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SÃO PAULO – A última segunda-feira (5) marcou a estreia da carteira do Ibovespa após a mudança de metodologia para escolha dos ativos, a 1ª desde a criação do índice, em 1968. A principal alteração percebida é a perda da hegemonia das empresas de commodities Petrobras e Vale, que nos últimos anos ocuparam a liderança do benchmark em participação mas desta vez perderam espaço para o Itaú Unibanco.
Muitos investidores podem estranhar por um primeiro momento essa mudança. Mas a história do próprio Ibovespa mostra que mudanças são muito comuns dentro do índice – mesmo antes da nova metodologia.
Da série histórica disponibilizada pela BM&FBovespa em seu site, que compila os últimos 13 anos, a composição do principal índice de ações da Bolsa mudou bastante, revelando alguns dados bem interessantes. Em 2001, por exemplo, o carro-chefe do Ibovespa eram as ações do setor de telefonia. Telemar, atual Grupo Oi (OIBR4), na época era uma das empresas cujas ações todo mundo queria, representando o maior peso no benchmark, de 15,209%. Atualmente, no entanto, a empresa nem existe mais no mercado. A companhia se despediu da Bolsa em 2012 após um processo de reestruturação do Grupo Oi. E tem mais. Hoje, o Grupo Oi representa apenas 0,744% do Ibovespa.
Além de Telemar, outras do setor figuravam entre as cinco maiores do índice em 2011: 4ª) Globo Cabo (4,401%); 5ª) Brasil Telecom (4,247%); 6ª) Embratel (4,115%); 7ª) Telepar (4,247%). Brasil Telecom, Embratel e Telepar também viraram Oi. A Globo Cabo virou Plim e depois Net. Na época, a Globo Cabo era “queridinha” do mercado, atualmente quase ninguém comenta mais de Net. As ações têm uma liquidez baixíssima na Bovespa.
A história não para por aí. Fazia parte da carteira do Ibovespa também outras empresas que hoje nem existem mais ou não são mais listadas na Bovespa, como é o caso da Telesp (que foi operadora de telefonia do Grupo Telebras), Telefônica Data Brasil (que teve registro cancelado em 2006), Gerasul (geradora de energia da Eletrobras), Copene (petroquímica do Nordeste), Siderúrgica Tubarão (do grupo ArcelorMittal), VCP (Votorantim Celulose e Papel), CRT Celular e Tele Leste (adquiridas pela Vivo), Aracruz, Acesita (hoje Aperam South America), Tele Nord CI, Telemig e Ipiranga. Ou seja, das 57 ações que faziam parte do Ibovespa, 25 nem são mais listadas na Bolsa.
Já outras ações, que outrora foram gigantes, viraram “micos”agora (por movimentarem um número extremamente baixo de negócios por dia). Um dos exemplos é a Inepar (INEP4), que já esteve no Ibovespa, mas saiu em 2004 e atualmente mostra um giro financeiro baixíssimo na Bolsa.
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Como esquecer da OGX?
Recentemente, mais um caso entrou para a lista. A Óleo e Gás Participações (OGXP3), ex-OGX Petróleo, já foi a terceira empresa de maior peso no Ibovespa. Em janeiro de 2011, a petrolífera de Eike Batista alcançou esse posto, na época com 4,3049% da carteira teórica do benchmark. Naquele 7 de janeiro, a ação batia sua maior cotação na Bolsa, a R$ 20,75. Entretanto, uma série de problemas financeiros fez com que a empresa entrasse com pedido de recuperação judicial no fim de outubro do ano passado, levando a sua saída do índice no dia 31 daquele mês. Atualmente, a ação é cotada R$ 0,23.
Casos interessantes também ocorreram no sentido inverso: ações que antes eram relativamente “pequenas” no índice hoje se tornaram gigantes. A Ambev (ABEV3) tinha uma participação no Ibovespa de somente 1,29% em 2001, enquanto em 2014 figura como a quinta ação de maior peso no índice (3,8%) e maior valor de mercado da Bovespa, fechando o pregão da última terça-feira a R$ 264,758 bilhões.
A última grande alteração na carteira diária do Ibovespa foi a Petrobras (PETR3; PETR4), que perdeu em março, pela primeira vez desde 2005, o status de estar entre as duas maiores do índice e foi ultrapassada pelo Itaú Unibanco (ITUB4) depois de uma queda acentuada nos primeiros três meses do ano. Mas, com a forte valorização das ações da Petrobras nas últimas semanas, a empresa retomou o posto perdido.