B3 (B3SA3) dribla cenário e tem bom 4T, apesar das incertezas do mercado

B3 regsitrou lucro líquido recorrente de R$ 1,2 bilhões, com alta anual de 13,6%

Felipe Moreira

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A operadora da Bolsa brasileira B3 (B3SA3) anunciou na quinta-feira (20) seus resultados do quarto trimestre de 2024, que foram avaliados de neutro a positivo pelos bancos consultados. Às 11h56, a ação da companhia caía 0,71%, cotada a R$ 11,21.

Em um trimestre marcado por forte volatilidade, especialmente em dezembro, a B3 conseguiu apresentar resultados positivos, na avaliação da XP.

As receitas líquidas totalizaram R$ 2,4 bilhões. A margem Ebitda (Ebitda = lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações/receita líquida) também melhorou, atingindo 67%, 260 pontos-base (bps) acima do 4T23 e 330 bps acima das estimativas da XP.

Segundo a XP, a melhora anual reflete, em grande parte, o desempenho sólido em derivativos, renda fixa e tecnologia e dados. “Essas linhas mais do que compensaram a fraqueza no mercado de ações. “

Esse melhor desempenho operacional, aliado a uma menor alíquota efetiva de imposto, levou a um lucro líquido recorde de R$ 1,2 bilhão no 4T24.

Os analistas da XP argumentam que à medida que as ameaças competitivas se intensificam, a B3 continua focada em expandir suas fontes de receita e controlar custos. “Ainda assim, o ritmo de recuperação do volume continuará sendo um fator-chave para determinar a velocidade de melhoria dos resultados e um gatilho crucial para a valorização das ações”, destacam.

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O Itaú BBA, por sua vez, classifica os resultados como neutros, com o lucro líquido recorrente de R$ 1,2 bilhão cerca de 1% abaixo das suas expectativas, mas 13,6% acima do ano passado. “Em comparação com o ano passado, o quadro geral dos resultados parece bom, com melhorias na maioria das linhas de receita, como FICC crescendo quase 16%, Tech & data e OTC [mercado de balcão] crescendo quase 10%”, comenta o BBA.

Na frente de despesas, tanto as despesas totais quanto as ajustadas foram bem controladas, com o total crescendo 1%, enquanto as ajustadas diminuíram 6% na base anual. No entanto, em comparação com as expectativas, as despesas estavam mais pesadas, pois acreditávamos que as despesas gerais teriam sido melhor controladas, com parte das pesadas despesas sazonais no 4T pré-carregadas no 3T24.

Consequentemente, as margens Ebitda expandiram 2 pp (pontos percentuais) na comparação ano a ano, mas ficaram quase 3pp abaixo da nossa previsão. Segundo BBA, os resultados financeiros foram impactados pela rolagem da dívida e flutuações cambiais, embora uma taxa de imposto melhor do que o esperado tenha proporcionado algum alívio.

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Já a Genial Investimentos comenta que o crescimento anual do lucro foi impulsionado pela diversificação das fontes de receita, com destaque para Juros, Moedas e Mercadorias, Renda Fixa e Tecnologia, Dados e Serviços, que compensaram o menor dinamismo do mercado de ações e os impactos da migração de capital para renda fixa.

Para Genial, a redução de despesas também contribuiu para o resultado, beneficiada pelo término da amortização dos intangíveis relacionados à combinação com a Cetip. Por fim, o resultado do trimestre foi ajudado por uma alíquota efetiva de imposto menor.

Já a queda trimestral do lucro, conforme a Genial, é explicada principalmente por fatores sazonais e/ou pontuais, como menor quantidade de dias úteis, aumento das despesas com rescisões contratuais de executivos, dissídio salarial e investimentos em tecnologia.

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Recomendação de compra

Apesar da ausência de catalisadores de curto prazo e da pressão contínua de juros elevados, a Genival Investimentos manteve recomendação de compra para as ações da B3, com base em seu valuation atrativo, diversificação de receitas que vem mitigando o impacto do baixo crescimento do segmento de ações. O preço-alvo é de R$ 14,00, representando um upside de 24,0% em relação ao preço de fechamento de quinta-feira.

Atualmente, a B3 está negociando a um múltiplo Preço/Lucro de 12,6 vezes para 2024 e 11,9 vezes P/L 2025, em comparação com cerca de 21,3 vezes P/L 2025 para seus pares internacionais.

O BBA também manteve recomendação de compra e preço-alvo de R$ 14, devido ao P/L descontado de 11,8 vezes para 2025.

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Por outro lado, a XP Investimentos reiterou recomendação neutra e preço-alvo de R$ 14.