“Desconto gigante” nos FIIs de “papel” abre oportunidades, dizem gestores

Essa classe de ativo acumula desvalorização média de 7% em 2024; mercado vê “janela de entrada interessante”

Wellington Carvalho

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Os FIIs de recebíveis – que investem em títulos de renda fixa – acompanham o comportamento do mercado e acumulam queda aproximada de 7% em 2024, de acordo com o Índice Teva de Fundos Imobiliários de Papel. Embora o cenário siga desafiador, o comportamento desta classe de ativos abre oportunidades para o investidor, observam especialistas.

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André Masetti, da XP Asset, e Flávio Cagno, da Kinea Investimentos, falaram sobre o tema durante a a semana de Duelo dos Fundos. A série de encontros tem a moderação de Clara Sodré, analista de fundos da casa.

De forma geral, o mercado de FIIs avança para o quarto mês consecutivo de baixa, com perdas acumuladas no ano de mais de 10%. O desempenho é atribuído principalmente à elevação da taxa de juros – que na semana passada subiu mais 1 ponto percentual, para 12,25% ao ano.

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Com foco principalmente em certificado de recebíveis imobiliários (CRI), os fundos de recebíveis, ou de “papel”, tendem a apresentar uma resiliência maior diante de momentos mais voláteis. Isso porque os títulos presentes no portfólio estão indexados à taxa do CDI ou a índices de inflação – o que garante uma proteção contra oscilações acentuadas dos indicadores.

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Mas, diante da blindagem, o que justificaria o desempenho negativo dos fundos de “papel” em 2024? Na avaliação de Cagno, a classe de ativo foi contaminada pelo nervosismo do mercado de renda variável, em uma espécie de círculo vicioso.

“Você tem a deterioração do cenário macro, o governo tenta uma resposta que não surte efeito, isso afeta o preço de mercado de ativos como os fundos imobiliários e acaba gerando um mal-estar entre os investidores”, explica. “Desta forma, você entra em um espiral, em um círculo vicioso, com as pessoas cansadas de perder dinheiro, vendendo suas posições, os preços são puxados mais para baixo e assim sucessivamente”, completa.

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“Comprar ao som de canhões”

Apesar da volatilidade observada nas cotações dos fundos imobiliários, os gestores afirmam que a operação das carteiras segue normal, especialmente a dos fundos de maior qualidade, liquidez e boa gestão – cenário que pode abrir boas oportunidades, ponderam.

“Como o mercado está muito estressado com a elevação dos juros, é uma janela de entrada muito interessante”, afirma Masetti.  “Tem um desconto gigantesco nas cotações dos fundos atualmente”, observa.

A maioria dos fundos, acrescenta, está negociando abaixo do valor patrimonial, o que representaria uma oportunidade de ganho de capital no futuro. Em estudo recente, o Canuma Capital Multiestratégia (CCME11) apontou que o atual nível de desconto dos FIIs foi observado em apenas 6% dos pregões desde 2017.  

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Além do desconto, Masetti lembra que os FIIs de “papel” estão realizando alocações interessantes, aproveitando as elevadas taxas de juros embutidas nos títulos atualmente – garantindo um retorno relevante para o investidor no futuro.

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Wellington Carvalho

Repórter de fundos imobiliários do InfoMoney. Acompanha as principais informações que influenciam no desempenho dos FIIs e do índice Ifix.