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SÃO PAULO – A All Ore Mineração (AORE3), empresa pré-operacional criada em 2008, vem chamando atenção do mercado nas últimas semanas. A então “adormecida” ação na Bovespa despencou quase 90% em maio, para depois ensaiar uma disparada de quase 600% do final de maio até este pregão. A movimentação atípica despertou o mercado para a companhia: primeiro porque até aquele momento o papel registrava desde sua listagem na Bolsa baixíssimo giro financeiro por pregão; segundo, o panorama da empresa seguia o mesmo, ou seja, incerto. A companhia ainda não possui receitas uma vez que não iniciou suas atividades de exploração minerárias.
Na Bolsa, a situação da pacata ação mudou drasticamente. De uma hora para outra, a ação que operava desde o começo do ano entre R$ 0,80 e R$ 1,00, despencou para quase R$ 0,06 em maio. Tudo ocorreu por conta de um leilão significativo das ações da empresa no dia 20 de maio, que levou a queda de 93% dos papéis nos cinco pregões seguintes, passando de R$ 1 para R$ 0,06, comentou Marcelo Bernardez Fernandez, diretor estatutário da All Ore, em entrevista ao InfoMoney.
Posteriormente a queda, as ações da empresa reagiram – em um misto de reajuste de mercado e movimento especulativo. Da mínima do dia 27 de maio (R$ 0,06) até a máxima de 24 de junho (R$ 0,75), os papéis saltaram 1.152%. No pregão da última quinta-feira (26), eles fecharam com queda de 22,9%, para R$ 0,37 – da máxima pra cá, são 50% de desvalorização. Mas não foi somente a disparada que impressionou, o volume financeiro movimentado com o papel também mudou bastante nesses dias. Antes girando entre R$ 1 mil e R$ 2 mil por dia, as ações alcançaram no dia 24 de junho um volume financeiro de R$ 5,13 milhões – maior patamar histórico.
A explicação da empresa para a drástica queda foi que um fundo de investimentos fez no final de maio um leilão para venda de um volume significativo de ações da empresa a preço de R$ 0,01 – isto mesmo, um centavo. “Foi um impacto muito grande nos papéis, que estavam cotados próximos a R$ 1. Não sabemos as razões que levaram o fundo a vender os papéis, mas isso provocou um forte efeito nas ações”, disse Bernardez.
Segundo ele, o que ocorreu depois foi ainda mais “estranho”. “Nunca tivemos muita movimentação em Bolsa e o que vimos nos últimos dias foi um volume bem acima da nossa média diária. O que tentamos fazer agora é evitar que essas oscilações continuem”, comentou.
A história da empresa
Sem fazer muito alarde, a empresa é negociada em Bolsa desde 2009. A sua listagem na Bovespa, no entanto, não foi com o objetivo de captação de recursos, uma vez que a empresa não solicitou o registro de oferta pública de ações, mas somente o registro de negociação dos papéis na Bolsa.
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“Fizemos uma emissão privada e a ação começou a operar em bolsa. Posteriormente, ia ter uma subscrição, mas ela não foi adiante pois houve uma série de incompreensões do mercado em adquirir o papel”, disse Bernardez. Desde o início, o principal investidor e acionista controlador da empresa é o fundo alemão Metropolis Capital Markets, que possui atualmente 89,78% das ações da empresa.
Segundo o diretor, a história da empresa iniciou quando o mundo inteiro estava em colapso e o Brasil se tornou uma oportunidade. “Isso fez com que o fundo Metropolis Capital Markets encontrasse na empresa uma alternativa de investimento no setor de mineração. Aí começamos a fazer prospecção de projetos mas tudo no setor é lento”, disse.
Até por conta dessa demora e por a empresa ainda ser pré-operacional, Bernardez acredita que a companhia não atraiu tanta atenção do mercado – pelo menos era o cenário até o final de maio. “É um projeto demorado e que geralmente falha e você precisa ter uma garantia de retorno de investimento”, comentou.
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Além das dificuldades naturais em encontrar investidores, o diretor comentou que a derrocada das empresas pré-operacionais de Eike Batista ajudaram ainda mais a endurecer os fundos de investimentos. “O investidor estrangeiro ficou mais apreensivo e regrediu. A abertura de capital de empresas pré-operacionais ficou muito comprometida. Quase ninguém quer comprar papel de uma empresa que ainda não está operando”, apontou.
Entretanto, o panorama da empresa pode mudar até março do ano. Isso porque é o prazo para que tenha uma resposta se seus projetos serão viáveis ou será preciso encontrar uma alternativa para seu desenvolvimento. Atualmente, a empresa tem cinco projetos de ouro no Brasil, no Pará e Paraíba.
Apesar do futuro ainda incerto, um forte baque veio no ano passado, depois que a empresa concluiu que seu principal projeto não era viável economicamente (o projeto Igaracy 1). Os demais estão ainda em aguardo de definições do novo código de mineração. No primeiro trimestre deste ano, a companhia anunciou que colocou suas atividades no Brasil sob atenção e adotou medidas de redução de custos a níveis muito baixos, citando que continuará adotando medidas adicionais para corte ainda mais severos de custos nos próximos meses. Além do declínio em seu principal projeto, a companhia salientou o clima difícil para pequenas e médas no mercado financeiro no Brasil e exterior.