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SÃO PAULO – As ações da Gafisa (GFSA3) fecharam esta segunda-feira (4) com forte queda de 5,42% – maior desvalorização do Ibovespa -, terminando cotadas a R$ 2,27, mínima alcançada no intraday e também seu menor patamar histórico. A empresa, que está má situação financeira – tendo registrado prejuízos nos últimos dois trimestres -, precisa adquirir 20% da Alphaville Urbanismo, algo que pode custar até R$ 368,7 milhões para a empresa.
“Essa aquisição é bastante complicada para a empresa. Ela está bem ruim, bastante deficitária”, avalia Eduardo Machado, analista da Amaril Franklin. Esses problemas estruturais, fazem as ações da empresa acumularem um recuo de 44,90% em 2012. O volume financeiro movimentado nesta sessão foi de R$ 39,77 milhões.
A movimentação de GFSA destoou do restante do mercado. O Ibovespa terminou o dia com leve alta de 0,03%, enquanto outros papéis de imobiliárias vão registrando um bom pregão, como a Cyrela (CYRE3, R$ 15,04, +2,94%), PDG Realty (PDGR3, R$ 3,33, +1,83%). A Brookfield (BISA3), por sua vez, mostrou leve queda de 0,58%, fechando a R$ 3,41, enquanto os papéis Rossi Residencial (RSID3) tiveram a segunda maior queda do índice nesta sessão ao recuarem 5,24%, valendo R$ 4,88.
Compra pode ser um mau negócio…
“É um ativo muito valioso, é o melhor da empresa”, afirma Pedro Amaro, analista de investimentos da PAX Corretora. Essa aquisição, porém, pode se tornar bastante custosa para a empresa, que até o momento não decidiu qual a forma de efetuar a compra do restante do ativo, uma necessidade tendo em base o acordo firmado em 2006. A Gafisa já possui 80% da Alphaville Urbanismo.
“Acho que uma emissão de ações talvez não tivesse adesão, e ninguém vai querer emprestar essa quantia a Gafisa a juros baixos”, avalia Machado. R$ 368,7 milhões também parece ser uma cifra muito elevada para a imobiliária no momento, mesmo para um ativo que é considerado um dos únicos poucos pontos positivos na operação da empresa.
…mas venda pode ser bom negócio
Uma das últimas especulações a circularem no mercado é a possibilidade de que a Gafisa se desfaça da Alphaville para sanear suas contas. Perde-se o melhor ativo, mas tem a possibilidade de “acertar a casa” – bastante bagunçada após a aquisição da Tenda, o braço da imobiliária voltado para baixa renda. “Isso não é necessariamente um desastre”, afirma Amaro.
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Ele destaca que qualquer negociação depende dos termos de negociação. “Mas eles estão com a faca no pescoço, se a venda ocorrer, talvez não seja em um preço tão atrativo assim para a Gafisa”, salienta o analista da PAX. Em sua avaliação, porém, talvez isso não consiga sanear as contas da empresa – que em 2011, registrou um prejuízo líquido superior a R$ 1 bilhão.
A própria empresa já chegou a receber propostas pela Alphaville anteriormente. “Mas a empresa rejeitou, julgando que que a proposta não era do interesse deles”, lembra Machado.