Ecorodovias (ECOR3): por que a ação desabou 20% após vencer o leilão da Nova Raposo

Companhia venceu leilão da Nova Raposo com oferta de R$ 2,19 bilhões, considerada agressiva e gerando temores sobre alavancagem

Felipe Moreira

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As ações da Ecorodovias (ECOR3) despencaram cerca de 20% na última quinta-feira (28), após a empresa vencer o leilão da concessão da Nova Raposo com um lance de R$ 2,19 bilhões, considerado agressivo pelos investidores (com a baixa potencializada também pela sessão de forte aversão a risco do mercado). Na manhã desta sexta-feira (29), as ações chegaram a cair, mas passaram a operar entre leves perdas e ganhos durante a manhã.

À primeira vista, na avaliação do Bradesco BBI, a Ecorodovias fez uma oferta agressiva por essa concessão, superando a segunda maior licitante (Grupo EPR) em 87% e a CCR (CCRO3) em 111%. Com isso, o mercado reagiu negativamente, pois os investidores temem um aumento da alavancagem em um ambiente provavelmente marcado por juros mais altos.

No entanto, o banco acredita que a companhia possa atingir uma TIR (taxa interna de retorno) real de 15% (1,00 pp abaixo da orientação da EcoRodovias), adicionando R$ 0,80 por ação com base nas premissas da companhia de: (i) tráfego 12% maior durante o período de 30 anos em comparação com o modelo do governo do estado de São Paulo; (ii) despesas operacionais 20% menores; e (iii) economia nos investimentos de 10%.

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Segundo o BBI, a economia com despesas operacionais pode ser facilitada pelo centro de operações de controle centralizado (CCO) da empresa, anunciado durante os resultados do 3T24, que já administra a Ecovias dos Imigrantes e a Ecopistas, e incluirá a EcoNoroeste em breve, bem como a recém-conquistada concessão da Nova Raposo.

O banco ainda comenta que as últimas quatro concessões de rodovias adicionadas ao seu portfólio (Ecovias do Cerrado, Ecovias Araguaia, EcoRioMinas e EcoNoroeste) superaram as expectativas do mercado.

A companhia encerrou o 3T24 com alavancagem financeira de 3,3 vezes a relação Dívida Líquida/Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) e pode chegar a 4,25 vezes até 2026, sem incluir a Nova Raposo. Numa base pró-forma, incluindo o primeiro ano do novo projeto, a alavancagem financeira seria de 4,3 vezes, confirmando que o projeto deve ter apenas um impacto menor na alavancagem financeira, e os novos termos da ECO101 não devem alterar substancialmente esta tendência.

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O BBI manteve recomendação de compra para EcoRodovias e o preço-alvo de R$ 15,00.

A XP Investimentos, por sua vez, prevê uma TIR real apertada do projeto de cerca de 7,5% ao usar as indicações de eficiência da administração, embora reconheça a expectativa geradora de valor da administração de uma TIR real de 16% mediante oportunidades de alavancagem, aceleração de D&A e redução de capital.

O time de análise da XP também não espera que ocorra um aumento de capital, embora acredite que isso poderia aliviar as preocupações do mercado, já que as demandas de fluxo de caixa do projeto coincidem com a expectativa de desalavancagem da Ecorodovias.

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Já o Itaú BBA comenta que ativo parece agregar valor ao portfólio. Por outro lado, a alavancagem atual da Ecorodovias e a abordagem de maior aversão ao risco dos investidores em meio a desafios macro podem explicar o desempenho inferior do papel ontem. O BBA manteve recomendação de compra e preço-alvo de R$ 9.

O JPMorgan pontua que 76% do investimento total será concentrado nos primeiros 8 anos, sendo 58% entre o quarto e o sétimo ano. A Ecorodovias estima uma economia de 10% em relação aos investimentos previstos pelo governo, devido a eficiências de engenharia. Já os analistas do JPMorgan destacam que as obras são relativamente mais complexas do que as da Rota Sorocabana, recentemente leiloada. O saldo de capex da Ecorodovias agora soma R$ 47 bilhões.

Segundo estimativa do JPMorgan, a alavancagem da Ecorodovias deve atingir o pico de 4,5 vezes em 2027. No entanto, em vez de começar a reduzir a alavancagem a partir de 2028, esta deve permanecer elevada por mais alguns anos.

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Segundo relatório, a gestão acredita que não será necessária uma oferta de ações, mas mencionou que a venda de participações em ativos maduros continua no radar, independentemente da proposta da Nova Raposo. O JPMorgan reiterou recomendação de compra e preço-alvo de R$ 9,50.

O BTG Pactual ressaltou que o sentimento negativo geral do mercado na véspera contribuiu para uma queda de 20% nas ações após o leilão. O banco vê que a Ecorodovias surpreendeu positivamente ao acelerar o processo de desalavancagem este ano e tem executado seu capex de forma bastante eficiente, apesar do grande ceticismo do mercado. “No entanto, acreditamos que os investidores permanecerão cautelosos devido ao cenário macroeconômico adverso, até que haja maior clareza sobre uma redução mais rápida do risco de alavancagem”, avalia.