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Após concretizar a compra do terreno em que vai construir seu estádio, o Flamengo deve buscar alternativas de financiamento no mercado de capitais. São discutidas as estruturações de ao menos dois instrumentos financeiros para abater gastos com aquisição do espaço e captar recursos para a construção.
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Em outubro, o clube carioca assumiu a posse do terreno do gasômetro, na região do Porto Maravilha, área portuário do Rio de Janeiro. Antes pertencente à Caixa, a área foi arrematada em leilão por R$ 138,19 milhões, pagos à vista pelo rubro-negro.
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Para reverter o impacto financeiro da compra do terreno no caixa, calculado em R$ 147 milhões, a expectativa é estruturar um fundo para a venda de cadeiras cativas do futuro estádio, disse o presidente do clube, Rodolfo Landim, com exclusividade ao InfoMoney.
“Nós nos comprometemos na reunião do Conselho Deliberativo que aprovou a compra do terreno em nada comprometer as receitas atuais do Flamengo com a construção do estádio”, disse. “Então, a primeira coisa que vamos fazer é vender mil cadeiras cativas, mas só para poder repor o dinheiro do caixa que usamos para a compra.”
O processo deve ter início em janeiro do próximo ano, para que haja tempo de coletar indicações de interesse e pedidos de compra (processo chamado de bookbuilding), aprovação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e demais processos formais.
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Construção
Na última semana, Flamengo e Prefeitura do Rio de Janeiro assinaram um termo de compromisso para viabilizar a construção do estádio. Um primeiro passo a ser dado com o acordo é a possibilidade de venda do potencial construtivo da sede do clube.
Acontece que cada terreno tem um potencial construtivo para ser utilizado. Como o Flamengo não utiliza todo esse potencial na Gávea, a ideia é que ele possa negociá-lo com alguém que esteja desenvolvendo um empreendimento — um projeto de prédio que queira ter mais andares do que seu potencial permite, por exemplo.
Por enquanto, o clube ainda não começou conversas com compradores, a expectativa é de que isso comece a partir do ano que vem, quando será encaminhado à Câmara Municipal o projeto de lei, assim que os vereadores eleitos em 2024 tomarem posse.
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Os recursos arrecadados com a venda do potencial construtivo só podem ser usadas para a construção do estádio. A expectativa é de levantar R$ 500 milhões com o negócio, para um projeto orçado em aproximadamente R$ 2 bilhões.
Alternativas
Segundo Landim, o clube estuda alternativas de financiamento que envolvem a estruturação de um papel incentivado que utilize a venda dos naming rights de longo prazo da futura arena como garantia para reduzir os juros.
“Ainda é difícil falar porque não começamos a negociar [os naming rights] com as empresas”, conta o executivo. O plano que será encaminhado para aprovação no Conselho, no entanto, projeta que seja necessário levantar recursos para a construção.
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“A outra possibilidade é que quem compre os naming rights pague à vista. Mas uma maneira razoável que achamos e estamos encaminhando no orçamento para aprovação é assim: um contrato de naming rights no qual vou descontar no mercado tentando estruturar isso como um papel incentivado”, diz.
No mercado, as opções mais comuns de títulos incentivados para a área de construções são os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e os Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs), isentos de imposto de renda.
As projeções são de que, sozinho, o estádio adicione R$ 768 milhões ao patrimônio do Flamengo até 2027. O valor seria quase a metade de todo o patrimônio do clube projetado ao fim do período.
Neste ano, clubes de futebol têm se aproximado do mercado de capitais em busca de financiamento para suas operações. No último mês, o São Paulo anunciou a estruturação de um Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDC) para reestruturar sua dívida bancária. O Atlético Mineiro fez a primeira emissão de debêntures-fut do País, possibilidade aberta pela Lei das SAF.