Bolsonaro se diz “perseguido” e não descarta exílio em embaixada

Apesar de cogitar um exílio, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que, se "devesse alguma coisa, estaria nos Estados Unidos" e não teria retornado ao Brasil

Equipe InfoMoney

Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) conversa com o embaixador húngaro no Brasil, Miklós Halmai, dentro da embaixada da Hungria no Brasil, 4 dias após ser alvo de operação da Polícia Federal (PF), segundo jornal "The New York Times" (Imagem: Reprodução/NYT)
Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) conversa com o embaixador húngaro no Brasil, Miklós Halmai, dentro da embaixada da Hungria no Brasil, 4 dias após ser alvo de operação da Polícia Federal (PF), segundo jornal "The New York Times" (Imagem: Reprodução/NYT)

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Após ser indiciado pela Polícia Federal (PF) por tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse se considerar “perseguido” e, por isso, não descarta um refúgio em uma embaixada. 

Apesar de cogitar um exílio, o ex-presidente afirmou que, se “devesse alguma coisa, estaria nos Estados Unidos” e não teria retornado ao Brasil.

“Embaixada, pelo que eu vejo a história do mundo, quem se vê perseguido pode ir para lá”, disse Bolsonaro em entrevista à jornalista Raquel Landim, do UOL, publicada nesta quinta-feira (28).

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Em fevereiro, a PF deflagrou a Operação Tempus Veritatis, na qual Bolsonaro e aliados foram alvos de mandados de busca e apreensão e de prisão preventiva. Imagens divulgadas pelo jornal americano The New York Times revelaram que, quatro dias após a operação da PF, o ex-presidente brasileiro passou duas noites hospedado na Embaixada da Hungria. A estadia de Bolsonaro ocorreu entre os dias 12 e 14 de fevereiro.

O espaço físico de uma embaixada é considerado território inviolável do país de origem. Portanto, naquela ocasião, se a Justiça expedisse um mandado de prisão preventiva contra o ex-presidente, a decisão não poderia ser cumprida por ele estar em uma embaixada internacional. A defesa de Bolsonaro justificou a hospedagem com o objetivo de “manter contatos com autoridades do país” e atualizar os representantes húngaros sobre o “cenário político das duas nações”.

Leia também: Flávio Bolsonaro: “Direita ainda não tem esse nível de organização sugerido pela PF”

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Na semana passada, a PF concluiu o relatório e pediu o indiciamento de Jair Bolsonaro e mais 36 pessoas, entre militares de alta patente e aliados próximos ao ex-presidente, como os ex-ministros Walter Braga Netto (Defesa e Casa Civil), Anderson Torres (Justiça) e Augusto Heleno.

Segundo a PF, Bolsonaro foi o líder de uma organização criminosa que pretendeu reverter o resultado do pleito presidencial, no qual perdeu a recondução para Luiz Inácio Lula da Silva (PT). De acordo com investigação, a trama golpista não foi articulada à revelia do mandatário, mas, sim, orquestrada com seu conhecimento e participação “direta”.

Ao admitir que cogita o refúgio, Bolsonaro passa a representar risco para “a aplicação da lei penal”, uma vez que, caso se dirija a uma embaixada, o ex-mandatário passaria a estar inviolável para a Justiça nacional. Nos casos em que a aplicação do processo criminal está ameaçada, cabe a prisão preventiva.

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A lei determina que a detenção preventiva pode ocorrer nos crimes inafiançáveis “em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal”, desde que decretada por um juiz e solicitada pelo Ministério Público.

A partir do indiciamento, os autos do inquérito são enviados ao Ministério Público – o titular da ação penal, no jargão jurídico –, que avaliará o que fazer com o processo. O órgão pode apresentar ou não denúncia à Justiça.

No caso concreto de Jair Bolsonaro, o decreto da prisão preventiva possui respaldo legal, pois o crime imputado pela PF ao ex-presidente é inafiançável, segundo a Constituição Federal, que qualifica dessa forma os ilícitos relativos à “ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático”.

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O relatório que imputa crimes ao ex-presidente foi encaminhado na terça-feira (26) à Procuradora-Geral da República (PGR), à qual caberá a análise do caso e a eventual apresentação de denúncia contra os implicados no inquérito.

Se os 37 indiciados forem denunciados, compete à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) aceitar ou não o parecer do Ministério Público. Caso aceite, os implicados na investigação por golpe de Estado passariam a ser réus.

(Com Estadão Conteúdo)