Largo da Batata Ruffles: por que prefeitura de SP suspendeu concessão à PepsiCo

Concessão passou a ser discutida após a revelação do contrato, que foi considerado por muitos como uma “venda” de um espaço público para uma empresa privada

Equipe InfoMoney

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A Prefeitura de São Paulo recuou do projeto de ceder o Largo da Batata, localizado em Pinheiros, à PepsiCo. A proposta previa a transformação do espaço em “Largo da Batata Ruffles”, permitindo que a empresa explorasse sua marca em toda a área, incluindo a instalação de um “letreiro instagramável”, bancos ondulados e equipamentos esportivos que fariam alusão ao seu slogan.

A concessão foi firmada sem licitação e gerou polêmica nas redes sociais, levantando críticas de urbanistas e vereadores da oposição. A discussão sobre a concessão começou a ganhar destaque após a revelação do contrato, que foi considerado por muitos como uma “venda” de um espaço público para uma empresa privada.

O termo firmado entre a prefeitura e a PepsiCo previa que todo o mobiliário urbano do Largo da Batata, que já conta com bancos, mesas e equipamentos de ginástica, poderia ser explorado pela marca. Em contrapartida, a empresa se comprometeria a realizar melhorias e manutenção do espaço, além da implementação de Wi-Fi, totalizando um investimento de R$ 1,1 milhão ao longo de 24 meses.

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A PepsiCo já havia anunciado o acordo em comunicado à imprensa, referindo-se ao espaço como “Largo da Batata Ruffles” e destacando que o local passaria por reformas e melhorias para proporcionar um ambiente de convivência, lazer e cultura. Embora anunciada pela marca em propagandas, a mudança do nome do Largo da Batata não seria oficial, já que a cessão de naming rights ainda não foi concretizada neste caso.

“Trata-se de um termo de cooperação e doação, sem necessidade de licitação ou consulta pública, que cumpriu todos os trâmites legais e que não incorreu em nenhuma irregularidade”, afirmou a PepsiCo, em nota enviada ao InfoMoney.

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Na noite de quinta-feira (12), a prefeitura anunciou que o projeto será submetido à análise da Comissão de Proteção à Paisagem Urbana (CPPU), que ainda não havia se manifestado sobre o assunto. A CPPU deve ser consultada sempre que há ativações publicitárias em espaços públicos, conforme a Lei Cidade Limpa, que restringe esse tipo de intervenção na cidade.

Para Nabil Bonduki, arquiteto e urbanista da FAU-USP e vereador eleito de São Paulo, o valor é “irrisório”, totalizando R$ 1.122.410,00 em serviços, segundo publicação no X. “É um valor baixo e inadequado para um lugar tão importante”, disse Bonduki.

A gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) informou que a suspensão visa proporcionar uma “reanálise documental e tempo hábil para manifestação da CPPU a respeito da proposta de parceria para o Largo da Batata”. A PepsiCo ainda não comentou a decisão.

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Leia na íntegra nota da PepsiCo:

A PepsiCo esclarece que o projeto de revitalização do Largo da Batata prevê melhorias e benfeitorias para o espaço público, como revitalização dos canteiros, mobiliário e jardins. Trata-se de um termo de cooperação e doação, sem necessidade de licitação ou consulta pública, que cumpriu todos os trâmites legais e que não incorreu em nenhuma irregularidade. A companhia reitera que seguiu todas as diretrizes do processo administrativo com a SubPrefeitura de Pinheiros e que a iniciativa não contempla a mudança do nome do Largo da Batata (naming rights). A PepsiCo aguarda a avaliação dos demais órgãos competentes ligados à Prefeitura para definir a continuidade da ação.