Recuo do governo agrada mercado, que vê FIIs blindados da taxação; “tema já morreu”

Representantes do mercado avaliam que governo foi sensível em relação à importância dos FIIs para o financiamento da produção imobiliária no País

Wellington Carvalho

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O mercado de fundos imobiliários parece respirar mais aliviado após o governo federal sinalizar que não pretende tributar o segmento. A possibilidade havia sido levantada depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetar a isenção para FIIs e Fiagros na nova regulamentação da reforma tributária.

Nesta semana, o ministro da Fazenda prometeu apresentar ao Congresso uma proposta que deixe claro que não haverá taxação destas carteiras. Fernando Haddad deve procurar os presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, para discutir detalhes técnicos da solução.

O compromisso foi bem recebido pelo mercado. Pelo menos foi esse o sentimento manifestado por gestores e analistas ouvidos pelo InfoMoney durante a cerimônia de entrega da Premiação Outiliers InfoMoney, realizada nesta quinta-feira (6), em São Paulo (SP).

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“Meu sentimento é que este tema já morreu”, confirma Alessandro Vedrossi, gestor da Valora Investimentos. “Hoje a indústria de FIIs colabora com a produção imobiliária no Brasil e [a tributação] seria um tiro no pé”, afirma o executivo, que sozinho ostenta investimentos na ordem de R$ 3,6 bilhões no segmento residencial.

Alessandro Vedrossi, da Valora Investimentos (no centro) durante cerimônia da Premiação Outliers InfoMoney (Foto: divulgação)

Ele se diz razoavelmente tranquilo com o debate e reforça a importância do agronegócio na discussão. “Muito mais forte do que a indústria imobiliária”, comenta o gestor da Valora, vencedora nas categoria FoF e Fiagro da Premiação Outiliers InfoMoney.

Tiago Reis, fundador da Suno Research, vai na mesma linha e também considera que as recentes sinalizações do governo federal sobre o tema são suficientes para garantir a tranquilidade do mercado.

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“Eu acredito que é suficiente também porque há muitos congressistas que entendem muito do processo legislativo para blindar e proteger os fundos e, consequentemente, os investidores e toda a cadeia produtiva”, diz. “Hoje já são mais de dois milhões de empregos gerados na construção civil através do financiamento que vem dos fundos imobiliários, além do montante de R$ 40 bilhões que chega à cadeia produtiva por meio dos Fiagros”, calcula.

Reis avalia que os números do segmento têm um impacto relevante na economia real e considera que o governo federal foi sensível ao pleito de investidores e entidades de classe. “Me parece que estamos blindados de uma possível tributação”, completa.

Já Flávio Cagno, da Kinea Investimentos, acredita ser fundamental que o governo transmita a segurança de que a indústria de FIIs será preservada.

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“No final das contas, se houver uma disrupção do atual modelo, o investidor pessoa física terá um receio maior de investir na classe e isso vai refletir em menos recursos para o setor [imobiliário] e prejudicará o País”, alerta.

Atualmente, o mercado de fundos imobiliários conta com quase três milhões de investidores. Cerca de 75% deles são pessoas físicas.

Na opinião de Cagno, a renúncia fiscal existente hoje com os FIIs se materializou em algo maior para a sociedade, ou seja, uma “imprescindível alternativa de financiamento do mercado imobiliário”.

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Flávio Cagno, da Kinea Investimentos (3º da esquerda para a direita) durante cerimônia da Premiação Outliers InfoMoney (Foto: divulgação)

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“O mercado imobiliário sempre teve a poupança como principal funding (captação de recursos)”, contextualiza. “Mas a poupança tem registrado saques recorrentes e sucessivos ao longo dos últimos anos”, completa Cagno, ao justificar a necessidade de preservar o regime tributário de veículos como os FIIs.

Wellington Carvalho

Repórter de fundos imobiliários do InfoMoney. Acompanha as principais informações que influenciam no desempenho dos FIIs e do índice Ifix.