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SÃO PAULO – Na década passada, o antigo presidente da BM&F Bovespa, Raymundo Magliano Filho, ia às portas de fábricas paulistas com um megafone, tentando atrair o pequeno investidor para a Bolsa de Valores. Os anos passaram e o executivo, reconhecido por implantar programas que popularizaram o mercado acionário, como o projeto “Bovespa vai até você”, agora preside a Magliano, a mais antiga corretora inscrita na bolsa brasileira, com 3 mil clientes – em sua maioria, pessoas físicas.
A popularização da bolsa desde a gestão de Magliano na BM&F Bovespa foi expressiva. Em 2001, os investidores individuais somavam 75 mil, número que cresceu oito vezes na passagem para 2011, quando a bolsa registrou 600 mil investidores pessoa física no mês de junho. Ao final de 2010, eram quase 611 mil.
Mas muitos desafios ainda precisam ser superados para atrair o investidor individual, diz o diretor da Magliano, Júlio Cesar Lopes de Oliveira. “Falta ao brasileiro a cultura de poupar sempre; por exemplo, comprar ações com o mercado em baixa, pensando em uma poupança de longo prazo”. Além disso, o cadastro de clientes ainda é complicado e falta flexibilidade entre o pagamento do Imposto de Renda e os recolhimentos anuais da Bovespa, diz o diretor da corretora.
Novidades para driblar a crise
Oliveira admite que a captação ficou mais díficil no início do ano, com a atual instabilidade dos mercados e a aversão ao risco geradas pela crise de dívida soberana na Zona do Euro e a inflação na China. Em contraponto, ele avalia a reação como “natural” e diz esperar ganhar espaço com o atendimento personalizado e a ética com os clientes. “Não oferecemos, por exemplo, produtos ou serviços que não ofereceríamos a nossos familiares”, comenta.
Focada na pessoa física, a corretora reformulou seu departamento de análise, ampliou a área comercial no final de 2010 e lançou três novos portfólios segmentados, para os perfis agressivo, moderado e conservador. O homebroker, por sua vez, deve passar a contar com plataformas eletrônicas profissionais no quarto trimestre do ano.
Guerra de preços forma ‘falsos investidores’
Desde o registro na bolsa, em 1927, a Magliano viu a concorrência se multiplicar e, na guerra pela preferência dos clientes, novos entrantes lançaram mão da guerra de preços. Na hora de escolher uma corretora, o maior peso recai sobre o preço da corretagem e a taxa paga à instituição escolhida pela ordem de compra ou venda.
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A saída encontrada pela corretora foi investir em qualidade, e reforçar a importância do acompanhamento de profissionais capacitados. Sem eles, a taxa de sucesso costuma ser pequena, diz Oliveira.
“A guerra de preços está baseada, na maioria dos casos, em transformar leigos em operadores de mercado, oferecendo cursos rápidos e depois disponibilizando ferramentas de negociação como home brokers. Na nossa opinião, é um erro, pois o mercado é bastante complexo, e exige grande dedicação para obter resultados satisfatórios”, afirma.
Além das carteiras, a corretora também administra fundos de investimento, clubes e ações, e recomenda o investimento de longo prazo – no mínimo 2 anos.