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SÃO PAULO – A divulgação da ata do Copom (Comitê de Política Monetária) nesta quinta-feira (15) surpreendeu os analistas de mercado pelo tom direto com que as inteções da autoridade monetária foram tratadas. Em sua última reunião que aconteceu em 6 e 7 de março, a Banco Central reduziu a taxa básica de juro em 0,75 ponto percentual, para 9,75% ao ano.
“Mais clara impossível. A ata trouxe de volta um piso para a Selic no curto prazo. Chama a atenção o penúltimo parágrafo que aponta exatamente para o fim do ciclo de ajuste das condições monetárias”, destacam os especialistas da Rosenberg Consultores Associados.
Para os analistas do Citigroup, Marcelo Kfoury, Leonardo Porto e Marcela Prada, o Copom justificou a decisão de acelerar o ritmo de cortes para 75 pontos-base, como uma estratégia para implementar rapidamente o ajuste total esperado neste ciclo de flexibilização. Como argumento, o governo disse que “a desaceleração é maior do que o esperado da economia doméstica no segundo semestre de 2011”.
Esta é a mesma opinião de André Perfeito, economista-chefe da Gradual Corretora. “Este tipo de comunicação incisiva tem efeitos claros nas expectativas dos agentes e forma preço ao longo da estrutura a termo da taxa de juros, logo o BC resolveu fazer de uma vez o que podia fazer aos poucos, redistribuindo para uma dose concentrada o que poderia ser feito nas próximas 2 ou 3 reuniões”, diz.
Ritmo dos ajustes
Neste sentido, a LCA Consultores projeta que o ajuste restante na taxa básica de juros, a Selic deve ser dividido em mais dois cortes, cada um de 50 pontos-base. “Não se deve descartar totalmente, porém, há a possibilidade de o ajuste remanescente ser realizado de uma só vez, através de um derradeiro corte de 75 pontos-base, já na próxima reunião do Copom, agendada para 18 de abril”, dizem os consultores.
A Rosenberg faz um alerta quanto ao controle da inflação. Segundo a consultoria, ainda persiste um cenário crítico, marcado por um forte descompasso entre oferta e demanda. A alta dos preços deve continuar a preocupar também por conta da estreita margem de ociosidade no mercado de trabalho, dos ganhos salariais acima da produtividade e dos preços das commodities em recuperação no mercado internacional.
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Câmbio
No que se refere ao câmbio, o economista Flavio Combat, da Concórdia Corretora, projeta que as pressões por parte do Governo para promover a valorização do Real vão seguir.
“A dúvida que pode ameaçar essas barreiras à valorização do Real é a eventual realização de uma nova rodada de afrouxamento quantitativo pelo Fed, como se especulou na última semana. Se o banco central norte-americano, de fato, estiver preparando mais uma rodada de injeção de liquidez, teremos problemas sérios para controlar a sobrevalorização do Real”, conclui Combat.