Drex vai facilitar investimentos seguros em aluguéis de imóveis, diz especialista

Real digital poderá possibilitar um mercado secundário de aluguéis

Maria Luiza Dourado

Drex (BCB)
Drex (BCB)

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O Drex, nome do real digital que está sendo desenvolvido pelo Banco Central, possibilitará a criação de uma espécie de mercado secundário de aluguéis de imóveis por meio de algoritmos que orquestrarão o fluxo de dinheiro. Essa é a previsão de Carlos Netto, CEO da Matera, empresa de soluções digitais, que falou no Superlógica Next 2024, um evento voltado ao mercado imobiliário que ocorre nesta terça-feira (19) em São Paulo.

Já se sabe que, com o Drex, será possível colocar ativos digitais na mesma moeda dentro da mesma blockchain. No entanto, poucos falam sobre a aplicação desse modelo no mercado de aluguéis.

Imagine um cenário em que o proprietário de um imóvel tenha a receber R$ 100 mil em aluguéis nos próximos cinco anos, mas precise levantar capital rapidamente.

“O que ele vai fazer? Vai tokenizar esse fluxo de aluguel, transformando-o em um aluguel tokenizado na blockchain e, em seguida, irá vendê-lo. Suponha que o preço de venda tenha sido R$ 75 mil. Uma ou várias pessoas interessadas em receber esses aluguéis durante cinco anos vão lá e compram o token, ou partes dele. O vendedor recebe o dinheiro da venda à vista. Os compradores, por outro lado, receberão valores referentes a esses aluguéis todo mês, proporcionais às partes que adquiriram. Ninguém para de receber, ninguém toma calote. São transferências garantidas, reguladas e seguras”, explica Netto.

Outro caso de aplicação

Outro exemplo comum da aplicação do uso do Drex no dia a dia é a compra de um bem, móvel ou imóvel, e sua transferência para a posse do comprador, tudo em uma única transação.

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“Para comprar um imóvel, é necessário pagá-lo. Depois, esse bem precisa ser transferido para o comprador. Com o Drex, quando os imóveis também estiverem na blockchain — vale reforçar que isso não é possível agora — você poderá fazer a compra do imóvel e a transferência dele simultaneamente, em uma única transação”, explica Netto.

Não compare Pix com Drex

Sobre a confusão e até comparações equivocadas frequentemente feitas entre Pix e Drex, Netto enfatiza: “São coisas totalmente diferentes. Pix é o meio, o canal; Drex é a moeda, é o real”, e complementa: “Drex não é para pagar condomínio, café e muito menos substituirá o Pix.”

Maria Luiza Dourado

Repórter de Finanças do InfoMoney. É formada pela Cásper Líbero e possui especialização em Economia pela Fipe - Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas.