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Observar se a empresa está no limite de alavancagem em relação à geração de caixa ou do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) tem se tornado um ponto importante no contexto do crédito privado, segundo Fayga Delbem, head de crédito core da Itaú Asset, com R$ 450 bilhões sob gestão, o maior do país.
Ela participou do episódio 269 do programa Stock Pickers, com apresentação de Lucas Collazo e Henrique Esteter.
Luz amarela
“Se a empresa estoura seu limite, ela tem que chamar todos os credores à mesa para renegociar as condições. Isso pode gerar uma pressão de liquidez. A gente tem ficado muito atenta a essas empresas que estão navegando assim porque pode ter uma luz amarela, com mais dificuldade”, comenta a gestora.
Os setores que trabalham com margens menores, onde a geração de caixa oscila muito mais e com a alavancagem maior, são os que mais preocupam. “Usualmente essas empresas estão mais presentes no varejo”, destaca.
“Mas não gosto muito de olhar assim (setorialmente), tenho uma abordagem mais do micro para o macro”, ressalta.
Ela diz também que o setor de construção civil sempre preocupa em relação ao crédito privado porque a demanda de imóveis tem uma correlação grande com a taxa de juros, hoje em elevação forte.
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Setores regulados
Já os setores regulados estão bem posicionados no contexto macro, avalia Fayga. “Empresas nesses setores, com receitas corrigidas pela inflação e uma previsibilidade melhor, tem muito mais tranquilidade para navegar nesse ambiente macro”, diz.
“Mas o setor regulado tem sempre lição de casa para fazer”, complementa. “O que a gente tem que olhar é o nível de capex, financiamento e investimentos que essas empresas têm”, afirma.
Ela lembra que invariavelmente essas empresas são concessões públicas, que tem uma determinada necessidade de investimentos, inclusive obrigatória, o que impõe olhar seu cronograma bem de perto.