Otimismo com Previdência prevalece e Ibovespa supera 94 mil pontos na contramão de mau humor global

Investidores também estão de olho no Brexit e na paralisação do governo dos EUA

Weruska Goeking

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SÃO PAULO – O mau humor que prevalece nas bolsas globais pressionaram os negócios por aqui na abertura do pregão, mas o Ibovespa logo virou para a tendência de alta, superando os 94 mil pontos com o otimismo com a reforma da Previdência prevalecendo. 

Neste contexto, às 15h07 (horário de Brasília), o Ibovespa subia 0,64%, a 94.259 pontos, após novo recorde intraday de 94.353 pontos. O contrato de dólar futuro com vencimento em fevereiro de 2019 tinha queda de 0,17%, cotado a R$ 3,708, e o dólar comercial recuava 0,51%, para R$ 3,695.

O mercado de juros futuros opera em queda. O contrato com vencimento em janeiro de 2021 caía de 7,44% para 7,37% e o contrato de juros futuros para janeiro de 2023 subia de 8,47% para 8,42%. 

As importações e as exportações chinesas mostraram queda inesperada, de 4,4% e 7,6%, respectivamente, no maior tombo mensal em dois anos. Ainda assim, e em meio a guerra comercial, o superávit comercial da China ante os Estados Unidos cresceu 17%. 

Os números da China preocupam porque não são apenas o retrovisor das transações comerciais, mas tendem a persistir uma vez que o recuo está ligado à desaceleração do crescimento global das economias e à guerra comercial, que segue sem solução. 

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O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, afirmou que a próxima rodada de negociações comerciais com a China provavelmente ocorrerá ainda em janeiro, e apontou haver expectativa de que o vice-premiê do país asiático, Liu He, lidere uma delegação a Washington “mais adiante neste mês”.

O desapontamento com os números chineses afeta também as bolsas na Europa, que recuam, com destaque para os papéis da Pandora, que mergulham até 7% após o Morgan Stanley cortar o preço-alvo da empresa.

Os receios com o Brexit também pesam no humor dos investidores. O acordo proposto pela primeira ministra britânica Theresa May deve ser votado no parlamento na terça-feira (15) e é esperada uma grande derrota, uma vez que há críticas por todos os lados – com oposição e pró-europeus pedindo novo referendo – e o acordo proposto é impopular. 

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Os índices em Wall Street também operam em queda em meio aos receios com os balanços corporativos, o Brexit, o “shutdown” e a desaceleração das economias evidenciada pelos números da balança comercial chinesa. 

A paralisação do governo dos Estados Unidos, chamada de “shutdown”, chegou nesta segunda-feira (14) ao seu 24º dia, se tornando o maior da história do país. Os serviços e atividades governamentais estão suspensos desde o dia 22 de dezembro porque o orçamento deste ano não foi aprovado.

O problema ocorre porque o presidente Donald Trump quer que um projeto que destina mais de US$ 5 bilhões para financiar a construção do muro entre o México e os EUA entre no orçamento. Por outro lado, os democratas não aceitam esta despesa e defendem que é necessário reforçar a segurança da fronteira e não construir um muro.

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Trump tem batido o pé e já disse estar preparado para que a paralisação dure “meses ou até anos” se precisar. Do outro lado, os democratas também estão se mostrando inflexíveis sobre o orçamento, o que sinaliza que o “shutdown” pode realmente durar bastante.

A questão é que isso tende a afetar cada vez mais a economia norte-americana. Nesta quarta, a agência de rating Fitch afirmou que pode até cortar a nota AAA dos EUA se esta questão se estender demais. 

Os preços do petróleo voltam a cair abaixo de US$ 60 repercutindo os dados fracos da China. O segundo dia de queda seguido está ligado também às incertezas sobre o corte de produção da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) para compensar o aumento nos Estados Unidos. 

