Fundamento Asset investe em treinamento para gerar bons resultados

Para gestora, desempenho do Fundamento Plus, fundo de ações, também pode ser atribuído ao stock picking

Tainara Machado

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SÃO PAULO – Criada em 2008, a Fundamento Asset Management S.A. não pretende ficar apenas na gestão de seu fundo de investimento em ações, o Fundamento Plus, principal produto da gestora atualmente.

A empresa, afirmou Guilherme Russo, diretor-fundador da Fundamento, pretende converter ainda em 2011 seus clubes de investimento com estratégia long-only (que só operam com posições compradas) em um fundo de investimento adepto da mesma estratégia. De acordo com Russo, alguns trâmites ainda estão pendentes e precisam ser acertados com a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e com a BM&F Bovespa, e por isso o prazo não depende apenas da gestora, “mas achamos que é possível”. 

Os planos para o futuro também concentram-se na criação de fundos de investimento com outros focos, como multimercado, que alia operações de renda variável à renda fixa, e até mesmo um produto para aplicações fora do Brasil, conhecidas pelo termo em inglês offshore.

Os projetos embutem a visão de que o mercado brasileiro de gestão de ativos de terceiros ainda tem muito a crescer. “Os juros devem cair bastante nos próximos anos no Brasil, e o mercado deve migrar para a renda variável, então achamos que ainda vai crescer bastante”, declarou Russo. 

Trunfos
A Fundamento tem atualmente cerca de R$ 28 milhões sob gestão, segundo Diogo Nagado, sócio-gestor. Desde seu lançamento, o Fundamento Plus mostra um resultado expressivo. Criado em 27 de março de 2009, as aplicações no veículo renderam desde então 289% até 28 de março, última informação disponível, enquanto o Ibovespa, no mesmo período, registrou valorização de 60,33%. 

Para Guilherme Russo, alguns pontos são fundamentais para o bom resultado obtido até aqui. O primeiro, e mais destacado pelo diretor, é o investimento na equipe e em treinamento. “Investimos bastante tempo na gestão de pessoas, focando em treinamento dos colaboradores. Realizamos também um processo de seleção extremamente criterioso, buscando o perfil certo para esse tipo de negócio”, completou. 

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Com esse suporte, a seleção de ativos mostrou-se acertada. De acordo com Russo, o stock picking foi a estratégia que mais contribuiu para o bom desempenho do Fundamento Plus no período. Além disso, os gestores procuraram também aproveitar a volatilidade do mercado ao aumentar o giro da carteira, comprando e desfazendo-se de ativos com rapidez. 

Investimento para longo prazo
É importante notar, no entanto, que não é no curto prazo que se apoia a estratégia da Fundamento. Em primeiro lugar, aponta o diretor, o horizonte de investimento adequado em renda variável, em sua opinião, é de no mínimo três anos. “Consideramos esse período por acreditar ser um tempo razoável para o mercado se recuperar de quedas”, disse Russo. Justamente por preferir captar clientes de longo prazo, o resgate das cotas no Fundamento Plus só é feito após três meses do pedido.

A gestora também mantém em carteira ativos com potencial de valorização em períodos mais extensos. Neste momento, aponta Guilherme Russo, ações de empresas do setor de construção civil compõem parte do portfólio justamente com essa perspectiva. “Quando a ação está muito barata e a relação entre risco e retorno é atrativa, deixamos parte da carteira investida para um horizonte mais longo de tempo, independente da volatilidade de curto prazo”, explicou. 

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Captação mais difícil
No entanto, apesar de continuar a acreditar que a instabilidade que domina o mercado neste início de 2011 não será permanente, e que o ano ainda guarda boas perspectivas para as ações, o diretor da Fundamento admite que fica mais difícil captar clientes num momento em que o Ibovespa está estagnado. 

“Em momentos mais instáveis, com notícias ruins veiculadas diariamente na mídia, os investidores ficam mais cautelosos e olham mais para os riscos de queda no curto prazo do que para os potenciais de ganho no longo prazo”, indica Russo. No Brasil, especialmente, a cultura é de ingressar na Bolsa apenas após um ciclo de alta já ter se firmado. “A ideia que procuramos transmitir aos nossos clientes é justamente de evitar esse viés”, conclui o diretor.

Filosofias complementares
Ainda assim, este cenário, acredita Russo, pode ser combatido por meio de bons resultados, que aumentam o interesse dos investidores no produto. Para tanto, a gestora continuará a combinar filosofias de gestão de ativos variadas, apoiando-se principalmente na análise fundamentalista, mas com a ajuda de gráficos para assessorar o melhor momento de montar e desmontar posições. 

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A gestora também conta com trade system próprio, que responde por 6% do patrimônio do Fundamento Plus. “Já investimos bastante nesta área de desenvolvimento e pretendemos investir ainda mais”, sinalizou Russo. No entanto, para aumentar a participação de estratégias quantitativas na gestão do fundo, o diretor afirmou que dará preferência por sistemas novos e descorrelacionados entre si.