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Mais uma vez, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaça uma sobretaxação sobre importações de itens de aço e alumínio, uma medida que deve afetar diretamente o Brasil. O político republicano já adotou procedimento semelhante em seu primeiro mandato, mas em 2019, quando o presidente brasileiro era o aliado Jair Bolsonaro, a decisão foi atenuada com a estipulação de cotas de embarque.
Essa imposição de tarifas é uma prática que parece bem ao agrado do recém-empossado mandatário americano, mas especialistas duvidam de sua eficácia. Como de praxe, Trump argumenta que a decisão visa proteger a indústria nacional. Mas muitas vezes, o resultado obtido é mínimo, isso quando o impacto não é exatamente o oposto.
Quando ele usou em 2018 a famigerada Seção 232, uma disposição da Lei de Expansão do Comércio de 1962 que permite que o presidente aumente as tarifas sobre certos produtos por razões de segurança nacional, a alegação era que a indústria militar estava sendo prejudicada.
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A jogada por trás das tarifas de Trump sobre aço e alumínio
Novas tarifas americanas reacendem disputa comercial e abalam siderúrgicas globais – mas foco é velho rival
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Trump diz que anunciará tarifas de 25% sobre aço e alumínio, exportados pelo Brasil
Trump também disse que anunciará tarifas recíprocas na terça ou quarta-feira que entrarão em vigor quase imediatamente.
Mas o líder dos EUA provocou uma reação em cadeia que acabou por prejudicar os próprios consumidores americanos. O think tank Council of Foreign Relations cita em análise recente um estudo de 2020 realizado por economistas das Universidades de Harvard e da Califórnia, que apontou uma criação de apenas 1.000 empregos na indústria do aço desde o tarifaço de 2018.
No entanto, houve perdas de 75 mil vagas nas cadeias de produção que utilizam o aço e que viram seus custos subir.
Já o American Iron and Steel Institute (AISI) reconheceu em documento publicado em janeiro que a indústria de aço doméstica ainda não atingiu o objetivo de operar com um mínimo de 80% de utilização de sua capacidade. E pediu mudança nas exceções de cotas para as importações, citando especificamente os tubos usados pela indústria de petróleo. O documento cita a Coreia do Sul como um fornecedor que preocupa, mas não fala do Brasil.
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Alguns especialistas afirmam que as tarifas encolhem a economia: a Tax Foundation, estima que a combinação das tarifas de Trump e de Joe Biden já reduziram o produto interno bruto (PIB) dos EUA em 0,2% e devem resultar na perda de 142.000 empregos no longo prazo.
Parte disso vem de um efeito rebote, com países afetados pelas medidas retaliando os EUA, normalmente visando o setor agrícola dos EUA, que depende sensivelmente das exportações.
Há ainda um impacto indireto a ser considerado. As siderúrgicas brasileiras que podem ser afetadas compram muito carvão dos EUA e uma queda de vendas externas implica em compras menores do insumo.
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Por outro lado, há quem defenda o uso de tarifas como forma de pressão. Uma análise de 2022 feita pelo Economic Policy Institute defendeu que as tarifas de Trump ajudaram mais a realocar as cadeias de suprimentos em setores estratégicos do que a reduzi-las que as medidas têm apenas um impacto mínimo e transitório nos níveis de preços dos EUA.
O Council, por vez, alerta que pode não ser possível reverter os efeitos das medidas. A explicação é que uma vez impostas, as tarifas são difíceis de remover porque as empresas se acostumam com o novo ambiente e fazem lobby contra sua suspensão.
Nos EUA, por exemplo, um imposto sobre picapes foi estipulado durante uma disputa comercial com a Europa em 1964 e permanece em vigor até hoje. “Se as tarifas levarem os parceiros comerciais a encontrar novos compradores e vendedores, esses novos relacionamentos podem perdurar”, diz o think tank.
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