Especulações, escândalos ou promessas: conheça as pontas da bolsa em 2010

Manguinhos lidera altas e Unipar é a pior da bolsa no ano; lista traz ainda nomes marcantes no noticiário, como PanAmericano

Anderson Figo

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SÃO PAULO – O Ibovespa decepcionou em 2010. O principal índice da bolsa brasileira fechou a última sessão do ano aos 69.305 pontos, enquanto que a mediana das estimativas compiladas pela InfoMoney entre dezembro de 2009 e janeiro deste ano apontava o patamar de 82 mil pontos para o benchmark paulista ao final de 2010.

Embora o benchmark brasileiro tenha ficado de lado neste ano, influenciado pelo fraco ritmo de recuperação da economia norte-americana e pela crise fiscal na Europa, sem contar o fraco desempenho de blue chips de peso como siderúrgicas e Petrobras, o movimentado noticiário corporativo interno estimulou oscilações expressivas em alguns ativos listados na BM&F Bovespa ao longo do período, tanto positivas, quanto negativas.

Seja por especulações, escândalos ou promessas, as pontas da bolsa trouxeram nomes de grandes companhias, além de algumas empresas que geralmente ficam fora do radar do mercado. Entre os destaques, as ações da Refinaria de Petróleo Manguinhos (RPMG3, RPMG4) dominaram o topo dos ganhos na BM&F Bovespa, enquanto a Unipar (UNIP3) encabeçou o ranking das maiores baixas no ano.

Confira abaixo as pontas de alta e de baixa da BM&F Bovespa ao longo de 2010, assim como os principais drivers que motivaram as performances dos papéis:

Unipar ON UNIP3 -68,18% PET Manguinhos ON RPMG3 +505,21%
Banco PanAmericano PN  BPNM4 -60,99% PET Manguinhos PN RPMG4 +458,71%
Positivo ON POSI3 -54,97% Teka PN TEKA4 +322,58%
ALL América Latina Logística ON ALLL3 -51,01% Sansuy PNA SNSY5 +297,22%
LLX Logística ON LLXL3 -50,56% Tarpon Invest. ON TRPN3 +192,25%

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PET Manguinhos: de especulação a promessa

Liderando a ponta positiva da BM&F Bovespa em 2010, as ações ordinárias da Refinaria de Petróleo Manguinhos (RPMG3) somaram valorização de 505,21%, encerrando o ano cotadas a R$ 0,65. Na segunda posição do ranking, aparecem os ativos preferenciais da refinaria (RPMG4), que tiveram alta anual de 458,71%, valendo R$ 0,59.

Diante destes números, muitos se perguntam o que leva uma ação a ter 500% de alta acumulada em um ano? A resposta mais sã seria especulação. No caso da PET Manguinhos, porém, é uma combinação entre muitos rumores e planos para a retomada das operações da empresa, com uma guinada completa nos negócios.

Ao longo de 2010, houve mais de um rumor de aquisição da companhia que, no entanto, não foram confirmados. Paulo Henrique Menezes, superintendente-executivo da Refinaria de Manguinhos, afirmou em entrevista à InfoMoney que o crescimento da empresa tem sido alvo de estudos. “Não temos, no entanto, interesse em vendê-la”, disse.

Além das especulações acerca da venda da empresa, houve também rumores confirmados ao longo do primeiro semestre. O protocolo de intenções assinado com a Petrobras (PETR3, PETR4) em 23 de junho é um desses fatores, e foi recebido de forma bastante positiva pelos investidores: no dia, os papéis preferenciais fecharam com alta de 29,3%, enquanto os ordinários subiram 27,4%.

