Lula critica mercado e diz que economia “vai crescer 3% ou um pouco mais de 3%”

Em seu discurso durante um evento do setor da construção, Lula voltou a dizer que seu governo tem o compromisso de fazer o Brasil “voltar à normalidade democrática" e "à normalidade civilizatória”

Fábio Matos

Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presidente da República (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presidente da República (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a reclamar nesta terça-feira (26) dos prognósticos menos otimistas de parte do mercado financeiro sobre o futuro da economia brasileira. 

Ao discursar durante a cerimônia de abertura de um evento do setor da construção, em Brasília (DF), Lula disse que o Brasil vive “um bom momento” e que o Produto Interno Bruto (PIB) do país deve registrar um crescimento de pelo menos 3% neste ano. 

O petista esteve presente na abertura do 99° Encontro Nacional da Indústria de Construção. O evento é promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e conta com a participação de representantes do setor, além do mercado imobiliário e especialistas em sustentabilidade e inovação.

O evento foi realizado no Salão de Eventos da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília.

“Vocês lembram do mercado, como é que dizia… ‘a economia não vai crescer, vai crescer só 0,8%’. Cresceu 3%. Agora vai crescer 3% ou um pouco mais de 3%. As coisas estão acontecendo na macroeconomia e na microeconomia”, afirmou Lula aos empresários do setor da construção. 

“Normalidade democrática”

Em seu discurso, Lula voltou a dizer que seu governo tem o compromisso de fazer o Brasil “voltar à normalidade democrática, à normalidade civilizatória”. “Em que as pessoas podem conversar, podem estar em partidos diferentes, torcer para times diferentes. Temos de aprender a conviver da forma mais civilizada possível”, afirmou. 

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Sem citar o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), investigado pela Polícia Federal (PF) pela suposta participação em uma tentativa de golpe de Estado, Lula voltou a defender a “civilidade” na política. 

“Eu não preciso gostar de vocês e vocês não precisam gostar de mim. Nós só temos de nos respeitar e saber qual é a tarefa de cada um”, completou.

Segundo as investigações da PF, que deflagrou a Operação Contragolpe, um grupo criminoso tinha o objetivo de impedir a posse de Lula e teria articulado, inclusive, um plano para assassinar o petista, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

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Na semana passada, ao participar de um evento no Palácio do Planalto, Lula disse que tinha de “agradecer” por estar vivo.  

Minha Casa, Minha Vida

No evento promovido pela CBIC, Lula destacou a importância do programa Minha Casa, Minha Vida, mas reclamou da qualidade de unidades habitacionais entregues em diversas regiões do país e também da burocracia.  

“É um verdadeiro inferno para você fazer as coisas andarem neste país. A gente tem uma pessoa para fazer andar o projeto e umas dez para dizer que não vai dar certo. Nós começamos a fazer o Minha Casa, Minha Vida e fomos tentando aperfeiçoar o programa”, afirmou. 

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“Tem um estado que fez um conjunto habitacional de 3 mil casas e nós não vamos inaugurar se não tivermos campo de futebol, quadra, escola e área de lazer. Não é possível você fazer 3 mil casas sem levar em conta que ter que ter acesso à cultura, ao lazer, que a molecada tem que ter escola, tem que ter creche”, criticou Lula.  

“A casa tem que ter uma varandinha. Se possível, tem que ter até um fogão de lenha. É preciso que a gente tenha criatividade”, defendeu o presidente.

Lula classificou como “inexplicável” o fato de, segundo ele, cerca de 4 milhões de brasileiros não terem acesso a banheiro. 

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“Que depois não venha a Fazenda dizer que isso é gasto. Isso não é gasto, isso é decência e respeito. Banheiro pressupõe uma pequena construção, encanamento, água, chuveiro… Não é só o vaso sanitário. É fazer uma coisa digna de respeito”, disse Lula. 

“A gente tem que acabar com essas casas que não têm telhado. Casas com palha de coqueiro, e aí a doença de Chagas aparece com muita facilidade’, prosseguiu o presidente.

Crédito

O presidente da República assegurou aos empresários que “não faltará crédito para a gente fazer as casas neste país”. 

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“Nós queremos cuidar do povo brasileiro. Mas tem uma parte do povo brasileiro que precisa da mão do Estado e uma outra que não precisa. E essa que não precisa temos também que tomar cuidado, facilitando a vida dos empresários”, concluiu Lula. 

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”