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O líder do governo no Senado Federal, Jaques Wagner (PT-BA), é um dos quadros mais experimentados do partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e um dos aliados mais próximos do chefe do Executivo, de quem é amigo pessoal há décadas.
Governador a Bahia por dois mandatos consecutivos, entre 2007 e 2014, Wagner também já foi ministro do Trabalho e Emprego (2003-2004), das Relações Institucionais (2005-2006), da Defesa (2015) e da Casa Civil (2015-2016), tendo participado ativamente dos dois primeiros governos de Lula e também dos mandatos de Dilma Rousseff (2011-2016) na Presidência da República.
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo publicada nesta segunda-feira (23), Wagner elogia o pacote fiscal apresentado pelo governo federal e aprovado na semana passada pelo Congresso, defende Lula das críticas de setores do mercado financeiro e aposta que o presidente da República, apesar dos recentes problemas de saúde, deve ser candidato à reeleição em 2026.
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“Ele [Lula], para 79 anos, é um cara muito bem conservado. Corre, joga futebol, está melhor que eu, super inteiro. No entanto, porque ele teve um problema que qualquer um pode ter, e que por azar a queda provocou o que provocou, aí sobe a Bolsa, desce a Bolsa. Pelo amor de Deus, gente. Chega a ter um requinte de crueldade. Muita gente deve ter ganhado dinheiro com a doença dele”, critica o líder do governo.
“Não acho que pelo lado da saúde é o problema. A decisão [sobre a eventual candidatura] será muito pessoal dele, se ele quer se oferecer para mais quatro anos. Ele é um animal político. Eu diria para vocês: saúde, para mim, não será uma variável de decisão, definitivamente”, prossegue o senador.
“Será uma decisão pessoal dele. Se a circunstância política não estiver boa, provavelmente ele terá mais ímpeto de vir para a eleição, e não o contrário. Pode ser até que ele diga assim: estamos nadando de braçada, 70%, 60% de avaliação [positiva], está na hora de renovar. Se você perguntar: o que você acha? Eu acho que ele vai ser”, arrisca Wagner.
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O líder do governo no Senado reconhece, por outro lado, que o PT enfrenta uma enorme dificuldade de renovação de seus quadros. Até hoje, o partido só foi representado por três nomes em eleições presidenciais: Lula (1989, 1994, 1998, 2002, 2006 e 2022), Dilma (2010 e 2014) e Fernando Haddad (2018). Dilma e Haddad foram escolhas de Lula, que não podia ser candidato em 2010 (após dois mandatos seguidos) e 2018 (quando estava preso).
“Acho que o partido passa por um problema de renovação. Eu sou um obsessivo da renovação, fiz isso na Bahia”, admitiu Jaques Wagner, em referência a seus sucessores no governo baiano – Rui Costa, que governou o estado de 2015 a 2022, e Jerônimo Rodrigues, eleito governador em 2022.
Responsabilidade fiscal
Na entrevista à Folha, o líder do governo no Senado defendeu o governo Lula das críticas de que o pacote fiscal teria sido tímido demais para resolver o problema das contas públicas do país.
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Para Wagner, “o esforço que está sendo feito pelo governo é muito grande”. “Acho que tem que ser um equilíbrio entre gastos ou investimentos e o bem-estar das pessoas. Eu não sonho com a Argentina. A Argentina, neste momento, pode ser o sonho dos financistas. Aumento violento da miséria, de gente sem casa. Este, para mim, não é o país ideal. ‘Oh, que finanças lindas, oh, que povo sofrido’”, afirmou.
“Nós pegamos o país com o lado social totalmente depauperado. Se poderia investir mais paulatinamente para a recuperação disso, é uma crítica que se pode fazer. Mas é o compromisso central do presidente. Eu não acho, em hipótese nenhuma, que haja irresponsabilidade fiscal. Nós melhoramos a receita. Mas o único discurso que eu ouço aqui é de continência à chamada responsabilidade fiscal. Eu acho que nenhum conceito é absoluto, exclusivo.”
Wagner diz ainda que “a dívida continua no padrão do governo anterior vis-à-vis o PIB”. “Agora, nós aumentamos receita e aumentamos despesa. O Brasil está crescendo. Tivemos que contingenciar quanto do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento]? R$ 20 bilhões. O PAC é a alma do presidente. Alguém dizer que essa pessoa não tem responsabilidade fiscal quando, em um programa central dele, corta R$ 20 bilhões…”, critica.
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“O líder da oposição disse [na aprovação do pacote]: ‘eu acho tímido, mas está no caminho certo’. Bom, se está no caminho certo, os conceitos não estão largados. O volume, quem tem que graduar é o presidente. E ele [Lula] vai ter as consequências. Se ele errar a mão, pode chegar não tão bem em 2026”, completa o senador.
Questionado se haveria um “viés político” na reação negativa do mercado ao pacote fiscal do governo, Wagner disse que este “é um dos componentes do momento”.
“Não estou dizendo que é só isso. Estou dizendo que tem um tempero que é a luta política. Seria ingênuo da minha parte achar que as coisas são só por convicções teóricas, de economia. Tem isso e, se o cara puder tirar uma lasquinha, vai tirar”, avalia.
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“Vou continuar dizendo que hoje tem um componente ideológico muito mais forte do que já teve em eleições anteriores. Mas tem a questão da prosperidade que, na minha opinião, continua sendo o elemento puxador, o bem-estar das pessoas”, continua Wagner.
“É preciso que a gente também olhe o seguinte: Lula foi presidente pela primeira vez em 2003. De lá para cá, são 22 anos. Muita gente que está votando agora já nasceu nesse território, com muitas das coisas que foram inovadoras. A gente precisa encontrar uma narrativa que mostre que a gente é uma locomotiva andando para frente, e não vivendo do passado.”
Comunicação
Jaques Wagner também admitiu, na entrevista, que um dos grandes problemas do terceiro mandato de Lula está na comunicação do governo. A área deve ser um dos focos da futura reforma ministerial, prevista para o início do ano que vem.
“Falta uma narrativa mais qualificada do que a gente está fazendo; é a sensação de muita gente. E é até uma certa agonia do presidente, por achar que não é dado conhecimento total às pessoas daquilo que está sendo feito de maneira positiva, ou seja, a famosa narrativa. A gente ainda não encontrou, como grupo político, uma embocadura disso aí”, concluiu.