Além disso, aos poucos, a empresa pretende retomar as operações, distanciando-se da situação ocorrida nos anos passados, quando optou pela suspensão da produção. Os projetos da companhia não são poucos – nem modestos. Conforme comunicado enviado à bolsa no início deste ano, a empresa possui seis empreendimentos em desenvolvimento: os projetos Biodiesel, de Terminais de Granéis líquidos (TGLM), de armazenagem e distribuição de Gás Liquefeito de Petróleo, de estação de tratamento de efluentes, Termelétrica e de Refinaria Boutique.

Menezes declarou à InfoMoney que todos os projetos continuam em andamento. “Estamos em fase final de estudo de alguns, em implementação de outros e aguardando algumas autorizações para darmos início aos que já estão em fase de implementação”, explicou. Os mais adiantados são o TGLM e o de armazenagem, que devem ser finalizados até o inicio do próximo ano.

Acusação de fraude
No início de dezembro, as ações da companhia amenizaram os fortes ganhos de 2010 após uma notícia publicada no jornal O Globo ter acusado a empresa de envolvimento em um esquema de fraude na venda de combustíveis no estado do Rio de Janeiro. Segundo a Polícia Civil, um deputado federal ou senador manteria contatos com o empresário Ricardo Andrade Magro, cujo grupo é dono da petroquímica desde 2008, a fim de protegê-lo de eventuais fiscalizações. Contudo, os papéis PN e ON da refinaria tiveram uma retomada e fecharam o último mês de 2010 com fortes ganhos de 22,92% e 25%, respectivamente.

Segundo a reportagem, a petroquímica na verdade funcionaria como um centro distribuidor de combustível. Um regime de substituição tributária desde 2002 permitiria o não recolhimento de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), devido ao fato da instituição ser considerada uma refinaria.

Um inquérito do Ministério Público apura ainda o envolvimento de um ministro de estado, seu filho e funcionários da ANP (Agência Nacional do Petróleo), acusados de fornecer informações privilegiadas sobre revistas na refinaria, onde ficaria “a base operacional do grupo”.

Resposta
Em comunicado ao mercado, a empresa declarou que “na nova gestão do Grupo Andrade Magro, iniciada em dezembro de 2008, e pela reestruturação realizada, a companhia há mais de um ano não compra esses produtos acabados”. A aquisição de gasolina para aumentar a octanagem de naftas leves era costume da antiga administração, do Grupo Peixoto de Castro.

A Refinaria Manguinhos disse ainda ser “uma empresa listada em bolsa e em dia com as suas obrigações legais” e prometeu manter o fornecimento a seus clientes normalizado, assim como o fluxo de suas operações. Além disso, segundo o comunicado, os fatos relatados pelo jornalista considerariam os atos praticados entre abril de 2008 e 2009, um período que foi regido majoritariamente (75%) pelo antigo grupo controlador.

Por fim, o Grupo Andrade Magro disse que a Secretaria da Fazenda Fluminense e a Paulista tiraram diferentes conclusões sobre a atividade da companhia, sendo que a primeira afirmou que a atividade preponderante não seria de distribuidora. “Existe um verdadeiro contrasenso entre o relatório defendido pela Fazenda Fluminense e a legislação vigente no país”, revelou o documento.

Teka: após crise, empresa aposta na reestruturação

Em terceiro lugar no ranking das maiores altas da BM&F Bovespa no ano, as ações preferenciais da Teka (TEKA4) somaram expressiva valorização de 322,58% em 2010, fechando o período cotadas a R$ 1,31. Depois de terem sofrido com a crise financeira em 2009, os papéis da companhia registraram diversos ralis de alta ao longo deste ano. O valor dos ativos, que são pouco líquidos, é pequeno, o que aumenta o risco de volatilidade.

Apesar disso, o ano de 2010 foi marcado por diversos rumores e eventos que tiveram recepção positiva dentre os investidores. Em meados de setembro, correu no mercado a especulação de que a Teka busca judicialmente a recuperação de alguns créditos tributários, e que esses valores atualmente não se encontram reconhecidos nos seus registros contábeis. O boato não foi comentado pela tecelagem, mas no mesmo dia em que ele surgiu, em 10 de setembro, as ações da empresa dispararam mais de 30% na BM&F Bovespa.