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A proposta da reforma da Previdência, que tem sido o fiel da balança para os negócios no mercado financeiro brasileiro, segue no radar.  Outro tema importante que o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, já confirmou para a próxima semana, é o decreto que torna mais fácil a aquisição e a posse de armas por cidadãos comuns, uma das principais promessas de campanha de Jair Bolsonaro.

Destaques da Bolsa

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 SBSP3 SABESP ON 42,47 +7,55 +34,83 214,08M
 CCRO3 CCR SA ON 13,96 +4,18 +24,64 122,10M
 FLRY3 FLEURY ON EJ 22,18 +3,89 +12,84 32,56M
 KLBN11 KLABIN S/A UNT N2 17,82 +3,85 +12,22 87,39M
 ECOR3 ECORODOVIAS ON 10,84 +3,73 +15,57 36,66M

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

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Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 USIM5 USIMINAS PNA EJ 9,92 -2,55 +8,44 119,51M
 LREN3 LOJAS RENNERON 40,81 -2,16 -3,75 105,69M
 NATU3 NATURA ON EJ 44,08 -1,41 -1,51 33,86M
 IGTA3 IGUATEMI ON 39,53 -1,37 -4,98 53,19M
 LAME4 LOJAS AMERICPN EJ 20,33 -0,83 +3,60 25,63M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Reforma da Previdência

A proposta de reforma da Previdência que deve ser apresentada ao presidente Jair Bolsonaro deve gerar em 10 anos uma economia superior ao texto original que o ex-presidente Michel Temer apresentou ao Congresso no fim de 2016, que estava calculada em R$ 802,3 bilhões, segundo o jornal Valor Econômico. A economia pode chegar na casa do trilhão, mas ainda depende dos ajustes que serão feitos até a próxima semana, quando a versão negociada com a Casa Civil será levada a Bolsonaro.

A proposta em finalização se aproxima mais da ideia apresentada pelo grupo coordenado pelo ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, levando em consideração também o texto de Temer que foi aprovado na Comissão Especial da Câmara em 2017. Outras propostas também estão sendo consideradas na construção do texto a ser apresentado ao presidente.

No meio do caminho, há pressão de diversas categorias para que tenham tratamento diferenciado na reforma, com destaque para os militares. Como a categoria é responsável por grande déficit na aposentadoria, uma exceção para esses profissionais desagradará ao mercado e abrirá brechas para que outros setores pressionem por regras diferentes para sua previdência. 

Noticiário político 

A semana deve ser marcada por medidas provisórias e decretos, com Jair Bolsonaro mostrando a força de sua caneta, como já havia avisado em sua campanha eleitoral. 

O presidente deve assinar uma medida provisória que visa a diminuir de R$ 17 bilhões a R$ 20 bilhões as perdas na seguridade social até dezembro. O secretário especial da Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, esteve reunido com os ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, na semana passada, para tratar do texto que promete fechar o cerco às fraudes em benefícios previdenciários.

Bolsonaro também deve assinar decreto que trata da flexibilização da posse de armas no país. Facilitar o acesso do cidadão à arma de fogo foi uma das principais propostas de Bolsonaro durante a campanha eleitoral. 

As duas propostas passaram os últimos dias em fase de ajustes finais pela equipe técnica do governo e chegarão à mesa de Bolsonaro esta semana.

Políticos que conversaram com o ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre a reforma da Previdência disseram ao jornal O Estado de S. Paulo tê-lo avisado de que o governo só terá sucesso nessa empreitada se encontrar um caminho para dialogar com o Congresso.

Uma vez que a promessa de Bolsonaro é abandonar o toma lá, dá cá, que consiste na troca de voto por cargos e liberação de emendas, qual será o modelo de negociação do governo com congressistas? Um senador que esteve com Guedes resume: Até se descobrir o novo caminho, todo mundo ficará de braços cruzados.

Um dos caminhos do governo para não ficar refém do Congresso é buscar apoio popular. A ideia é aproveitar a notoriedade do presidente nas redes sociais para convencer os eleitores a cobrarem dos congressistas a votação de propostas.