Bolsonaro resgata áudio em que Cid diz ter sido coagido por Moraes

O áudio, que foi inicialmente divulgado em março de 2024, teria sido gravado após Cid prestar depoimento à Polícia Federal

Marina Verenicz

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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) publicou em suas redes sociais um áudio em que seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, afirma ter sido pressionado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), durante uma audiência de confirmação de sua delação premiada.

A publicação foi feita horas antes do encerramento do prazo para que os denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por tentativa de golpe de Estado se manifestassem.

No áudio, Mauro Cid diz que foi pressionado a afirmar algo que não aconteceu. “Ele queria que eu falasse coisa que não aconteceu. Não adianta. Você pode falar o que você quiser. Eles não aceitavam e discutiam. Discutiam que minha verdade não era verdadeira, que não podia ter sido assim, que eu estava mentindo”, afirma Cid na gravação. “Eles já estão com a narrativa pronta. Eles não queriam saber a verdade. Eles queriam só que eu confirmasse a narrativa deles.”

O áudio, que foi inicialmente divulgado em março de 2024, teria sido gravado após 11 de março daquele ano, quando Cid prestou depoimento à Polícia Federal. Com o vazamento da gravação, Cid foi chamado a prestar esclarecimentos em 22 de março, ocasião em que o acordo foi mantido pelo ministro.

A defesa de Mauro Cid se manifestou à época, afirmando que os áudios atribuídos a ele seriam uma tentativa do ex-ajudante de ordens de justificar-se com seus aliados.

Em resposta à acusação da PGR sobre a participação de Bolsonaro em um suposto golpe de Estado após as eleições de 2022, a defesa do ex-presidente pediu ao STF a anulação da delação de Mauro Cid, um dos principais elementos da denúncia. Segundo os advogados de Bolsonaro, a delação seria “viciada” pela falta de voluntariedade de Cid, que teria sido pressionado a mudar sua versão dos fatos.

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A defesa de Bolsonaro afirma que Cid fez uma colaboração marcada por “mentiras, omissões e contradições” e pede que a delação seja anulada por “ausência de voluntariedade”.

A PGR denunciou Bolsonaro, o ex-ministro Braga Netto e outras 32 pessoas por participação em uma tentativa de golpe de Estado para manter o ex-presidente no poder após sua derrota para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022. A denúncia foi oferecida pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, e aguarda análise pela Primeira Turma do STF. Caso a denúncia seja aceita, Bolsonaro se tornará réu e a ação penal terá início na Corte.