Outro vetor favorável às oscilações positivas do papel é a reestruturação da companhia. Segundo Marcello Stewers, diretor vice-presidente da companhia, os resultados da reestruturação – que incluiu a renegociação de dívidas, cortes de despesas e mudanças na diretoria da empresa – já são nítidos nos números da Teka: a empresa tem acumulado altas trimestrais de receita bruta e geração operacional de caixa.

Em entrevista à InfoMoney, em junho deste ano, Stewers comentou ainda sobre as menores exportações da empresa – que ele vê como tendência, caso o dólar siga em desvalorização -, a concorrência chinesa no setor têxtil, boatos de fusões e aquisições e disse que a prioridade agora é fazer a empresa voltar a lucrar.

“Para o setor têxtil, esperamos uma melhora pos dois motivos: primeiro, pelo aquecimento da economia brasileira como um todo; segundo, porque até o ano passado, muitas empresas do setor estavam apostando na exportação – e esse volume diminuiu muito este ano. Aí não temos mais a incógnita do câmbio no balanço”, disse Stewers.

De acordo com o executivo, a concorrência chinesa no setor é um problema grave. Stewers comentou que hoje entra muito produto vindo da China no mercado brasileiro, basicamente insumos e tecido a metro, o que diminui o espaço no mercado para os players domésticos. Por outro lado, o diretor destacou que a Teka também compra alguma coisa de produtos importados, tentando se aproveitar da queda do dólar.

Stewers comentou ainda sobre a forte alta auferida pelos papéis da Teka até então. “Se você olhar o movimento das nossas ações de 3, 4 anos para cá, esse é um dos piores anos para as nossas ações em termos de quantidades de negócios – porque a Teka era a maior do País nesse sentido. Hoje, isso está pior – suspeitamos que seja porque demoramos um pouco para fazer o grupamento de ações, e ficamos meio no esquecimento. O retorno desse movimento, eu acredito que seja um reflexo da recuperação dos nossos números”, completou.

Sansuy: crescimento nas receitas e reversão de prejuízo

Com performance positiva de 297,22%, cotadas a R$ 2,86, as ações preferenciais classe B da Sansuy (SNSY5) tiveram a quarta maior performance da BM&F Bovespa em 2010. Por ser uma ação de baixo valor e liquidez, o papel possui uma exposição maior às volatilidades, comuns para este tipo de ativo. Além disso, devido a essas características, o risco de que a ação seja alvo de especulações também é maior.

Apesar disso, a expressiva performance positiva da companhia também reflete em partes seu desempenho financeiro, que mostrou fortalecimento da receita ao longo do ano. Entre janeiro e março, a empresa auferiu vendas no valor de R$ 50 milhões, volume que foi superado em 11,4% pelos R$ 55,7 milhões de receita que a companhia registrou nos três meses seguintes. Além disso, entre julho e setembro de 2010, a Sansuy reportou vendas de R$ 73,2 milhões, um incremento de 31,3% frente ao 2T10.

Além do aumento nas receitas, a Sansuy também alimentou o ânimo dos investidores com seus lucros. No primeiro quarto deste ano, a empresa havia reportado um prejuízo líquido de R$ 12,3 milhões, que se somara posteriormente ao novo prejuízo, desta vez de R$ 9,4 milhões, visto no segundo trimestre de 2010. Apesar disso, beneficiada pelo aumento nas receitas, a companhia registrou lucro líquido de R$ 453 mil entre julho e setembro deste ano, invertendo o prejuízo dos trimestres anteriores. Assim, a empresa reduziu suas perdas acumuladas no ano para algo em torno dos R$ 20 milhões.

