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Autoridades ucranianas e norte-americanas iniciaram suas conversas na Arábia Saudita nesta terça-feira (11) para encontrar um caminho para acabar com a guerra com a Rússia, horas depois que as forças de Kiev lançaram seu maior ataque de drones contra Moscou até o momento.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, espera que as conversas em Jeddah reavivem os laços “pragmáticos” com os EUA após sua desastrosa reunião com o presidente norte-americano, Donald Trump, no mês passado, e sugeriu uma trégua inicial com a Rússia no ar e no mar.
A proposta visa demonstrar que ele está trabalhando para atingir o objetivo de Trump de acabar com a guerra na velocidade da luz, depois que o presidente dos EUA acusou o líder ucraniano de não estar pronto para a paz e pressionou para que houvesse conversações diretas com a Rússia.
Os Estados Unidos, o principal aliado de Kiev desde a invasão do país pela Rússia em 2022, alteraram sua política sobre a guerra e pressionaram a Ucrânia, interrompendo a assistência militar e suspendendo o compartilhamento de inteligência com Kiev.
“Esperamos resultados práticos”, disse Zelensky antes das negociações em uma postagem no X na noite de segunda-feira (10). “A posição da Ucrânia nessas conversas será totalmente construtiva.”
Maior ataque contra Moscou
Durante a noite, a Ucrânia lançou seu maior ataque de drones contra Moscou até o momento, lançando pelo menos 91 drones, matando pelo menos duas pessoa, provocando incêndios, fechando aeroportos e forçando dezenas de voos a serem desviados, disseram autoridades russas.
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O momento do ataque – no qual 337 drones foram derrubados sobre a Rússia, de acordo com Moscou – parecia ter como objetivo mostrar que Kiev ainda é capaz de realizar grandes ataques após uma série de ataques com mísseis russos, um dos quais matou pelo menos 14 pessoas no sábado.
Impasse com EUA
Zelensky tem convocado seus aliados europeus para apoiar sua ideia de trégua que, segundo ele, seria uma chance de testar a vontade de Moscou de acabar com a guerra.
A Ucrânia tentou reavivar seus laços com os EUA após o confronto de Zelensky com Trump, que deixou a assinatura de um acordo bilateral sobre minerais no limbo e a tentativa de Kiev de obter garantias de segurança de Washington à deriva.
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Trump considerou o acordo, que deve ser discutido nesta terça-feira, como fundamental para a continuidade do apoio e da compensação aos EUA por muitos bilhões de dólares em ajuda militar enviada pelo país à Ucrânia desde a invasão russa há três anos.
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, disse a repórteres na segunda-feira, a caminho de Jeddah, que as conversas com Kiev seriam importantes para avaliar se a Ucrânia está disposta a fazer concessões para alcançar a paz.
“Temos que entender a posição ucraniana e ter uma ideia geral das concessões que eles estariam dispostos a fazer, porque não conseguiremos um cessar-fogo e o fim dessa guerra a menos que ambos os lados façam concessões”, disse ele.
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O principal diplomata dos EUA está sendo acompanhado pelo conselheiro de segurança nacional dos EUA, Mike Waltz, para as conversações. O lado ucraniano é liderado por Andriy Yermak, um dos principais assessores de Zelensky. Zelensky, que esteve na Arábia Saudita na segunda-feira para se reunir com o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, não participará das negociações.
“Uma reunião das delegações ucraniana e americana começa em Jeddah, na Arábia Saudita”, escreveu o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia no Telegram, postando um vídeo de altos funcionários ucranianos entrando em uma sala de reuniões por volta das 6h (horário de Brasília).
Antes das conversações, o enviado especial de Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff, que foi convocado para a diplomacia sobre a Ucrânia, disse que estava esperançoso de que o acordo de minerais entre os EUA e a Ucrânia fosse assinado em breve.
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Witkoff planeja visitar Moscou para se encontrar com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse uma pessoa informada sobre os planos na segunda-feira.
UE critica negociações
Os aliados europeus da Ucrânia argumentam que a Ucrânia só pode negociar um acordo de paz com a Rússia a partir de uma posição de força e que Kiev não deve ser levada às pressas para a mesa de negociação com um agressor.
Zelensky disse que Putin não quer a paz e advertiu que a Rússia poderia atacar outros países europeus se a invasão da Ucrânia não resultar em uma derrota clara.
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Rubio se recusou na segunda-feira a especificar as concessões que cada lado teria que fazer, mas disse que Kiev teria dificuldade em recuperar todo o território perdido.
“Os russos não podem conquistar toda a Ucrânia e, obviamente, será muito difícil para a Ucrânia, em qualquer período de tempo razoável, forçar os russos a voltarem para onde estavam em 2014”, disse ele aos repórteres.
A Rússia ocupa cerca de um quinto do território da Ucrânia, incluindo a Crimeia, que anexou em 2014, e suas tropas estão pressionando a região oriental de Donetsk.
Autoridades norte-americanas e russas se reuniram na capital saudita em fevereiro, em um raro encontro entre os antigos inimigos da Guerra Fria. As discussões se concentraram principalmente na restauração dos laços após um congelamento quase total do contato oficial durante o governo do ex-presidente dos EUA Joe Biden, antecessor de Trump.