Falta de clareza da política econômica tem deixado investidores em alerta, diz gestor

Assim como no Brasil, Fabio Oliveira, da XP, vê indefinição também nos Estados Unidos

Osni Alves

Conteúdo XP

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Para Fabio Oliveira, gestor de crédito da XP Asset, o atual cenário de aperto monetário e incertezas políticas exige uma mudança na forma de investir, com foco em ativos de menor risco e setores menos cíclicos.

No segundo episódio do programa Semana da Renda Fixa, no canal XP, apresentado por Camilla Dolle, head de renda fixa da XP, os desafios enfrentados pelos investidores, tanto no Brasil quanto no exterior, apontam para um horizonte de investimento cada vez mais restrito.

“Eu acho que tem uma componente que no Brasil se manifestou de 2023 para frente, e que agora também está acontecendo com os Estados Unidos. A incerteza em relação às escolhas de política econômica torna o horizonte de investimento muito curto”, afirmou.

Ele explicou que o ciclo monetário já é um problema em si, especialmente em um contexto de aperto monetário, como o vivido atualmente. “A falta de clareza sobre os próximos passos da política econômica tem deixado os investidores em alerta, já que o horizonte de previsões está cada vez mais restrito e difícil de ser antecipado”, disse.

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Nos EUA, Oliveira observou uma mudança significativa na política monetária. “Os Estados Unidos estavam em um ciclo de afrouxamento, mas agora aparentemente pararam e vão dar uma pausa. Com a mudança de administração, isso está se manifestando no impacto nos mercados”, comentou, destacando a volatilidade que isso tem gerado.

Ele citou o exemplo do índice S&P 500, que perdeu 10% de seu valor desde o pico, refletindo a incerteza nos mercados.

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“No Brasil, temos a expectativa de que a Selic vá para 15%”, ressaltou. No entanto, ele destacou que a manutenção dessa taxa de juros pode gerar um desconforto, já que, embora a expectativa de inflação tenha ficado em um nível elevado, é necessário um trabalho longo para que ela volte a se ancorar nas metas estabelecidas.

O gestor apontou ainda que, mesmo com uma Selic em 15%, as expectativas de inflação ainda não estão totalmente alinhadas, o que pode prolongar o período de juros elevados.

“Nosso foco tem sido diminuir o prazo médio das carteiras, dado que o horizonte de investimento está mais restrito. Além disso, temos optado por setores menos cíclicos, que são mais resilientes e conseguem atravessar esse período de juros altos com mais tranquilidade”, afirmou.

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Fábio destacou alguns setores que, na visão da XP, são mais adequados para o cenário atual. Entre eles, os setores de energia elétrica, com foco em transmissão, distribuição e geração, e o saneamento, que se mostrou um bom alvo para investimentos devido à sua natureza regulada e à demanda constante por esses serviços no Brasil. “O Brasil tem um pipeline de investimentos grande nesse setor, que é fundamental para o desenvolvimento social e ambiental do país”, destacou.

Além disso, o setor financeiro também é visto com bons olhos, uma vez que, apesar dos desafios econômicos, ele tende a ser mais estável e menos exposto a flutuações abruptas.