Tarpon: ânimo vindo de resultados e dividendos

Completando o ranking das cinco maiores altas da BM&F Bovespa em 2010, aparecem as ações da Tarpon Investimentos (TRPN3), com avanço de 192,25%, cotadas a R$ 17,30. A expressiva performance positiva dos ativos no ano reflete em partes o ânimo dos investidores frente ao forte crescimento dos resultados da empresa no período, somado à divulgação de proventos.

De acordo com o último balanço financeiro da Tarpon, a gestora de recursos totalizou ROL (receita operacional líquida) de R$ 33,5 milhões no terceiro trimestre de 2010, o que corresponde a um avanço de 276,4% frente aos R$ 8,9 milhões auferidos em igual período de 2009. Além disso, o lucro líquido da empresa saltou de R$ 7,8 milhões no 3T09 para R$ 25,3 milhões no 3T10, um incremento de 224,4%. Com isso, a empresa somou R$ 182,7 milhões de ROL e R$ 130,6 milhões de lucro nos nove primeiros meses deste ano.

Maiores ativos sob gestão
Quanto ao forte desempenho positivo das ações da Tarpon no ano, ele também reflete em partes a percepção de estabilidade em relação aos ativos geridos pela companhia. “A base de investidores dos fundos Tarpon é majoritariamente composta por investidores institucionais estrangeiros com perfil de investimento de longo prazo. Esta característica, além de trazer maior estabilidade à base de ativos sob gestão, permite o alinhamento dos interesses dos investidores com a estratégia da companhia”, disse a Tarpon em nota.

Cabe destacar que os ativos sob gestão da companhia totalizaram R$ 5,6 bilhões ao final do terceiro trimestre deste ano, um aumento de 13% na comparação com os R$ 5 bilhões auferidos no final do segundo trimestre de 2010. Já em relação ao terceiro quarto de 2009, o crescimento foi de 61%.

Dividendos
Refletindo o incremento nos lucros, as ações da companhia também se beneficiam das boas perspectivas dos investidores em relação a distribuição de dividendos. Entre janeiro e setembro deste ano, a Tarpon Investimentos já havia distribuido R$ 105,2 milhões na forma de proventos aos seus acionistas, correspondendo a um montante de R$ 2,55 em dividendos por ação.

Unipar: alienação na Quattor

Liderando a ponta negativa da BM&F Bovespa, as ações ordinárias da Unipar (UNIP3) totalizaram perdas de 68,18% em 2010, fechando o ano valendo R$ 0,70. A companhia iniciou este ano com suas ações fortemente penalizadas pela alienação de sua participação na Quattor, o que teve grande influência na performance anual dos papéis.

Por conta da operação, a companhia reportou prejuízo líquido de R$ 746 milhões no último trimestre de 2009, frente às perdas de R$ 50 milhões verificadas entre outubro e dezembro de 2008. No acumulado do ano passado, o prejuízo líquido atingiu R$ 680,6 milhões, ampliando a perda auferida no exercício anterior, de R$ 152,3 milhões. A empresa declarou que o resultado “foi fortemente influenciado pelo reflexo contábil da operação de alienação da totalidade das participações societárias da companhia nas empresas Quattor Participações, Unipar Comercial e Polibutenos”.

De fato, a alienação da participação da empresa na Quattor foi um dos principais drivers destas ações. Os termos, no geral, foram vistos pelo mercado como desfavoráveis para a Unipar. A ação mais líquida da empresa em bolsa é a preferencial classe B (UNIP6), que também sentiu o peso do processo de saída da Quattor e perdeu metade do seu valor em 2010.

Depois da operação, a Fitch Ratings retirou a empresa de seu universo de cobertura, após elevar a nota nacional de longo prazo da companhia para A+(bra). “A ação no rating da Unipar reflete o anúncio, pela companhia, da conclusão da venda da totalidade de sua participação acionária na Quattor”, revelaram Debora Jalles e Ricardo Carvalho, analistas da Fitch.

