Ata do Copom antevê ajuste de 1 ponto na Selic e reitera riscos inflacionários

O documento destaca que a magnitude total do ciclo de aperto monetário será guiada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta estabelecida

Lara Rizério

Publicidade

O Comitê de Política Monetária (Copom) disse, na ata da sua última reunião, que a indicação de alta de 1 ponto porcentual (pp) na Selic em março, o que elevaria a taxa de juros dos atuais 13,25% para 14,25% ao ano, segue apropriada. O indicativo para a próxima reunião é a última sinalização feita pelo colegiado, que optou por deixar em aberto as decisões da política monetária a partir do encontro do mês de maio.

Essa decisão é justificada pela análise de cenário. “O Comitê avaliou que os determinantes de prazo mais curto, como a taxa de câmbio e a inflação corrente, e os determinantes de médio prazo, como o hiato do produto e as expectativas de inflação, seguem exigindo uma política monetária mais contracionista”, afirmou o texto, acrescentando que esses indicadores também foram determinantes para a elevação de 1 pp decidida na última semana.

“Para além da próxima reunião, a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, disse o colegiado.

“Comitê acompanhou com atenção os movimentos do câmbio, que tem reagido, notadamente, às notícias fiscais domésticas, às notícias da política econômica norte-americana e ao diferencial de juros”, destacou. Na ata, o BC também informou que a efetivação de determinadas políticas nos Estados Unidos pode pressionar os preços de ativos domésticos.

O Copom também repetiu as projeções de inflação que já haviam sido divulgadas no texto da última quarta-feira. Ele espera que o IPCA atinja 4,0% no acumulado de quatro trimestres até o terceiro trimestre de 2026, horizonte relevante da política monetária. A estimativa está acima do centro da meta, de 3%, e considera elevação de 3,8% para os preços livres e de 4,6% para os administrados.

O BC espera que o IPCA encerre 2025 em 5,2%, acima do teto da meta, de 4,5%. A estimativas consideram altas de 5,2% nos preços livres e de 5,2% nos administrados este ano.

Continua depois da publicidade

Todas as projeções do BC partem do cenário de referência, com trajetória de juros extraída do relatório Focus e bandeira verde de energia elétrica em dezembro de 2024 e 2025. A taxa de câmbio começa em R$ 6,0 e evolui conforme a paridade do poder de compra (PPC). Os preços do petróleo seguem aproximadamente a curva futura por seis meses e, depois, sobem 2% ao ano.

(com Reuters e Estadão Conteúdo)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.