“Trump, o imprevisível, pode ser pedra no crescimento global”, diz Gustavo Loyola

Para o ex-presidente do Banco Central, a grande questão é saber qual será a natureza do governo do republicano

Diego Lazzaris Borges

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FLORIANÓPOLIS* – O presidente dos EUA, Donald Trump, pode ser um dos grandes percalços no crescimento da economia mundial, na opinião do ex-presidente do Banco Central e sócio da Tendências Consultoria, Gustavo Loyola. “Há uma grande pedra [que pode afetar o crescimento da economia global] chamada Donald Trump, o imprevisível”, disse Loyola, no evento Data Driven Brasil, realizado pela Neoway.

Para Loyola, a grande questão é saber qual será a natureza do governo do republicano. “Ele vai ser um típico republicano, com políticas de corte de impostos, isenção fiscal e desregulamentação? Ou também vai adotar políticas não ortodoxas como o protecionismo?”.

Na opinião do ex-presidente do BC, se Trump seguir a cartilha dos políticos do seu partido não há muito o que temer. Já se o presidente dos EUA decidir adotar o protecionismo, há motivos para preocupação. “Principalmente se ele resolver enfrentar a China em questões comerciais. Isso seria um erro. Se ele fizer isso pode causar rupturas importantes no comércio internacional, afetar o crescimento da China e o preço das commodities, que são importantes para o Brasil e outros países produtores”, alerta.

Europa

Na esteira do discurso de Trump, Loyola destaca que a Europa também é foco de atenção, principalmente nos países com eleições próximas, como França e Alemanha, onde há uma tendência de candidatos contra a zona do euro e a comunidade europeia. “Esses discursos vem amealhando cada vez um número maior de eleitores”, diz. Apesar das chances deles serem eleitos não ser tão grande, a possibilidade entra no radar, afirma o economista.

“Além disso, a Europa tem outros pontos de atenção, como questões imigratórias, problemas bancários não resolvidos, como a crise na Itália. Tudo isso precisa ser considerado”, pondera.

Outro ponto que deve ser levado em consideração é a saída do Reino Unido da União Europeia. “O Brexit começa a ser implementado a partir deste ano. Essa saída pode ser mais ou menos traumática dependendo do andamento das negociações. Mas ainda não se sabe quais serão os efeitos sobre a economia do Reino Unido da própria Europa”, afirma.

Nas projeções do economista, o crescimento global deve ser de 3,7% neste ano, acima dos 3,3% de crescimento projetados para 2016.

*O jornalista viajou a convite da Neoway

Diego Lazzaris Borges

Coordenador de conteúdo educacional do InfoMoney, ganhou 3 vezes o prêmio de jornalismo da Abecip