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SÃO PAULO – Em uma sessão volátil, o Ibovespa encerrou esta sexta-feira próxima do zero a zero, com a maioria dos papéis do índice ainda refletindo a temporada de resultados, que terminou na véspera. Do lado positivo foram 5 das 71 ações do índice registrando ganhos de mais de 3%, enquanto 7 papéis recuaram mais de 2%. Destaque para a Sabesp (SBSP3), que subiu 4,97%, a R$ 22,19, após apresentar seu balanço trimestral.
A empresa registrou uma queda de 3,8% no lucro líquido, para R$ 477,6 milhões em relação ao mesmo período de 2013. Enquanto isso, a receita avançou 5,6% no mesmo período, para R$ 2,79 bilhões. Este foi o primeiro trimestre com a vigência da política de descontos na conta de água para incentivar a redução do consumo. O Ebitda ajustado para excluir despesas não recorrentes, somou R$ 1,01 bilhão, 10,2% maior frente aos três primeiros meses de 2013.
Mesmo considerando o cenário adverso no curto prazo, a companhia registrou resultado consistente, comentou a Planner Corretora. Desconsiderando os efeitos da receita e do custo de construção, a margem Ebitda (Ebitda/Receita Líquida) ajustada seria de 44,5% no primeiro trimestre deste ano, frente aos 42,4% no mesmo período do ano passado. Os analistas, no entanto, não indicam o posicionamento nos papéis da Sabesp dado o cenário atual.
Vale
Entre as ações que pressionaram o índice para baixo estão as da Vale (VALE3; VALE5). Os papéis ordinários da mineradora caíram 2,25%, a R$ 30,40, enquanto os preferenciais recuaram 2,20%, a R$ 27,55. Acompanharam o movimento as ações da Bradespar (BRAP4), holding que detém participação na Vale, com queda de 0,64%, a R$ 20,28.
O desempenho ocorre depois do Credit Suisse ter cortado o preço-alvo dos recibos de ações da Vale negociados nos Estados Unidos, que passaram de US$ 19 para US$ 17 por ADRs (American Depositary Receipts). A recomendação permaneceu como neutra.
Gol
Na ponta negativa, o destaque ficou com a Gol (GOLL4), que fechou com queda de 3,99%, a R$ 13,49. Essa é a terceira queda em quatro sessões do papel. Na véspera, a empresa divulgou seu resultado do primeiro trimestre, que mostrou receita líquida de R$ 2,493 bilhões, representando crescimento de 19,7% na comparação com o mesmo período do ano anterior, enquanto o prejuízo cresceu passou de R$ 75,3 milhões para R$ 96,1 milhões na mesma base de comparação.
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Pesou sobre a empresa o avanço do resultado financeiro negativo, que passou de R$ 106,93 milhões no primeiro trimestre do ano passado para R$ 193,78 milhões entre janeiro e março deste ano. Cerca de 60% dos custos da Gol são em dólares, e a valorização da moeda no ano passado elevou ainda mais os gastos da empresa, principalmente com combustível de aviação. Na comparação com o primeiro trimestre do ano passado, o dólar subiu cerca de 15% nos três primeiros meses deste ano.
MRV Engenharia
Apesar de não ter apresentado seu balanço na véspera, as ações da MRV Engenharia (MRVE3) atingiram seu segundo dia de fortes perdas após a divulgação do seu resultado. Os papéis da companhia fecharam com desvalorização de 2,07%, a R$ 6,60. A receita líquida da empresa alcançou R$ 911 milhões no período, crescimento de 9,8% na comparação com o mesmo período do ano passado, enquanto o lucro líquido avançou 2,5%, indo para R$ 81 milhões. Segundo a XP Investimentos, o setor de construção civil ainda deve ser olhado com ceticismo, uma vez que o ROE (Retorno sobre Patrimônio Líquido) das empresas ainda segue muito baixo. O ROE anualizado da MRV está na casa dos 7,8% e 10,5% nos últimos 12 meses.
Eletrobras
As ações da Eletrobras (ELET3, +2,37%, R$ 7,33; ELET6, +1,18%, R$ 10,27) amenizaram os ganhos registrados no início do pregão, mas fecharam entre as maiores altas do índice depois da empresa ter mostrado um lucro líquido de R$ 992,95 milhões no primeiro trimestre, revertendo o prejuízo de R$ 33,88 milhões reportado no mesmo período de 2013. O Ebitda ficou positivo em R$ 1,688 bilhão no primeiro trimestre, o que representa uma alta de 1.094% sobre um ano antes, quando o Ebitda somou R$ 141 milhões.
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De acordo com os analistas da XP Investimentos, o resultado da Eletrobras foi forte e com aspectos qualitativos importantes. Os analistas acreditam que 2013 foi um ano de limpeza de balanço e ainda decorrente de readequação que a empresa foi obrigada a passar após a aceitação controversa da renovação de suas concessões.
“É cedo para dizer que houve mudança estrutural e seguimos vendo o case como uma ação motivada e guiada essencialmente pela expectativa de mudança política, fator esse que sustentou as altas recentes em nossa visão”, disseram. Mesmo assim, eles apontaram que é inegável que houve avanços importantes especialmente no tocante a execução de seu plano de demissões voluntárias que vem ajudando a empresa na sua necessidade de redução de despesas.
Kroton e Anhanguera
Entre os maiores ganhos do pregão ficaram as ações da Anhanguera (AEDU3) e da Kroton (KROT3) que subiram 5,01% e 4,25%, respectivamente, fechando a R$ 16,97 e R$ 57,35. Na última quarta-feira, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovou a fusão das duas companhias.
