Publicidade
SÃO PAULO – O mês de fevereiro não começou positivo para a maior parte dos investidores. Após registrar uma queda de 7,51% em janeiro, o Ibovespa iniciou o mês de fevereiro com expressiva baixa de 3,13%, no seu menor patamar em sete meses, em meio aos temores com os emergentes, o cenário pior para a economia brasileira e pressionado pelos dados ruins da indústria norte-americana.
Nesta terça-feira, 4 de fevereiro de 2014, o benchmark da bolsa tenta repicar e registra alta de cerca de 0,8%, conforme cotação do 12h (horário de Brasília). Contudo, se comparado a 23 anos atrás, esta leve alta do Ibovespa contaria como apenas um dos dígitos do forte desempenho do Ibovespa no mesmo dia de 1991.
Vale ressaltar o diferente contexto histórico em que vivíamos, em meio à alta inflação e com o início de mais um dos vários Planos para que a economia se estabilizasse, o que gerava grandes oscilações no mercado. Porém, também podemos apontar para tendências similares com as observadas atualmente: as grandes oscilações da história do Ibovespa estão diretamente ligadas aos solavancos da economia interna.
Em uma dia, 36% de alta
De início, vamos analisar as raízes da maior alta em termos percentuais da história do Índice Bovespa até aqui. Imagine uma valorização de 36,05% em apenas um dia. Aconteceu em 4 de fevereiro de 1991, o primeiro dia do Plano Collor 2. Na base de pontuação atual, uma alta desta magnitude representaria ganho, em um pregão, de quase 16.500 pontos para o índice, o que praticamente apagaria as fortes quedas e faria com que voltasse aos 63.000 pontos, patamar registrado pela última vez em janeiro de 2013. Mas foi em outros tempos. Naquela época, o Ibovespa pulou de 47.480 pontos para 64.601, em termos ajustados, de 0,047 ponto para 0,064 ponto. Rali de 71%
Mais impressionante que a valorização do dia em si, foi o movimento acumulado. Antes de fechar aquela segunda-feira com 36% de alta, o Ibovespa vinha de cinco valorizações consecutivas, e também impressionantes. A alta veio em resposta ao anúncio do Plano Collor II. Em meio a taxas de inflação astronômicas, o mercado agia na perspectiva de efetividade das medidas de controle de preços. Para se ter uma ideia, a inflação acumulada no ano chegava a 1.198% em 1990. A matéria foi publicada pelo Portal InfoMoney originalmente no dia 29 de maio de 2009. Confira clicando aqui.
Na semana anterior à confirmação do plano, as expectativas garantiram altas seguidas de 11,96%, 6,18%, 6,12%, 8,00% e 3,40%. Nestes seis dias, o índice saltou 71,2% em seis sessões. No pregão seguinte, queda de 4,13%.
Um freio para a inflação
A proposta básica do plano consistia em centralizar as operações de curto prazo através da criação do Fundo de Aplicações Financeiras, extinguir operações overnight e eliminar o BTNf – Bônus do Tesouro Nacional fiscal, utilizado para indexar preços.
O mais expressivo avanço da bolsa brasileira parece intimamente ligado à fase de transição da economia, mas não deixa de mencionar a participação do capital estrangeiro. Em meio à abertura do mercado nacional às importações e ao início do Programa Nacional de Desestatização, o período marcou a abertura da bolsa ao investidor estrangeiro.