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Destoando completamente do movimento recente do Ibovespa, Casas Bahia (BHIA3) e Magazine Luiza (MGLU3) chamam a atenção no mercado, tanto por parte de investidores institucionais quanto de pessoas físicas, em meio à forte alta dos seus ativos. BHIA3 e MGLU3 registram valorizações expressivas de 93% e 16% nos últimos cinco dias, respectivamente.
A Genial Investimentos não acredita que esses movimentos estejam diretamente relacionados ao desempenho operacional das varejistas no 4º trimestre – nem que sinalizem uma virada estrutural para os próximos períodos. Cabe ressaltar que, na véspera, o investidor Rafael Ferri atingiu uma participação de 5,11% em ações ordinárias e derivativos de liquidação física em BHIA3, o que ajuda a explicar o movimento.
Embora as estruturas de capital das duas companhias sejam distintas, a Genial ressalta que o ambiente macroeconômico para o varejo discricionário de alto tíquete tende a ser mais desafiador em 2025 do que foi em 2024. Apesar do impulso inicial gerado pelo aumento da renda disponível no início do ano, favorecendo o consumo entre janeiro e abril, o cenário se torna mais complexo adiante, com um câmbio elevado pressionando a inflação, dificultando o trabalho do Banco Central na ancoragem das expectativas e ampliando os desafios fiscais do governo – ainda mais relevante às vésperas de um ano eleitoral.
Com alavancagem elevada e um consumo altamente sensível ao desempenho econômico do país, as ações dessas empresas acabam sendo interpretadas pelo mercado como uma proxy da Selic. O elevado short interest (26,9% para BHIA3 e 17,8% para MGLU3) somado ao beta (medida que indica o risco de uma ação em relação ao mercado) próximo a 2,5 em ambas as companhias amplifica a volatilidade dos papéis.
Houve aumento dos custos (lending interest) de manter uma posição vendida em BHIA3 e MGLU3 desde fevereiro. Como o short interest dessas ações já estavam altos (muitos investidores apostando na queda da ação), um rali inesperado poderia começar a forçar esses investidores a zerar suas posições.
Neste contexto, Casas Bahia divulga seus resultados do 4T nesta quarta-feira (12), enquanto o Magalu revela seus números na quinta (13). Confira as projeções do mercado:
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Casas Bahia (BHIA3)
Com relação à projeção para o 4T24, a XP Investimentos espera que o Grupo Casas Bahia relate resultados mistos, já que o 1P (estoque próprio) continua pressionado pela otimização do portfólio da empresa, embora o crescimento das lojas físicas e do 3P (marketplace) acelere em relação ao 3T, enquanto a lucratividade continua a melhorar.
Os analistas da casa estimam que o GMV (volume bruto de mercadorias) total aumente em 7% na base anual, com desempenho melhorado nas lojas físicas (SSS, ou vendas nas mesmas lojas, em +9%) e 3P (+9,5%) em bases de comparação mais normalizadas, compensando o momento ainda fraco no 1P (-5%).
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Quanto à lucratividade, a margem bruta deve melhorar em 310 pontos-base (bps), apoiada por maior penetração de serviços e preços mais racionais, enquanto o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) ajustado deve expandir em 540 bps, no controle de despesas de vendas, gerais e administrativas (SG&A) e alavancagem operacional.
A XP espera que o prejuízo líquido chegue a R$ 305 milhões, pressionado por despesas financeiras mais pesadas.
Cabe destacar que, entre julho e setembro, o grupo registrou prejuízo líquido de R$ 369 milhões no terceiro trimestre de 2024 (3T24), queda anual de -55,9% em relação ao dado negativo de R$ 836 milhões no 3T23. A companhia ressaltou que a diminuição do prejuízo na ocasião se deu em função do início da retomada de crescimento do canal de lojas físicas e uma “melhora gradual da rentabilidade da companhia, apesar do mercado desafiador e do recuo das vendas”.
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O BB-BI reforça que os resultados do 4T24 apresentarão os números que englobam o período mais importante de vendas para o segmento ao qual a companhia faz parte: a Black Friday e o Natal.
“Acreditamos que a empresa apresentará números melhores que os de períodos anteriores, muito calcados no elevado patamar de concessão de crédito. Apesar da vasta experiência nesse tipo de operação, acreditamos que o cenário de alta taxa de juros pode fazer com que a preocupação em relação ao aumento da inadimplência se aprofunde ao longo do ano”, avaliam os analistas.