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O Cade aprovou a fusão com a condição de venda da Uniasselvi e a suspensão de oferta de alguns cursos onde a concentração é muito alta. Por meio de um ACC (Acordo em Controle de Concentrações), as empresas se comprometeram a alienar a Sociedade Educacional Leonardo da Vinci, que oferece cursos de graduação na modalidade EAD (Ensino à Distância) sob a bandeira Uniasselvi, bem como duas instituições de ensino superior que oferecem cursos presenciais em Rondonópolis e Cuiabá.
Oi
As ações da Oi (OIBR4), que chegaram a cair 4,37%, viraram e fecharam com valorização de 3,83%, a R$ 1,90. Na véspera, a ação OIBR4 fechou em queda de 8%, refletindo o resultado do primeiro trimestre. A operadora de telecomunicações teve um recuo de 13% em seu lucro líquido no primeiro trimestre sobre um ano antes, para R$ 228 milhões. A geração de caixa medida pelo Ebitda somou R$ 2,957 bilhões nos primeiros meses do ano, alta de 37,5% na comparação anual. Vale destacar que nos últimos dias a equipe da Citi Corretora reiterou sua recomendação de venda das ações, colocando o preço-alvo dos papéis em R$ 1,80 – dois centavos abaixo da cotação atual.
Cesp
Apesar de um resultado apontado como bastante positivo pelos analistas, as ações da Cesp (CESP6) fecharam com desvalorização de 2,12%, a R$ 27,30. O lucro da empresa subiu 149,2% entre o primeiro trimestre de 2013 e o início deste ano, passando de R$ 339,01 milhões para R$ 844,83 milhões. Enquanto isso, a receita da companhia atingiu R$ 1,14 bilhão, uma alta de 48,9% na comparação anual. Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) avançou 73,9%, subindo de R$ 841,10 milhões para atuais R$ 1,46 bilhão.
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Para a XP Investimentos, a Cesp foi outra elétrica que se beneficiou dos elevados preços de energia no mercado à vista e de sua descontratação decorrente da não aceitação da renovação de concessões de energia. Junto a isso, os analistas destacaram a queda nas despesas de 6,3%, com destaque para redução nos gastos com pessoal (queda de 8,1%).
Light
A Light (LIGT3) viu suas ações subirem 0,10%, a R$ 19,82, depois da companhia mostrar alta de 129,5% no lucro líquido do primeiro trimestre, influenciado por fortes vendas de energia de curto prazo do negócio de geração e aumento no consumo na área atendida pela distribuidora. A companhia teve um lucro líquido de R$ 181 milhões no período, superando a estimativa média de analistas, que esperavam lucro de R$ 147 milhões. O Ebitda subiu 27,5%, para R$ 453 milhões no primeiro trimestre.
Segundo a XP Investimentos, os números da Light se mostraram bastante fortes, mas relativamente em linha com o esperado pelo mercado. O destaque negativo ficou por conta de nível de perdas não técnicas, que mostrou deterioração, com aumento de 0,2 ponto percentual.
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Cemig
As ações da Cemig (CMIG4) registraram valorização de 1,20%, cotadas a R$ 16,04. A estatal mineira viu seu lucro líquido subir no primeiro trimestre e ficar acima das expectativas, apoiado em melhora nas receitas operacionais e financeiras. A empresa informou na noite de quinta-feira que seu lucro líquido teve alta de 44,5% sobre igual período do ano passado, totalizando R$ 1,25 bilhão. O valor ficou acima da estimativa média de R$ 1 bilhão de quatro analistas ouvidos pela Reuters.
Segundo a XP Investimentos, os números da empresa foram bons, em parte dentro das expectativas e podem gerar reação positiva no mercado. Os analistas, no entanto, continuam vendo a relação risco versus retorno da empresa como não atrativo, dado as incertezas associadas a decisões de renovação de contratos em Jaguara, São Simão e Miranda. O julgamento dessa semana que poderia trazer alguma novidade no caso, foi postergado e por hora a empresa segue operando a usina sob liminar, correndo o risco de, em caso de perca, ter que devolver parte dos ganhos extras obtidos com a venda de energia da usina de Jaguara, comentam.
BR Insurance
Fora do Ibovespa, os papéis da BR Insurance (BRIN3) caíram 0,59%, a R$ 8,36, depois de resultado do primeiro trimestre. A empresa teve uma queda de 69,7% no lucro líquido, para R$ 8,3 milhões, enquanto a receita líquida teve baixa de 7,9%, a R$ 54,52 milhões. O caixa gerado nas atividades operacionais foi de R$ 23 milhões no primeiro trimestre ante R$ 27 milhões no mesmo período do ano anterior.
Segundo a XP Investimentos, o desempenho observado continua sendo impactado pelo processo de reestruturação sofrido pela instituição. Com relação às perspectivas para o ano, os analistas consideram que a evolução em termos de receita pode ser comprometida, em função do foco da atual gestão no projeto de ajustes coordenado pela Falconi (consultoria), tendo como objetivo, principalmente, integrar a instituição e aprimorar o alinhamento de interesse do grupo.
Vale mencionar que no final de março as ações da empresa caíram 30% no dia seguinte da divulgação do resultado do quarto trimestre. Considerando os 5 dias posteriores, a queda acumulada foi de pouco mais de 60%. Juntamente com números muito aquém das expectativas do mercado nos últimos meses do ano passado, a empresa informou ao mercado naqueles dias também que seu então presidente, Antônio José Lemos Ramos, não se candidataria à reeleição ao cargo, cujo mandato se expirou em 6 de maio.