Investidores aguardam queda de mais de 10% nas bolsas dos EUA; a dúvida é quando virá

Prestes a completar 5 anos de "bull market" nos Estados Unidos, especialistas começam a se questionar quando a correção virá; última forte queda do S&P 500 foi há quase 3 anos

Paula Barra

(Shutterstock)
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SÃO PAULO – Sem nenhuma correção substancial nos principais índices norte-americanos nos últimos 28 meses, alguns investidores começam a se questionar quando virá a próxima queda de 10% ou mais nas bolsas dos Estados Unidos.

As especulações começaram no início deste mês, quando o S&P 500 sofreu uma perda de 6% em relação ao seu recorde atingido em janeiro deste ano. No entanto, em seguida, as ações se recuperaram e marcaram quatro dias de ganhos, sequência quebrada apenas na última quarta-feira, quando o índice recuou 0,03%. O movimento deu mais força para as especulações se o índice havia iniciado a tão aguardada correção – que no jargão técnico significa uma queda de 10% ou mais – ou, pior ainda, se teria finalmente entrado em “bear market” (que descreve um forte movimento descendente no mercado) – que corresponde a queda de 20% ou superior.

Junto a isso, mais um item ajudou a aumentar o burburinho em torno do assunto: a ressurgência de um gráfico denominado “Paralelo Assustador“, no qual indica uma forte correlação entre o comportamento do mercado antes do crash de 1929 e o atual. A conclusão, alcançada por Tom McClellan, editor da McClellan Market Report, vem assombrando Wall Street. Segundo ele, “não há nenhuma garantia de que o mercado vai continuar seguindo cada passo de 1929, mas entre agora e maio de 2014 há uma série de razões para se ter cautela”. 

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Última forte queda foi em há quase 3 anos…
A última queda de mais de 10% foi no verão do Hemisfério Norte de 2011, durante o debate do aumento do teto da dívida e o subsequente corte no rating dos EUA pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s. Como resultado, o índice caiu 18% de julho a outubro daquele ano antes de iniciar sua recuperação atual. Mesmo com isso, o S&P 500 está próximo de completar seu quinto aniversário de “bull market” (que descreve o forte movimento ascendente do mercado, ou de alta de 20% ou mais). Do segundo semestre de 2011 para cá, o S&P 500 registrou apenas leves correções de cerca de 5% (confira abaixo). 

Em recente pesquisa com investidores, realizada pelo Market Watch, quase metade indicaram um sentimento pessimista com o mercado. Além disso, o time “bearish” tem um reforço de peso: o lendário gestor norte-americano George Soros, que administra US$ 28,6 bilhões. Segundo dados revelados nesta segunda-feira, o gestor teria aumentado para US$ 1,3 bilhão no quarto trimestre do ano passado sua aposta na queda do S&P 500, através de puts (opções de venda) em ETFs do índice. No terceiro trimestre, sua posição era de cerca de US$ 470 milhões.

A avaliação, no entanto, não é unânime. Para Brian Belski, estrategista-chefe da BMO Capital Markets, o “bull market” do mercado norte-americano é saudável. Segundo ele, desde 2009, o S&P 500 registrou 13 pullbacks (ligeiras correções após fortes arrancadas). “Isso identifica um bull market saudável”, disse. Para ele, o que se tornará comum até o final do ano será mais volatilidade e pullbacks, o que não significa uma inversão na tendência de alta. “Se vermos alguma correção no mercado esse ano, essa não matará o bull market”, disse.

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