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SÃO PAULO – A crise do sistema financeiro Espanhol que observamos na atualidade foi vista recentemente no Japão, no fim dos anos 90, assim como as mesmas medidas ineficientes tomadas à época se repetem agora. Esta é a avaliação de Albert Edwards, analista do Société Générale.
“Os bancos espanhóis não são o problema. Os bancos da Zona Euro não são ainda o problema. Os destroços do setor bancário espanhol são apenas um sintoma de um problema que não foi embora”, crava o especialista.
Segundo ele, o verdadeiro problema de Madri é o mesmo de Tóquio há quatro anos, marcada pela deflação e pela falta de políticas de estímulo. “Na verdade, os bancos japoneses não começaram o fraco desempenho do mercado global em 1997, eles se tornaram as vítimas da fraqueza econômica, não sendo a origem do mal-estar. E assim é na Zona do Euro. O setor bancário espanhol é vítima de políticas deflacionárias decretadas pela ala ortodóxica econômica alemã. Um socorro não vai resolver nada”, dispara Edwards.
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Vale lembrar que no fim dos anos 90 o Banco do Japão injetou bilhões de dólares na economia, na tentativa de animar o mercado nacional, o que não deu certo. Outras injeções bilionárias subsequentes foram realizadas, alcançando um total de US$ 332,172 bi.
Dinheiro mal gasto
Para o Société Générale, um resgate bancário é um desperdício de dinheiro se as políticas deflacionárias não são alteradas. Na avaliação do especialista, os bancos espanhóis precisam de recapitalização por causa das políticas deflacionárias forçadas para reduzir o déficit do setor público espanhol em um momento em que o setor privado também está desalavancado.
“A lição do Japão foi a de que a estratégia de focar nos bancos como alvo do problema é equivocada até que políticas profundamente deflacionárias sejam alteradas. Até lá, os bancos seguirão necessitando de ajuda”, conclui.
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Neste caso, cabe o exemplo nipônico da década de 90: o governo do Japão só conseguiu dar uma resposta efetiva à crise quando implantou um pacote mais firme de medidas, que incluía US$ 277 bilhões em corte de impostos, ajuda direta ao consumidor, crédito a pequenas empresas, além de medidas como a diminuição nos pedágios de estradas.