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O Magazine Luiza (MGLU3) anotou, em termos ajustados (ou recorrentes), lucro líquido de R$ 70,2 milhões no terceiro trimestre deste ano, revertendo o prejuízo ajustado de R$ 143,4 milhões registrado no mesmo período do ano anterior (3T23), segundo balanço financeiro divulgado pela varejista ao mercado na noite desta quinta-feira (7).
Sem ajustes, o lucro líquido é de R$ 102,4 milhões no terceiro trimestre, revertendo o prejuízo líquido de 498,3 milhões de igual período do ano anterior.
No acumulado dos primeiros nove meses de 2024, o lucro líquido ajustado do Magazine Luiza foi de R$ 137,4 milhões, em contraste com o prejuízo ajustado de R$ 651,6 milhões registrado nos nove primeiros meses de 2023.
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Em termos de margem líquida ajustada, a empresa registrou 0,8% no 3T24, revertendo o índice negativo de -1,7% do mesmo período de 2023, o que representa uma melhoria de 2,5 pontos percentuais (pp). No acumulado de 2024, a margem líquida ajustada foi de 0,5%, em comparação aos -2,5% dos primeiros nove meses de 2023, marcando um avanço de 3,0 pp.
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No 3T24, o Magazine Luiza registrou um aumento de 8,7% no lucro bruto, totalizando R$ 2,8 bilhões, com a margem bruta subindo para 31,5% (+1,1 p.p.). Esse avanço foi impulsionado pela alta de 1,4 ponto percentual (p.p.) na margem de mercadorias, devido ao repasse do Difal (diferença entre as alíquotas interna e interestadual), e pelo crescimento da receita de serviços, resultando na maior margem bruta dos últimos sete anos. Nos primeiros nove meses deste ano, o lucro bruto subiu 10,9%, alcançando R$ 8,4 bilhões e uma margem bruta de 30,8%.
A diretora de relações com investidores do Magazine Luiza, Vanessa Rossini, diz que os dados positivos apresentados no balanço é graças a algumas estratégias para preservar o crescimento e a rentabilidade da empresa. Com o aumento das despesas operacionais pós-pandemia, a companhia ajustou suas margens e cortou custos, adotando práticas de pagamento mais vantajosas e reavaliando seu quadro de funcionários.
A reintrodução do imposto Difal, segundo Rossini, também pressionou a margem, exigindo foco redobrado na sustentabilidade financeira. Entra nessa conta o fortalecimento do marketplace e a expansão da receita de serviços, com destaque para iniciativas como o Magalu Bank e a parceria com o Aliexpress, que somados, segundo a diretora, têm ajudado a melhorar as margens da companhia.
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De julho a setembro, o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) ajustado do Magazine Luiza aumentou 47,2% em relação ao mesmo período do ano anterior, totalizando R$ 717,6 milhões. Esse desempenho, diz a empresa, foi impulsionado principalmente pela expansão da margem bruta de mercadorias e pela diluição das despesas operacionais, além de uma melhora significativa nos resultados da Luizacred, braço financeiro da empresa. Sem ajustes, o Ebitda passou de um dado negativo de R$ 286 milhões no 3T23 para positivo em R$ 713,5 milhões.
A margem Ebitda ajustada também registrou avanço, subindo de 5,7% no 3T23 para 8,0% no 3T24, o que representa um acréscimo de 2,3 pontos percentuais. No acumulado dos primeiros nove meses deste ano, o Ebitda ajustado alcançou R$ 2,1 bilhões, correspondendo a uma margem de 7,8%.
Conforme o balanço da empresa, a receita bruta total foi de R$ 11,2 bilhões no 3T24, representando um crescimento de 5,6% em comparação ao mesmo período do ano anterior. O desempenho foi impulsionado tanto pelas operações das lojas físicas quanto pela expansão das vendas no e-commerce, de acordo com a companhia.
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A receita de serviços, que contribui com uma parte significativa das operações digitais e financeiras da empresa, alcançou R$ 1,1 bilhão no 3T24. “A empresa tem mostrado melhorias significativas trimestre após trimestre, indicando uma gestão de custos eficiente e controle rigoroso de despesas. O Magalu conseguiu aumentar as vendas em 5% e, ao mesmo tempo, reduzir o estoque em 8%, o que sugere uma operação mais enxuta e um giro de estoque mais rápido”, diz Rossini.
Conforme ela, o Magalu adota uma visão de “jogo infinito”, ou seja, o foco é na sustentabilidade e no crescimento de longo prazo, e cada decisão estratégica é pensada para garantir a relevância da empresa nos próximos anos.
Receita líquida aumenta 4,9%
No acumulado dos primeiros nove meses deste ano, o Magazine Luiza diz que a receita bruta total aumentou 4,1%, somando R$ 33,9 bilhões. A receita líquida, que considera os descontos sobre as vendas e outras deduções, chegou a R$ 9,0 bilhões no 3T24, um aumento de 4,9% em relação ao terceiro trimestre de 2023. No acumulado dos primeiros três trimestres do ano, afirma o documento, a receita líquida cresceu 3,9%, totalizando R$ 27,3 bilhões.
