Taxas de juros futuros disparam em meio a tramitação do pacote fiscal no Congresso

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 14,36%, ante 14,192% do ajuste anterior

Reuters

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As taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) saltaram nesta segunda-feira, com algumas taxas de contratos mais longos voltando a subir mais de 20 pontos-base, conforme o mercado reagia a dificuldades do governo para avançar o pacote fiscal no Congresso e à perspectiva de uma Selic mais alta.

No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2025 — que reflete as apostas para a Selic no curtíssimo prazo — estava em 11,951%, ante 11,851% no ajuste anterior. Já a taxa do contrato para janeiro de 2027 marcava 14,96%, em alta de 20 pontos-base ante o ajuste anterior de 14,759%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 14,36%, ante 14,192% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 14,15%, ante 14,002%.

No início de uma semana repleta de eventos econômicos, com destaque para dados do IPCA de novembro e a última reunião do Copom do ano, as atenções dos investidores se voltavam novamente para o cenário fiscal, conforme o Executivo busca a aprovação de suas medidas de contenção de gastos no Congresso ainda neste ano.

O mercado recebeu mal decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), de rejeitar um recurso apresentado pela Advocacia-Geral da União (AGU) para revisar as regras que havia definido na semana passada para liberar o repasse de emendas parlamentares.

Fontes afirmaram à Reuters que a decisão travou o avanço do pacote fiscal na Câmara dos Deputados e ameaça jogar a votação das medidas na Casa para somente 2025.

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“O governo parece estar tendo dificuldade de criar uma base para aprovação do pacote… Essa notícia atrapalhou muito. O cenário se tornou mais desafiador para aprovar as medidas”, disse Daniel Cunha, estrategista-chefe da BGC Liquidez.

O tema fiscal vem sendo o principal responsável pelas altas firmes das taxas dos DIs em sessões recentes, principalmente nos contratos de longo prazo, refletindo o pessimismo do mercado em relação à trajetória das contas públicas.

O duplo anúncio pelo governo do pacote fiscal e de um projeto de reforma do Imposto de Renda no fim do mês passado pegou os investidores de surpresa e ainda tem causado mal estar.

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As taxas futuras de prazos mais curtos subiam ainda em reflexo à confirmação pela pesquisa Focus da deterioração das expectativas de inflação para os próximos anos, o que pode levar o Banco Central a acelerar o ritmo de seu aperto monetário quando anunciar sua decisão de juros na quarta-feira.

O levantamento divulgado pelo BC nesta segunda mostra que os economistas passaram a prever altas do IPCA de 4,84% e 4,59% respectivamente em 2024 e 2025, de 4,71% e 4,40% antes. Se confirmados esses cenários, ambos os anos terminarão com a inflação acima do teto da meta perseguida pela autarquia.

O centro da meta oficial para a inflação é de 3,00%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

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Operadores colocavam 74% de chance de uma alta de 1 ponto percentual na Selic, atualmente em 11,25% ao ano, na quarta-feira, contra 26% de probabilidade de um aumento de 0,75 ponto. Na sexta-feira, a chance do movimento maior era de 59%.

O IBGE divulga na terça-feira os números para o IPCA de novembro. Economistas consultados pela Reuters esperam uma desaceleração da alta dos preços para 0,37% na base mensal, ante 0,56% em novembro.

“O número de inflação amanhã pouco importa. O Banco Central tem um problema de credibilidade. Quando você olha a desancoragem das expectativas, é um diagnóstico disso. Isso é um fato, e o BC precisa endurecer. Um dado de inflação amanhã mexe muito pouco”, completou Cunha.