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SÃO PAULO – Ao contrário do observado por muitos economistas, o Nobel de 2008 Paul Krugman afirma que está menos pessimista no médio prazo, mas que não vê um futuro muito brilhante para o País no longo prazo.
Em palestra realizada na última terça-feira (10) na HSM ExpoManagement, o economista afirmou que não há sinais de que o Brasil venha a se tornar num futuro breve um País desenvolvido, como no caso da Coreia do Sul e que nem na década de ouro do País havia sinais disso. “É claro que nós ainda queremos ver o Brasil parecido com a Coreia do Sul, mas ainda não vejo nenhum sinal de que está caminhando nessa direção”. Isso porque o País nunca experimentou um forte crescimento de produtividade. Porém, não há sinais de “catástrofe”.
“O Brasil tem muita força, mas não tinha um crescimento que justificasse um crescimento como da Coreia do Sul. A popularidade foi muito passageira”, afirma o economista. “O Brasil num futuro não muito distante, daqui a um ou dois anos, vai começar a ver uma grande reviravolta. Vai ser uma virada e vai parecer que o declínio da sua moeda era transitório, afirmou Krugman. Para ele, o Brasil não tem um grande problema com a inflação nem com a sua situação fiscal, mas reconhece que a situação é grave, embora não seja extrema. “O Brasil sempre teve muito dinamismo e muito empreendedorismo, mas nunca teve o crescimento de produtividade profundo que deveria ter tido”.
Krugman ainda fez uma comparação entre o Brasil e o Canadá para destacar como cada país reage às dificuldades econômicas em meio à queda dos preços de commodities. Ele afirma que os formuladores de política brasileiros agem com mais pânico em relação aos canadenses. Lá, mesmo sem ter um futuro tão otimista para o país, ninguém espera uma “catástrofe”, o que é diferente do Brasil. “No Canadá não houve esse pânico que houve aqui. O governo elevou algumas taxas, mas não elevou juros e até propõe aumentar as despesas para estimular as empresas a investirem em infraestrutura” disse. “Eles se sentem capazes de sentirem relaxados.O problema aqui no Brasil é que a história não está do lado de vocês”.
Para Krugman, o país pode sair da crise assim que a inflação cair e o Banco Central puder reduzir as taxas de juros. Porém, agora, em um País com um problema histórico de alta inflação e política fiscal faz com que a credibilidade seja ameaçada. “Não conheço bem a política brasileira, mas o governo atual tem sim problemas específicos”, afima, destacando as acusações de gastos que fugiram do controle e corrupção que diminuem a credibilidade e afetam as perspectivas sobre o País.
A difícil perspectiva nesse cenário impede que o governo fique parado. De alguma forma, o Brasil passou a se comportar como a Grécia, afirma. “Vimos lá o aumento imediato das taxas de juros quando houve a perda de confiança, as políticas de austeridade foram muito rígidas e criou-se um choque que se transformou numa catástrofe. O Brasil não está em uma situação tão grave, mas caminha na mesma direção”. Para ele, ainda há equívoco no corte de despesas, “ao invés de aumentar as despesas temporiamente”, enquanto há aumento de taxas pelo Banco Central para conter uma inflação que não abaixa e os choques orçamentários. “Isso acontece não porque os formuladores de políticas são burros, é porque há pânico, exagero”, disse.
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O americano afirma ainda que o Brasil “saiu de moda” na mídia mundial, o que levou o país a sofrer um “choque duplo”. Se antes só se via as qualidades, agora só se vê os problemas. “Daqui algum tempo verão que houve um excesso de pessimismo”, ressaltou.
O economista ainda aponta para um novo risco para a economia global, com uma crise desta vez derivada da desaceleração do crescimento chinês, levando a uma depreciação adicional no preço de commodities, deflação espalhada pelo mundo e baixo crescimento tanto nos países desenvolvidos quando nos emergentes. “Não acredito muito nessa possibilidade, gostaria de estar mais certo sobre isso. Mas será uma crise menor do que a de 2008 porque não há contaminação nos ativos financeiros”, afirma, ressaltando que a maior parte dos mercados financeiros se concentram ainda nos EUA e na Europa.
A economia mundial, constata Krugman, está deprimida de forma persistente, o que deveria inviabilizar a alta de juros pelo Federal Reserve, apesar de acreditar que os juros subirão na próxima reunião da autoridade monetária, em dezembro. “Será um grande equívoco”, afirma, avaliando que haverá uma pressão adicional pela valorização do dólar em relação às moedas emergentes e aos preços das commodities.
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