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As despesas com vendas, de acordo com o balanço, totalizaram R$ 1,7 bilhão, representando 19,2% da receita líquida, o que indica uma diminuição de 0,9 pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano anterior. Esse desempenho, segundo a varejista, é atribuído ao fortalecimento das operações das lojas físicas e ao aumento geral das operações, fatores que contribuíram para uma contenção nos gastos.
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Além disso, as despesas gerais e administrativas somaram R$ 342,1 milhões, correspondendo a 3,8% da receita líquida, com uma redução de 0,4 p.p. na comparação anual. No acumulado dos primeiros nove meses de 2024 (9M24), as despesas com vendas totalizaram R$ 5,1 bilhões, equivalendo a 18,7% da receita líquida; enquanto as despesas gerais e administrativas totalizaram R$ 1,0 bilhão, ou 3,7% da receita líquida.
Ao desconsiderar os juros de arrendamento mercantil, as despesas financeiras líquidas somaram R$ 281,8 milhões, representando 3,1% da receita líquida no trimestre. No acumulado dos nove meses, as despesas financeiras líquidas totalizaram R$ 910,1 milhões, equivalentes a 3,3% da receita líquida.
Dados de vendas
As vendas totais do Magalu atingiram R$ 15 bilhões no 3T24, crescendo 4% em relação ao 3T23 e atingindo patamares históricos para o período. Nas lojas físicas, as vendas totalizaram R$ 5 bilhões no trimestre, um aumento de 13% em comparação com o 3T23. No critério mesmas lojas, o crescimento atingiu 15%. Com isso, o Magalu expandiu sua participação de mercado no mundo físico em 0,7 p.p. no trimestre.
O e-commerce atingiu R$11 bilhões em vendas no período. As vendas no e-commerce com estoque próprio totalizaram R$ 6,5 bilhões, e o Difal totalmente repassado contribuiu para a expansão da margem bruta. Já as vendas do marketplace alcançaram R$ 4,5 bilhões no mesmo período e representaram 41% das vendas on-line.
Varejistas asiáticas
A entrada de empresas asiáticas no mercado de e-commerce brasileiro trouxe uma dinâmica competitiva diferente, especialmente em categorias de produtos de baixo ticket (baixo valor unitário). Empresas como Shopee e Shein têm focado nesse segmento, atraindo consumidores com preços acessíveis e produtos de alto volume, mas geralmente com menor valor agregado.
Isso ampliou a competição no mercado de e-commerce, mas sem afetar diretamente a operação da Magalu, que tradicionalmente se concentra em categorias de ticket médio e alto, segundo a diretora de relações com investidores do Magazine Luiza, Vanessa Rossini.
Para enfrentar essa concorrência, Rossini conta que o Magazine Luiza fez uma parceria estratégica com a AliExpress, um dos principais players de crossborder (vendas internacionais), aproveitando o conhecimento da AliExpress em logística China-Brasil e sua eficiência na cadeia de suprimentos chinesa. Essa colaboração posiciona o Magazine Luiza dentro do mercado de produtos de baixo ticket, mas com a vantagem competitiva de operar junto a um parceiro estabelecido, o que pode aumentar o alcance e a atratividade da Magalu em categorias onde antes ela não era forte.
“Não são empresas que competem diretamente com o Magalu. A gente não vende os mesmos produtos. Acho que isso, em termos de ambiente competitivo, mexe muito pouco com a gente, historicamente. Claro, com a parceria da AliExpress tem uma competição, sim, só que a gente está se juntando a um dos maiores crossborders que vendem no Brasil”, afirma.
Lojas fechadas
Um ponto que chama atenção no balanço financeiro do Magazine Luiza no 3T24 foi a redução da presença física. O número de lojas caiu de 1.303 no 3T23 para 1.245 no 3T24, uma diminuição de 58 unidades, e a área total de vendas foi reduzida em 3,3%.
Rossini explica que o fechamento dessas unidades não reflete um direcionamento exclusivo para o digital ou um movimento de substituição do canal físico pelo on-line, mas, sim, uma reestruturação pontual para eliminar sobreposições e fortalecer a rentabilidade da operação. “Ou seja, o encerramento de algumas unidades tem como objetivo garantir que cada loja física realmente contribua para a lucratividade e esteja estrategicamente posicionada para apoiar as operações digitais”, pontua a diretora.
No e-commerce, apesar de representar 70,9% das vendas totais, houve uma ligeira queda na participação desse segmento em comparação ao 3T23, quando correspondia a 73,2%. As vendas no e-commerce 1P (venda direta) cresceram apenas 1,1%, e o marketplace (3P) registrou um aumento de 1,4%, indicando uma desaceleração em relação ao crescimento de 24,8% observado no 3T23.
Apesar dos avanços do Magazine Luiza, a margem líquida ajustada da companhia continua baixa, ficando em 0,8% no 3T24, embora represente uma melhora em relação ao índice negativo de -1,7% do 3T23.