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SÃO PAULO – A economia chinesa decepcionou os mercados ao crescer no seu pior ritmo desde o primeiro trimestre de 2009, de 8,1%, mas analistas sugerem que reação negativa por parte dos investidores não dever ser exagerada.
“Acreditamos que a surpresa negativa com o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre deva ser lido com cautela, à medida que os indicadores de março foram levemente melhores”, indica em relatório Octavio de Barros, diretor de pesquisas e estudos econômicos do Bradesco.
Segundo ele, no entanto, os investidores não devem esperar uma retomada muito acentuada da economia chinesa em 2012. “Pelo contrário, mantemos nossa expectativa de expansão de 8,2% para o ano, fundamentada na visão de que o governo seguirá calibrando as políticas monetária, creditícia e fiscal gradualmente, com objetivo de acomodar o crescimento em um ritmo mais sustentável entre 8% e 8,5% – o que também não nos leva a apostar em uma mudança radical da condução da política, que não deverá adotar um afrouxamento agressivo a partir de agora”, completa Barros.
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Do mesmo modo, o analista-chefe do Danske Bank, Flemming J. Nielsen, os dados mensais sugerem que o segundo trimestre poderá ser mais positivo. “Mantemos nossa visão de que o primeiro trimestre irá encerrar o atual ciclo de baixo crescimento do PIB que começará a melhorar nos próximos trimestres. Esperamos que o crescimento do PIB melhore para 8,9% segundo trimestre” diz em relatório.
Medidas
Porém, Nielsen diz que os números divulgados nesta sexta-feira (13) não exigem um grande ajuste na política monetária do país, mas um cortes nos compulsórios poderiam apoiar a maior aceleração do crescimento do crédito nos próximos meses. “A probabilidade de um corte da taxa de juros é baixa. A mensagem é que, se necessário, tanto a política fiscal quanto a monetária podem ser aliviados de forma mais agressiva, o que deve limitar o risco de queda”, completa.
Por sua vez, Wei Yao, analista do Société Générale, afirma que os dados da potência asiática vieram em linha com suas projeções. “Todo o relatório confirma que os dados continuaram a enviar sinais contraditórios”, escreve.
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Yao destaca que, assim como o resultado, o crescimento do investimento global provavelmente se manterá pressionado ainda por alguns meses. Mantemos o nosso apelo para abrandamento no segundo trimestre. Uma flexibilização política será necessária para sustentar o crescimento em outros setores e para facilitar uma desaceleração menos dolorosa”, conclui.