Desta forma, apontaram os analistas, o rating da Unipar passou a refletir exclusivamente a força de crédito de seu único ativo, a Carbocloro, que apresenta um histórico de forte e estável geração de caixa operacional, aliado a uma estrutura de capital bastante conservadora. “A Unipar detém 50% do capital votante e total da companhia”, destacou a Fitch.

 Banco PanAmericano: desfalque para o “homem do baú”

Foco do noticiário na segunda metade de 2010, as ações do Banco PanAmericano (BPNM4) registraram perdas de 60,99% neste ano, cotadas a R$ 4,05. Em meados de outubro, as ações da instituição financeira começaram a ser pressionadas por rumores acerca de uma possível intervenção do Banco Central no PanAmericano. As quedas, até então modestas, foram fortemente acentuadas depois da confirmação de um aporte ao banco, não relizado pelo BC, mas sim pelo Grupo Silvio Santos.

Em nota enviada ao mercado no dia 9 de novembro, o Banco PanAmericano anunciou que o Grupo Silvio Santos, seu acionista controlador, realizou um aporte de capital de R$ 2,5 bilhões, obtidos através de operação contratada com o FGC (Fundo Garantidor de Crédito) integralmente garantida por bens do patrimônio do grupo.

De acordo com o documento, o objetivo da operação era “restabelecer o pleno equilíbrio patrimonial e ampliar a liquidez operacional da instituição, de modo a preservar o atual nível de capitalização, em virtude de terem sido constatadas inconsistências contábeis que não permitem que as demonstrações financeiras reflitam a real situação patrimonial da entidade”.

Após o anúncio, o PanAmericano se tornou figura constante no noticiário corporativo dos pregões seguintes em meio às análises da fraude que teria sido cometida por membros do banco e que o acabou levando a um rombo de R$ 2,5 bilhões. Com isso, além da expressiva quantia de reais, o PanAmericano perdeu também a credibilidade no mercado.

Apesar de ser um caso pontual, a fraude pressionou as ações do setor financeiro – as do PanAmericano caíram 29,54% no dia 10 de novembro – e trouxe desconfiança sobre os pequenos e médios bancos do País. Agora, com uma participação forte da Caixa Econômica Federal – que detém uma grande fatia do banco – no Conselho, o PanAmericano deve tentar reconstruir sua imagem, enquanto passa por investigações do Ministério Público e da Polícia Federal, e lida com sua possível venda para outras instituições.

Positivo: noticiário desfavorável pressiona ações

Ocupando o terceiro lugar entre as quedas da BM&F Bovespa em 2010, as ações ordinárias da Positivo (POSI3) tiveram baixa de 54,97% neste ano, cotadas a R$ 9,75. Quem se recorda dos destaques positivos da bolsa em 2009 apontados pela Equipe InfoMoney vai se lembrar da Positivo, que viu suas ações subirem 231% em meio à resistência demonstrada pela empresa às investidas de grandes players do setor, como a Lenovo.

Em 2010, ao invés das tentativas de comprar da empresa, as multinacionais Acer, HP e Dell adotaram posturas mais agressivas para capturar os clientes perdidos no agravamento da crise financeira. Através da redução do preço de produtos finais e de parcerias com redes de varejo, a Positivo sentiu a pressão da concorrência nesse ano, que vem a cada mês abocanhando parte do seu market share no País. Apesar de sua parceria com o governo ter ajudado a amenizar as perdas no varejo, é importante lembrar que essa demanda é pontual, não podendo ser replicada no futuro.

No entanto, a trajetória declinante de suas ações ganhou mais força a partir de novembro, após a divulgação do balanço referente ao terceiro trimestre de 2010. Com números abaixo do esperado pelos analistas, os papéis da Positivo desabaram 10,5%, dando início ao momentum negativo.

