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SÃO PAULO – A forte reação dos economistas brasileiros ao artigo de André Lara Resende, no Valor Econômico, pode ser explicada pelo “medo” de que a tese de que juros permanentemente altos resultam na elevação da inflação no longo prazo possa ser encampada como argumento em favor de um “atalho” para a redução desenfreada da Selic.
A avaliação é do economista Mauro Schneider, da MCM Consultores. “A reação, em boa parte, foi motivada pelo receio de que ainda estamos sujeitos ao appeal de soluções mais fáceis e menos dolorosas”, afirmou, durante o programa Visão Macro desta quarta-feira (15). Ele reconhece que o debate acadêmico proposto é importante e desafiador, mas que é preciso cautela ao tentar transpor um conceito sem evidência empírica para política monetária efetiva de um banco central.
O especialista destacou ainda que no mundo político a questão inflacionária aparece em segundo plano quando comparada às condições do mercado de trabalho, por exemplo. Para Schneider, no momento atual, de atividade baixa e desemprego em alta, pode parecer tentador uma “solução” que permita derrubar os juros para impulsionar a economia e ao mesmo tempo manter a alta de preços sob controle.
Segundo ele, no entanto, isto é uma ilusão e é preciso deixar claro que, tratando-se de economia, não há atalhos. “Temos que resolver nossos vários problemas e esta solução é que vai semear um crescimento mais forte e mais sustentável no futuro”, pontuou.
Leonardo Palhuca, economista e editor do Terraço Econômico, argumenta na mesma linha que a autoridade de Lara Resende no meio econômico como um dos criadores do Plano Real também pode ser mal interpretada como uma chancela para experimentos heterodoxos.
“Isso dá munição pra muita gente que não conhece bem as teorias e o funcionamento da política monetária dizer: ‘Tá vendo? O criador do Plano Real tá dizendo que precisa baixar juros para baixar a inflação’. E aí fica perigoso”, exemplificou.
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Em seus artigos no Valor, Lara Resende pontua que está apenas apresentado uma teoria da “fronteira da macroeconomia” e que não necessariamente defende que os preceitas sejam empregados pelo Banco Central, mas sustenta que o debate do tema é importante.
Veja abaixo o segundo bloco do Visão Macro desta quarta-feira (15).
Para assistir ao primeiro bloco do programa, clique aqui.
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