Ibovespa cai abaixo de 92 mil pontos com perda de força em Wall Street; dólar cai a R$ 3,71

China dá sinal de boa vontade em negociação com EUA e Bolsonaro se reúne com ministros para cobrar lição de casa

Weruska Goeking

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SÃO PAULO – O Ibovespa opera em queda nesta tarde acompanhando a perda de força dos índices em Wall Street puxada pela desvalorização de ações do setor de tecnologia. Além disso, o clima de cautela permanece com o mercado à espera de um desfecho positivo para a reunião entre representantes do governo de Donald Trump e da China para colocar um ponto final na guerra comercial travada entre os países. 

A participação inesperada do vice premier Chinês, principal assessor econômico do país, foi divulgada nesta terça-feira (8) e é vista como sinalização forte de boa vontade da China para chegar em um acordo. Do outro lado, parte do mercado espera que o representante comercial dos Estados Unidos, Robert Lightizer, não esteja disposto a avançar rapidamente com as negociações para manter seu poder de barganha e obter mais concessões dos chineses.

“Ainda estamos no começo das negociações, mas se um acordo for alcançado, seria bastante positivo para os mercados”, afirma o time de análise da XP Research.

Havia expectativas também com a segunda reunião entre Bolsonaro e seus ministros sobre o delineamento da reforma da Previdência, mas nenhuma novidade foi divulgada.

O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, declarou que o governo estuda colocar aproximadamente 100 estatais para privatização ou liquidação. Na conta, ele incluiu subsidiárias de empresas como Eletrobras, BNDES, Banco do Brasil e Caixa, mas não citou nenhuma estatal específica. O objetivo, disse o ministro, é liberar o orçamento para investimento em prioridades da gestão.

Neste contexto, às 14h13 (horário de Brasília), o Ibovespa caía 0,46%, a 91.276 pontos, após alcançar a máxima de 92.230 pontos. 

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O contrato de dólar futuro com vencimento em fevereiro de 2019 tinha queda de 0,49%, cotado a R$ 3,723, e o dólar comercial recuava 0,48%, para R$ 3,716. Com o desempenho, o real supera todas as 16 principais moedas do mundo e também seus pares de países emergentes com movimento sustentado pelas expectativas em relação ao esboço da reforma da Previdência. 

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No mercado de juros futuros, o contrato com vencimento em janeiro de 2021 tinha queda de 7,39% para 7,38%, e o contrato para janeiro de 2023 caía de 8,47% para 8,44%.

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O petróleo sobe mais de 1%, caminhando para a sétima alta seguida, de olho ainda nos cortes de produção da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). A Arábia Saudita sinalizou que pode reduzir suas exportações além do patamar já fechado em acordo com a Opep. Há ainda expectativa de queda nos estoques da matéria-prima no levantamento semanal dos Estados Unidos, que sai amanhã. 

Destaques da Bolsa

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 CIEL3 CIELO ON 9,70 -3,58 +9,11 100,21M
 GOLL4 GOL PN N2 23,13 -3,22 -7,85 57,40M
 BBAS3 BRASIL ON 47,15 -2,74 +1,42 338,80M
 UGPA3 ULTRAPAR ON 50,10 -2,43 -5,83 80,42M
 MULT3 MULTIPLAN ON EJ N2 23,65 -2,43 -2,24 48,41M

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

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Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 ELET3 ELETROBRAS ON 30,55 +5,34 +26,08 81,55M
 BRFS3 BRF SA ON 22,56 +4,49 +2,87 93,09M
 BTOW3 B2W DIGITAL ON 41,77 +4,06 -0,60 49,30M
 ELET6 ELETROBRAS PNB 33,76 +3,88 +19,84 56,87M
 MRVE3 MRV ON 12,96 +3,18 +4,85 34,57M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Analistas sem Censura
O programa Analistas sem Censura avalia a atratividade dos investimentos em Tesouro Direto após as eleições e em cenário de juros e inflação baixa. O programa vai ao ar às 15h (de Brasília), ao vivo, pela IMTV e pela página do InfoMoney no Facebook.

Noticiário político 

O presidente Jair Bolsonaro volta a se reunir com seus 22 ministros. Ele quer ouvir cada um sobre os planos para este mês, eventuais propostas de enxugamento e perspectivas. Também estará em discussão o texto da reforma da Previdência que deverá ser apresentado ao Congresso Nacional. 

Na semana passada, o ministro da Economia, Paulo Guedes, recebeu a tarefa de Bolsonaro para elencar os principais pontos do texto que o governo pretende encaminhar aos parlamentares neste semestre.

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A proposta de reforma da Previdência em estudo pela equipe econômica do presidente prevê uma regra de transição de 10 a 12 anos, segundo a Folha de S. Paulo. O período é bem mais curto do que os 21 anos previstos na versão de reforma do ex-presidente Michel Temer (MDB), mesmo após modificações feitas pelo Congresso.

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Por atingir a idade mínima para homens e mulheres em um período mais reduzido, a reforma em estudo é mais dura e representaria uma maior economia de gastos do que a reforma de Temer.

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Outra missão repassada a todos os ministros foi uma lista de medidas que cada um pretende colocar em prática já nas próximas semanas e uma varredura nas contas de cada pasta e análise, principalmente, dos gastos feitos nos últimos dias da gestão Michel Temer.

Ainda sobre os ministros, após virem a público divergências entre os chefes da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e da Economia, Paulo Guedes, ainda na primeira semana do novo governo, Bolsonaro pediu que os dois abandonem as disputas internas e deem demonstrações de unidade. Os ministros fizeram ontem um gesto inicial e, a convite de Onyx, Guedes almoçou com ele no gabinete da Casa Civil, no Palácio do Planalto, informa o jornal O Estado de S. Paulo. 

Em mais um recuo, o presidente fez chegar aos comandantes militares e oficiais generais da cúpula das Forças Armadas a informação de que não haverá nenhuma base americana instalada no Brasil durante seu mandato, informa o jornal Folha de S. Paulo. 

Para Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, as “trapalhadas” recentes de Bolsonaro foram até bem ajustadas pelo general Augusto Heleno recentemente, indicando que tem muita informação, muita gente falando e ao mesmo tempo, muito pouco tempo para filtrar tudo. “Ainda assim, a curva de aprendizado natural de um novo governo, em especial formado por uma equipe mais técnica e menos política parece seguir a normalidade, com naturais desencontros”, diz Vieira ponderando que “tais dissidências [no governo] têm prazo para acabar, junto com a paciência do mercado”

Indicadores econômicos

A produção industrial subiu 0,1% em novembro ante outubro, na série com ajuste sazonal, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O resultado veio abaixo da estimativa mediana de 0,2% colhida pela Bloomberg. Na comparação anual, houve queda de 0,9% ante projeção de recuo de 0,4%. 

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