Enquanto as ações de Cia Hering e Marcopolo deverão ingressar no IBrX-100, as ações POSI3 estão presentes na lista de quem deverá deixar de fazer parte da composição do índice no próximo quadrimestre.

ALL Logística: o processo de ingresso ao Novo Mercado

A ALL viu suas ações ordinárias (ALLL3) fecharem 2010 cotados a R$ 15,00, com queda de 51,01% – a quarta maior de toda a bolsa no ano. O desempenho negativo dos ativos refletiu, principalmente, a entrada no Novo Mercado, em 22 de outubro. A empresa também mudou seu estatuto social e substituiu as ações preferenciais (ALLL4) e as units (ALLL11) pelos papéis ordinários.

De acordo com assembleia realizada em 9 de setembro, enquanto a relação entre os papéis preferenciais e ordinários foi de 1:1, o grupamento dos papéis foi feito na razão de 5 ações para 1 nova ação, “de forma a manter a continuidade dos preços de negociação de seus valores mobiliários”, disse a empresa.

Ademais, parte dos analistas, como Luiz Augusto Pacheco e Raphael Cordeiro, da Omar Camargo Corretora, acredita em uma relação entre investimentos e receita líquida menor nos próximos anos. O motivo é que a expansão da linha no Alto Araguaia até Rondonópolis está quase no fim e a absorção da Brasil Ferrovias está quase terminada.

LLX Logística: cisão parcial para criação da PortX penaliza papéis

Com desvalorização acumulada de 50,56% em 2010, as ações ordinárias da LLX Logística (LLXL3) encerarram o ano cotadas a R$ 4,73, ocupando a quinta colocação dentre as maiores baixas da BM&F Bovespa no período. O desemenho negativo dos ativos reflete a criação da PortX (PRTX3), que é fruto da cisão parcial da LLX, compreendendo os seus ativos do Porto Sudeste.

Conforme comunicados enviados ao mercado pela LLX, em acordo com a MMX Mineração (MMXM3) e a Centennial Asset, a cisão parcial da LLX faz parte da compra de 100% da LLX Sudeste pela mineradora por aproximadamente US$ 2,3 bilhões. Dessa forma, depois da listagem da PortX, a MMX realizará uma OPA (Oferta Pública de Aquisição) das ações da empresa, que em seu pregão de estreia no Novo Mercado, no dia 3 de dezembro, tiveram uma disparada 806,98% – a maior alta em toda a BM&F Bovespa naquele dia -, com a cotação passando de R$ 0,43 (valor firmado para a estreia) para R$ 3,90.

Enquanto isso, no mesmo pregão, os papéis da LLX tiveram o pior desempenho da bolsa brasileira ao despencarem 40,7%, fechando a R$ 4,59. Esta performance se somou à baixa de 3,76% vista no dia anterior, quando as ações da LLX já haviam registrado a segunda pior performance do Ibovespa.

A pesada variação dos papéis de ambas as empresas pode ser explicada pela estrutura da operação. Com a cisão dos ativos da LLX para a criação da PortX, os ativos LLXL3 perderam, em valor, R$ 0,43 – que foi considerado o preço de estreia dos papéis PRTX3. O mercado, contudo, pareceu avaliar que esse valor não foi justo. Por isso, os investidores penalizam as ações da LLX na sessão do dia 3 de dezembro, bem como nos pregões seguintes, ao mesmo tempo em que veem as ações da PortX como baratas frente a seu potencial.

Vale destacar ainda que, segundo o analista Rodrigo Góes, do BTG Pactual, há dois contratos garantindo volumes mínimos no Porto Sudeste. O primeiro é da MMX de transporte de 10,4 milhões de minério de ferro em 2013, 25,5 milhões em 2014 e 27,2 milhões anuais de 2015 a 2033. O segundo é da Usiminas, com volumes de 2,4 milhões do produto em 2012, 3,2 milhões em 2013, 6,4 milhões em 2014 e 9,6 milhões em 2015 e 2016.