Para 2025, o BB-BI enxerga um incremento em receita líquida ainda tímido, abaixo da inflação projetada pelo nosso time de economistas, com o seu desempenho sofrendo diante de um cenário macroeconômico ainda desafiador para o setor de bens duráveis, devido às expectativas de elevação da Selic, com encarecimento e restrição de crédito ao longo do ano e aumento da taxa de desemprego no segundo semestre, que tende a reduzir a massa de renda real das famílias e desestimular o consumo.
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“A companhia está em um momento mais favorável operacionalmente, mas que ainda exige cautela, com os resultados provenientes do Plano de Transformação ainda exigindo mais tempo para se consolidarem. Importante mencionar que, embora a fase 3 do Plano mencione a revisão da estratégia de atuação com foco em expansão, consideramos um aumento no número de lojas físicas somente a partir de 2026”, reforça.
Para a Genial, o 4º trimestre promete ser muito positivo para a Casas Bahia, dada a fraca base de comparação e contínuos avanços no plano de transformação. “Projetamos crescimento de receita e melhoria na margem Ebitda, reflexo da maior eficiência operacional e de uma abordagem mais equilibrada entre vendas e rentabilidade”, avalia a equipe de research.

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Com ampliação da carteira de crédito somado sortimento mais acertado e melhores níveis de estoque, o canal físico deve ser a grande estrela do trimestre. A Genial estima um crescimento do SSS de 14,9% na base anual.
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A projeção é de que o canal online mostre sinais de estabilização, com o GMV total (1P + 3P) parando de cair. O 1P ainda deve registrar queda de dois dígitos baixos (projeção de queda anual em 12%), mas muito menor do que nos trimestres anteriores (a qual registrava uma queda entre 22% e 35% anual), enquanto o 3P deve crescer em cerca de 14,9% na base anual, praticamente compensando a retração do 1P.
Destaque para a mudança estratégica no marketplace (3P), que passou a vender mais itens diretamente dos fornecedores, focando em categorias complementares ao core. Essa mudança pode aumentar o ticket médio e a penetração do 3P, além de facilitar a oferta de crediário para esses produtos.
Magazine Luiza (MGLU3)
O Magazine Luiza deve reportar resultados mistos no 4T, avalia a XP, com desempenho de receita líquida ainda pressionado, mas melhorando as margens de Ebitda ajustadas, sustentando o foco da empresa na recuperação dos níveis de lucratividade antes de um ano desafiador.
A expectativa da casa é de que a receita líquida desacelere ligeiramente em relação ao 3T, com o GMV total subindo 5% na base anual, mais uma vez sustentado pelas lojas físicas (SSS em +9,4%), enquanto 1P (estoque próprio) e 3P (marketplace) devem subir 3,5%.
Em termos de lucratividade, ressalta a XP, a projeção é de que a margem bruta permaneça estável na base anual, enquanto o Ebitda ajustado deva subir 40 pontos-base (bps) na alavancagem operacional e no controle rígido de despesas de vendas, gerais e administrativas (SG&A).
Por fim, o lucro líquido deve chegar a R$ 104 milhões (+2% ano a ano), apoiado por melhores tendências operacionais e melhoria dos resultados na Luiza Cred, aponta a XP.
O Magazine Luiza deve emplacar mais um trimestre lucrativo, na visão da Genial, com as lojas físicas puxando o crescimento e o e-commerce mantendo a fraca tendência dos últimos trimestres.
A Genial avalia que as lojas físicas serão novamente o canal de maior expansão, registrando um SSS de 11,1% na base anual, e consolidando ganho de market share.
A projeção é de que o desempenho do e-commerce siga o padrão observado ao longo do ano, com crescimento de um dígito baixo tanto no 1P quanto no 3P. A casa acredita que ainda não houve tempo suficiente para que a parceria com o AliExpress impactasse o crescimento do 3P de forma relevante. Além disso, a Black Friday trouxe um trade-off (dilema) entre margens e vendas, e projeta que, ao priorizar rentabilidade em vez de volume, o crescimento do canal online pode não impressionar o mercado no trimestre.
Já para o Itaú BBA, o MGLU3 deve registrar uma desaceleração nas vendas mesmas lojas das lojas físticas para dígitos altos e únicos (versus dígitos duplos nos últimos trimestres) e uma margem bruta estável (DIFAL entra em ação total em uma base comparável). Os negócios online também devem continuar crescendo dígitos baixos e simples.