Extensão de pacto de armas nucleares com os EUA está em um impasse, alerta Rússia

O vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, disse que as perspectivas de conversações para estender o acordo parecem sombrias

Reuters

Vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, durante entrevista coletiva em Moscou
10/02/2025 REUTERS/Maxim Shemetov
Vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, durante entrevista coletiva em Moscou 10/02/2025 REUTERS/Maxim Shemetov

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A Rússia advertiu nesta segunda-feira que a perspectiva de estender o último pilar remanescente do controle de armas nucleares entre o país e os Estados Unidos, as duas maiores potências nucleares do mundo, não parece promissora e que a situação parece estar em um impasse.

O Novo Tratado de Redução de Armas Estratégicas, ou Novo START, que limita o número de ogivas nucleares estratégicas que os Estados Unidos e a Rússia podem implantar, e a implantação de mísseis e bombardeiros terrestres e submarinos para lançá-los, deve expirar em menos de um ano — em 5 de fevereiro de 2026.

O presidente dos EUA, Donald Trump, durante seu primeiro mandato presidencial, retirou os EUA de outro importante tratado — o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF) — e o acordo Novo START é agora o único pacto remanescente.

O vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, que supervisiona as relações com os EUA e o controle de armas, disse em uma coletiva de imprensa em Moscou, nesta segunda-feira, que as perspectivas de conversações para emendar e estender o acordo parecem sombrias por enquanto.

“Quanto ao nosso diálogo no campo da estabilidade estratégica (nuclear) e a situação pós-Novo START, a situação não parece muito promissora”, disse Ryabkov.

“Em 5 de fevereiro de 2026, o pacto expira e, depois disso, ele não existirá.”

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Em janeiro, Trump disse que queria trabalhar para reduzir as armas nucleares, acrescentando que acha que a Rússia e a China poderiam apoiar a redução de suas próprias capacidades de armamento.

“Gostaríamos de ver a desnuclearização… e vou lhe dizer que o presidente Putin gostou muito da ideia de reduzir as armas nucleares. E eu acho que o resto do mundo, nós teríamos feito com que eles seguissem a ideia, e a China também teria vindo junto”, disse Trump.

O Kremlin, ao comentar as observações de Trump, disse na ocasião que o presidente russo Vladimir Putin havia deixado claro que queria reiniciar as negociações sobre cortes de armas nucleares o mais rápido possível.

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Mas Ryabkov disse que, enquanto os EUA queriam negociações de armas com três ´participantes — incluindo a China — Moscou quer negociações de armas com cinco participantes.

A Rússia disse que quer que o Reino Unido e a França — também potências nucleares — sejam incluídas em qualquer negociação.

“Os EUA estão propondo um formato de conversações em três vias e nós queremos um formato de cinco vias. Estamos andando em círculos”, disse Ryabkov.

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Ryabkov também vinculou o progresso no acordo de um novo tratado nuclear à política mais ampla de Washington em relação à Rússia, em um momento em que Trump diz que está explorando como acabar com a guerra na Ucrânia, enquanto a economia russa tenta resistir às mais duras sanções ocidentais de todos os tempos.

“Quanto à (renovação do) Novo START, como Putin disse, nada nos impede de manter conversações e estamos prontos para isso. Mas isso depende do fato de vermos uma mudança real na política de Washington em relação à Rússia”, disse Ryabkov.

“Mas isso ainda não aconteceu e, portanto, é prematuro falar sobre isso. O tempo está se esgotando.”