Eduardo Bolsonaro ataca Alexandre de Moraes e pede orações pelo pai nos EUA

O deputado comparou a situação do pai às perseguições a líderes opositores em regimes autoritários como Venezuela, Cuba e Nicarágua, embora a realidade brasileira seja uma democracia

Marina Verenicz

(Foto: Reprodução/YouTube/CPAC)
(Foto: Reprodução/YouTube/CPAC)

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O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) usou a Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC) nos Estados Unidos, nesta quinta-feira (20), para atacar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e defender seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Em seu discurso, Eduardo questionou a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro, acusando-o de tentar um golpe de Estado, e sugeriu que o ex-presidente corre o risco de ser preso. Ele comparou a situação do pai às perseguições a líderes opositores em regimes autoritários como Venezuela, Cuba e Nicarágua, embora a realidade brasileira seja uma democracia.

“O ex-presidente Jair Bolsonaro está em risco de ser preso com as mesmas acusações falsas usadas contra líderes de oposição na Venezuela, Cuba e Nicarágua”, afirmou o deputado. “Mas não para por aí. O sistema judicial se tornou um instrumento de perseguição em todos os níveis”, acrescentou, criticando o que considera um uso político da Justiça no Brasil.

Eduardo Bolsonaro também pediu orações para seu pai e para os brasileiros presos após os atos de 8 de janeiro, citando a possibilidade de anistia. “Rezem pelo meu pai. Rezem pelos brasileiros que estão presos agora pelo 8 de Janeiro. Estamos pedindo anistia no Congresso”, afirmou o deputado, em busca de apoio internacional para sua causa.

Críticas ao STF e censura

Durante seu discurso, Eduardo continuou sua crítica ao sistema judiciário brasileiro, acusando Moraes de usar sua posição para censurar opositores e controlar narrativas.

“Eu venho do futuro e sei exatamente como essa história pode terminar. Talvez não do futuro, mas venho do Brasil, que não é tão diferente”, disse o deputado, alertando sobre o que considera uma crescente censura e autoritarismo judicial no Brasil.

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“Meu País se tornou um laboratório para censura e autoritarismo judicial desde 2019, tem sido usado como campo de testes para a instrumentalização judicial contra conservadores, libertários e cristãos, sempre sob o nobre pretexto de proteger a democracia, combater a desinformação e parar extremistas enquanto na realidade silencia dissidentes, controla narrativas e criminaliza a oposição”, afirmou.

Ele também acusou o ministro de ser responsável por ações de censura, especialmente contra conservadores e cristãos, e mencionou a prisão do ex-deputado Daniel Silveira, condenado após atacar ministros do STF.

“Deixe-me apresentar a vocês um homem chamado Alexandre de Moraes. Ele não é uma autoridade eleita. Ele é um juiz da Suprema Corte que se deu poder irrestrito para decidir quem pode falar, quem pode concorrer a cargos e até quem pode ir para a prisão sob sua supervisão”, declarou Eduardo.

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Denúncias sem provas e projeções para 2026

Sem apresentar provas, o deputado também afirmou que autoridades dos Estados Unidos teriam forjado documentos de imigração relacionados a Filipe Martins, ex-assessor de Bolsonaro, que foi preso no Brasil acusado de tentar fugir do País.

Eduardo também sugeriu que, caso seu pai não possa disputar as eleições de 2026, o Brasil estaria vulnerável à influência chinesa e que organizações brasileiras teriam recebido dinheiro da Usaid (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional) para influenciar as eleições de 2022. As entidades mencionadas negam as acusações.

Na quarta-feira (19), durante uma mesa redonda, Eduardo já havia comparado o tratamento dado ao pai ao que teria ocorrido com o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e afirmado que os ventos políticos estão mudando.

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“Nossos inimigos não terão como nos censurar. Eles não terão o financiamento de entidades que usam o seu dinheiro para ir atrás de nós”, avalia.

Por fim, o deputado reiterou que, embora seu pai possa ser preso, ele não será por corrupção.

Citado em delação

A ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, revelou, em sua delação premiada, que havia divergências entre os filhos de Bolsonaro sobre uma tentativa de golpe de Estado para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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O relato aponta que os filhos do ex-presidente divergiam sobre a suposta trama golpista. Segundo Cid, Flávio Bolsonaro (PL) se opôs à ideia, enquanto Eduardo Bolsonaro, aliado de grupos mais radicais, teria defendido o golpe.

Entre os aliados da ala mais radical, Cid citou, Filipe Martins, o ex-ministros Onyx Lorenzoni e Gilson Machado, os senadores Jorge Seif e Magno Malta, o general Mario Fernandes e a própria ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

A colaboração de Mauro Cid faz parte das provas reunidas pela Polícia Federal nos inquéritos que investigam Jair Bolsonaro e aliados. Na terça-feira (18), a PGR denunciou o ex-presidente, o ex-ministro Braga Netto e outras 32 pessoas ao STF por suposta participação em um plano para manter Bolsonaro no poder após a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022.