formal tanto da Itália quanto da Espanha pelos recursos do EFSF (Fundo de Estabilização Financeira Europeu), fazendo um plano para redução dos déficits. Com isso, avalia o analista, haveria um maior equilíbrio entre a resistência alemã para comprar títulos e o desejo de intervir de alguns membros do BCE, encabeçado por Draghi.
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Outra opção poderia ser através da concessão de uma licença bancária pelo fundo de resgate da UE a pedido da Itália e Espanha, iniciando a intervenção no mercado. Entretanto, afirma Mehren, essas medidas seriam mais provavelmente ativadas pelos líderes políticos. O analista-chefe do Danske ressalta, por sua vez, que qualquer uma dessas políticas, se utilizadas separadamente, não surtirão os efeitos desejados.