Inflação fraca na zona do euro volta a preocupar; veja 6 indicadores que agitaram a Europa

A inflação na zona do euro, por sua vez, veio muito aquém do esperado e reforça as preocupações sobre o momento econômico da região. Decepção também foi vista no setor varejista da maior economia do continente, assim como nos dados da base monetária regional

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Uma série de indicadores econômicos devem mover as decisões do mercado no cenário europeu. No velho continente, dados da Rússia, Alemanha, Espanha, França e gerais da zona do euro chamam a atenção dos investidores. Entre os destaques aparecem a manutenção dos juros russos a 11%, a queda do varejo alemão e os PIBs (Produto Interno Bruto) espanhol e francês. No caso do país de Vladimir Putin, a decisão dos juros atende as expectativas do mercado, após mês de grandes complicações com o tombo dos preços do petróleo.

A inflação na zona do euro, por sua vez, segue muito aquém das metas do Banco Central Europeu e reforça as preocupações sobre o momento econômico da região. Decepção também foi vista no setor varejista da maior economia do continente, assim como nos dados da base monetária regional. Por outro lado, o PIB francês atendeu as projeções e a Espanha deu sinais de que o emprego tem contribuído para a volta do crescimento.

Veja os destaques europeus:

Banco central russo mantém juros a 11%
A autoridade monetária da Rússia resolver manter os juros em 11% ao ano nesta sexta-feira (29), confirmando as expectativas após um mês complicado para a economia do país em meio à forte desvalorização do petróleo, e consequentemente de sua moeda, o rublo. As taxas de juros russas passaram por um período de forte austeridade, chegando a bater 17% em dezembro de 2014, embora a decisão de hoje mantenha o país em marca superior aos 10,5% de novembro daquele ano.

Conforme informa o portal CNBC, a inflação russa caiu 15% em dezembro, para 12,9%, mas segue distante da meta de 4% do banco central. Apesar de o presidente russo, Vladimir Putin, ter declarado que o país já havia passado pelo pior da crise, analistas esperam um longo caminho de dificuldades para o país.

Inflação na zona do euro sobe 0,4% em janeiro
O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) da zona do euro subiu 0,4% em janeiro ante igual mês do ano passado, após avançar em ritmo anual mais fraco em dezembro, de 0,2%, segundo números preliminares divulgados hoje pela agência de estatísticas da União Europeia, a Eurostat. A prévia de janeiro veio em linha com a expectativa de analistas consultados pela Dow Jones Newswires.

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A inflação na zona do euro, no entanto, permanece muito aquém da meta do Banco Central Europeu (BCE), que é de taxa ligeiramente inferior a 2,0%. O núcleo do CPI do bloco, que exclui os preços de energia, alimentos e álcool, teve acréscimo anual de 1,0% na prévia de janeiro, informou a Eurostat.

Vendas no varejo caem 0,2% em dezembro na Alemanha
As vendas no varejo da Alemanha contrariaram a expectativa e recuaram em dezembro na comparação com o mês anterior. O indicador tive queda de 0,2% na comparação mensal, após ajustes, enquanto economistas ouvidos pela Dow Jones Newswires previam um crescimento de 0,2%.

Em todo o ano passado, porém, o crescimento nas vendas no varejo foi o mais forte em mais de 20 anos no país. As vendas no varejo cresceram 2,7% em termos reais em 2015, maior avanço anual desde 1994, segundo o instituto oficial de estatísticas do país, o Destatis. Em termos reais, as vendas no varejo avançaram 1,5% em dezembro, na comparação anual. Em novembro, as vendas no varejo haviam registrado avanço de 0,4% ante o mês anterior.

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PIB francês cresce 0,2% no 4º trimestre
O Produto Interno Bruto (PIB) da França cresceu 0,2% no quarto trimestre do ano passado ante os três meses anteriores, após avançar em ritmo um pouco mais forte no terceiro trimestre, de 0,3%, segundo dados preliminares divulgados hoje pelo instituto de estatísticas do país, o Insee. O resultado foi pressionado pelos gastos com consumidores, tradicional pilar da economia francesa que registrou contração de 0,4% no período.

O instituto já havia alertado que os ataques terroristas em Paris no ano passado também tiveram um impacto significativo nos negócios do setor hoteleiro. No confronto anual, o PIB francês teve expansão de 1,3% entre outubro e dezembro. A variação trimestral do PIB, no entanto, veio em linha com a expectativa de analistas consultados pela Dow Jones Newswires, mas o resultado anual superou um pouco a previsão do mercado, que era de aumento de 1,2%.

Em todo o ano de 2015, a economia francesa cresceu 1,1%, informou o Insee. Embora a taxa anual tenha sido a maior no governo do presidente François Hollande, foi insuficiente para conter o avanço do desemprego, que atingiu 10,6% no ano passado.

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PIB espanhol cresce 0,8% no 4º trimestre
O Produto Interno Bruto (PIB) da Espanha cresceu 0,8% no quarto trimestre ante o anterior, segundo cálculo preliminar divulgado nesta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE) do país. Na comparação anual, o PIB do quarto trimestre avançou 3,5%. O INE informou ainda que, em todo o ano de 2015, a economia espanhola cresceu 3,2%, o melhor resultado desde 2007. Em 2014, o PIB espanhol havia avançado 1,4%.

O crescimento econômico do país está fortemente vinculado à rápida criação de empregos, ao resultado de custos menores para empréstimos e com energia, bem como à reforma trabalhista de 2012, a qual facilitou que companhias reduzam salários e demitam empregados. Em 2015, a Espanha gerou 525.100 empregos, após criar 433 mil vagas em 2014.

Base monetária da zona do euro cresce 4,7% em dezembro
A base monetária (M3) da zona do euro, uma ampla medida do dinheiro disponível no bloco, cresceu 4,7% em dezembro ante igual mês do ano anterior, segundo dados divulgados hoje pelo Banco Central Europeu (BCE). O resultado veio bem abaixo da expectativa de analistas consultados pela Dow Jones Newswires, que previam aumento de 5,2%. Na média móvel de três meses até dezembro, a oferta monetária mostrou alta de 5,0%, também abaixo da projeção, que era de ganho de 5,2%.

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(com Agência Estado)

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.